Acre
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Disambig grey.svg Nota: Este artigo é sobre o estado brasileiro. Para outros significados, veja Acre (desambiguação).
Estado do Acre
Bandeira do Acre
Brasão do Acre
(Bandeira) (Brasão)
Hino: Hino do Acre
Gentílico: acreano
Localização do Acre no Brasil
Localização
- Região Norte
- Estados limítrofes Peru, Bolívia, Amazonas e Rondônia
- Mesorregiões 2
- Microrregiões 5
- Municípios 22
Capital Rio Branco
Governo 2007 a 2010
- Governador(a) Binho Marques (PT)
- Vice-governador(a) Carlos César Messias (PP)
- Deputados federais 8
- Deputados estaduais 24
- Senadores Geraldo Mesquita (PMDB)
Marina Silva (PV)
Tião Viana (PT)
Área
- Total 152 581,388 km² (16º) [1]
População 2009
- Estimativa 691 132 hab. (25º)[2]
- Densidade 4,53 hab./km² (23º)
Economia 2007[3]
- PIB R$5.761.000 (26º)
- PIB per capita R$8.789 (18º)
Indicadores 2008[4]
- Esper. de vida 71,7 anos (15º)
- Mort. infantil 29,8‰ nasc. (20º)
- Analfabetismo 13,8% (17º)
- IDH (2005) 0,751 (17º) – médio[5]
Fuso horário UTC-4
Clima Equatorial Úmido Af, Am
Cód. ISO 3166-2 BR-AC
Site governamental www.ac.gov.br
Mapa do Acre
O Acre é uma das 27 unidades federativas do Brasil. Está situado no sudoeste da região Norte e tem como limites os estados do Amazonas a norte, Rondônia a leste, a Bolívia a sudeste e o Peru ao sul e oeste. Ocupa uma área de 152.581,4 km², sendo pouco menor que a Tunísia.
Sua capital é a cidade de Rio Branco. Outras localidades importantes são:Cruzeiro do Sul, Feijó, Sena Madureira, Senador Guiomard e Tarauacá.
Esse estado é o extremo oeste da Região Norte do Brasil. Com uma hora a menos em relação ao fuso horário de Brasília (DF), nela se localiza o último povoamento do Brasil a ver o sol nascer, na serra da Moa, na fronteira com o Peru. A intensa atividade extrativista, que atingiu o auge no século XX, atrai brasileiros de várias regiões para o estado. Da mistura de tradições sulistas, paulistas, nordestinas e indígenas surgiu uma culinária diversificada, que junta a carne-de-sol com o pirarucu, peixe típico da região, pratos regados com tucupi, molho feito de mandioca.
O transporte fluvial, concentrado nos rios Juruá e Moa, a oeste do estado, e Tarauacá e Envira, a noroeste, é o principal meio de circulação, sobretudo entre novembro e junho, quando as chuvas deixam intransitável a BR-364, que liga Rio Branco a Cruzeiro do Sul.
Índice
[esconder]
* 1 Etimologia
* 2 História
o 2.1 Povoamento inicial
o 2.2 Ocupação nordestina
o 2.3 Revolução Acreana
o 2.4 Intervenção diplomática
o 2.5 Movimento Autonomista - De Território a Estado
* 3 Geografia
* 4 Demografia
o 4.1 Evolução demográfica
o 4.2 Principais centros urbanos
o 4.3 Desenvolvimento Humano
o 4.4 Etnias
* 5 Política
* 6 Subdivisões
* 7 Economia
o 7.1 Agricultura
o 7.2 Pecuária, pesca e mineração
o 7.3 Indústria
o 7.4 Comércio
o 7.5 Produto Interno Bruto
* 8 Infraestrutura
o 8.1 Educação
o 8.2 Saúde
o 8.3 Segurança pública
o 8.4 Transportes
o 8.5 Comunicações
* 9 Cultura
o 9.1 Acreanos ilustres
* 10 Referências
* 11 Notas
* 12 Ver também
* 13 Ligações externas
Etimologia
Mapa da Bacia Amazônica com o Rio Acre em destaque.
O nome, que passou do rio ao território, em 1904, e ao estado, em 1962, origina-se, talvez, do tupi a'kir ü "rio verde" ou da forma a'kir, de ker, "dormir, sossegar", mas é quase certo que seja uma deformação de Aquiri, modo pelo qual os exploradores da região grafaram Umákürü, Uakiry, vocábulo do dialeto Ipurinã. Há também a hipótese de Aquiri derivar de Yasi'ri, Ysi'ri, "água corrente, veloz".
Na viagem que fez ao rio Purus, em 1878, o colonizador João Gabriel de Carvalho Melo escreveu de lá ao comerciante paraense visconde de Santo Elias, pedindo-lhe mercadorias destinadas à "boca do rio Aquiri". Como em Belém, o dono e os empregados do estabelecimento comercial não conseguissem entender a letra de João Gabriel ou porque este, apressadamente, tivesse grafado Acri ou Aqri, em vez de Aquiri, as mercadorias e faturas chegaram ao colonizador como destinadas ao rio Acre.
O Acre possui alguns apelidos: Extremo do Brasil, Estado das Seringueiras, Estado do Látex e Extremo Oeste.
Os habitantes naturais do Acre são denominados acrianos. No singular o gentílico é acriano. Até a entrada em vigor do Acordo Ortográfico de 1990, a grafia correta era acreano no singular e no plural acreanos. Em 2009, com o novo acordo ortográfico, a mudança do gentílico gerou polêmica entre a Academia Acreana de Letras e a Academia Brasileira de Letras, alegando que a mudança significaria a negação das raízes históricas e culturais do estado, mudando a última letra do topônimo de "E" para "I".[6] Embora ainda gere discussões sobre o assunto, é notório que a imensa maioria da população do estado não gostou e não adotou o "novo" gentílico, continuando a se autodenominarem acreanos.
História
Ver artigo principal: História do Acre
Até o início do século XX o Acre pertencia à Bolívia. Porém, desde o princípio do século XIX, grande parte de sua população era de brasileiros que exploravam seringais e que, na prática, acabaram criando um território independente.
Em 1899, os bolivianos tentaram assegurar o controle da área, mas os brasileiros se revoltaram e houve confrontos fronteiriços, gerando o episódio que ficou conhecido como a Revolução Acreana.
Em 17 de novembro de 1903, com a assinatura e a venda Tratado de Petrópolis, o Brasil recebeu a posse definitiva da região. O Acre foi então integrado ao Brasil como território, dividido em três departamentos. O território passou para o domínio brasileiro em troca do pagamento de dois milhões de libras esterlinas, de terras de Mato Grosso e do acordo de construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré.
Palácio Rio Branco, sede do governo, e obelisco em homenagem aos heróis da Revolução Acreana.
Tendo sido unificado em 1920, em 15 de junho de 1962 foi elevado à categoria de estado, sendo o primeiro a ser governado por uma brasileira, a professora Iolanda Fleming.
Durante a segunda guerra mundial, os seringais da Malásia foram tomados pelos japoneses, e o Acre dessa forma representou um grande marco na história Ocidental e Mundial, mudando o curso da guerra a favor dos Aliados e graças aos Soldados da Borracha oriundos principalmente do sertão do Ceará (Ver: Segundo ciclo da borracha).
E foi sem dúvida graças ao Acre e sua contribuição decisiva na vitória dos Aliados, que o Brasil conseguiu recursos norte-americanos para construir a Companhia Siderúrgica Nacional, e assim alavancar a industrialização até então estagnada do Centro-sul, que não possuía ainda indústrias pesadas de base (Ver: Acordos de Washington).
Em 4 de abril de 2008, o Acre venceu uma questão judicial com o Estado do Amazonas em relação ao litígio em torno da Linha Cunha Gomes, que culminou no anexo de parte dos municípios de Envira, Guajará, Boca do Acre, Pauini, Eirunepé e Ipixuna. A redefinição territorial consolidou a inclusão de 1,2 milhão de hectares do complexo florestal Liberdade, Gregório e Mogno ao território do Acre, o que corresponde a 11.583,87 km².
Povoamento inicial
Durante o século XVII, as penetrações portuguesas já haviam atingido seus pontos máximos no Brasil. A dilatação do horizonte geográfico na direção oeste foi uma consequência inevitável, atingindo terras de posse espanhol, fato que se tornou assunto dos tratados de Madri (1750) e de Santo Ildefonso (1777).[7] Ambos os tratados partindo das explorações feitas por Manuel Félix de Leme nas bacias hidrográficas do Guaporé e do Madeira, estabeleceram como linha divisória das respectivas, na área em questão, os leitos do Mamoré e do Guaporé até seu limite máximo ocidental, na margem esquerda do Javari.
O povoamento da zona, estimulado pela criação da nova capitania real de Mato Grosso (1751), deu-se na direção da fronteira, surgindo alguns centros importantes: Vila Bela (1752),[8] nas margens do Guaporé, Vila Maria (1778),[9] no rio Paraguai, e Casalvasco (1783).[10] Até meados do século XIX não se pensou em povoamento sistemático da área. Nessa época, o grande manancial virgem de borracha que aí se encontra atraíria o interesse comercial, provocando sua colonização.
A política econômica do império, orientada para a atividade agrário-exportadora com base no café, não comportava o aproveitamento e a incorporação dos territórios do extremo ocidental. Desse descaso resultou que no Atlas do Império do Brasil (1868), de Cândido Mendes de Almeida, modelar em seu tempo, não figurassem o rio Acre e seus principais tributários, completamente desconhecidos dos geógrafos.
Malgrado tal política, alguns poucos sertanistas brasileiros exploravam aquela região agreste e despovoada,[11] desconhecendo se pertenciam ao Brasil, ao Peru ou à Bolívia. Assim, ainda em meados do século XIX, no impulso que a procura da borracha ocasionou, solicitada que era no mercado internacional, várias expedições esquadrinharam a área, buscando facilitar a instalação dos colonos. Nessa época, João Rodrigues Cametá iniciou a conquista do rio Purus;[12] Manuel Urbano da Encarnação, índio mura grande conhecedor da região, alcançou o rio Acre, subindo-o até as imediações do Xapuri;[12] e João da Cunha Correia alcançou a bacia hidrográfica do alto Tarauacá.[13] Todo esse desbravamento se deu, na maior parte, em terras bolivianas.
As atividades exploradoras, a importância industrial das reservas de borracha e a penetração de colonos brasileiros na região suscitaram o interesse da Bolívia, que solicitou melhor fixação de limites. Após várias negociações fracassadas, em 1867 assinou-se o Tratado de Ayacucho, que reconhecia o uti possidetis colonial.[14] A divisória foi estabelecida pelo paralelo da confluência dos rios Beni-Mamoré, em direção ao leste, até o lugar onde nasce o rio Javari, embora ainda não fossem conhecidas as nascentes desse rio.
Ocupação nordestina
À proporção que o preço da borracha subia no mercado,[15] a demanda crescia e a corrida para a Amazônia aumentava.[nota 1] Os seringais multiplicavam-se, assim, pelos vales do Acre, do Purus e, mais a oeste, do Tarauacá: em um ano (1873-1874), na bacia hidrográfica do Purus, a população subiu de cerca de mil para quatro mil habitantes. Por outro lado, o governo imperial, já sensível às ofertas decorrentes da procura da borracha, considerou brasileiro todo o vale do Purus.
Também na segunda metade do século XIX registraram-se perturbações no equilíbrio demográfico e geo-econômico do império, com o surto cafeeiro no Sul canalizando os recursos financeiros e de mão-de-obra, em detrimento do Nordeste.[16] O empobrecimento crescente dessa região impulsionou ondas migratórias em direção aos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.[16] O movimento de populações tornou-se particularmente ativo durante a seca prolongada no interior nordestino, de 1877 a 1880, expulsando centenas de cearenses, que rumaram para os seringais em busca de trabalho.[17]
O avanço da migração nordestina processou-se até as margens do Juruá[18] e acelerou a ocupação das terras que mais tarde a Bolívia reclamaria. Os grandes leitos fluviais e a rede de seus tributários eram então intensamente trafegados por flotilhas de embarcações do mais variado porte, transportando colonos, mercadorias e material de abastecimento para os núcleos mais afastados. Os governos do Amazonas e do Pará logo instituíram as chamadas casas aviadoras, que financiavam vários tipos de operações, garantiam créditos e promoviam o incentivo comercial nos seringais.[19]
A corrida da borracha assumiu proporções similares à da busca de veios auríferos mo século XVIII.[20] Os resultados se equivalem. No presente caso chamou a atenção do governo para o aproveitamento econômico de uma área pouco desconhecida por completo, além de permitir — como na colônia — a incorporação patrimonial de novas regiões, à base de movimentos de penetração de iniciativa particular.
Revolução Acreana
Ver artigo principal: Revolução Acreana
Gálvez, Imperador do Acre
Em 1890, um oficial boliviano, José Manuel Pando, alertou seu governo para o fato de que na bacia hidrográfica do Juruá havia mais de trezentos seringais, com a ocupação dos brasileiros implantando-se cada vez mais rapidamente em solo da Bolívia.[21] A penetração brasileira avançara em profundidade para o oeste do meridiano de 64º até além do de 72º, numa extensão de mil quilômetros, muito embora, já estivessem fixadas as fronteiras acima da confluência do Beni-Mamoré, segundo o tratado de 1867.[22]
Nomeou-se, em 1895, nova comissão para ajuste da divisória.[20] O representante brasileiro, Gregório Taumaturgo de Azevedo, demitiu-se após verificar que a reatificação do tratado de 1867 iria prejudicar os seringueiros ali instalados.[23][24] Em 1899, os bolivianos estabeleceram um posto administrativo em Puerto Alonso, cobrando impostos e taxas aduaneiras sobre as atividades dos brasileiros.[25] No ano seguinte, o Brasil aceitou a soberania da Bolívia na zona, quando reconheceu oficialmente os antigos limites na confluência Beni-Mamoré.
Os seringueiros, alheios às tramitações diplomáticas, julgaram lesados seus interesse e iniciaram movimentos de rebeldia. No mesmo ano em que a Bolívia implantou a administração em Puerto Alonso (1899),[25] registraram-se duas sérias contestações.
Plácido de Castro, líder da Revolução Acreana
Em abril, um advogado cearense, José Carvalho, liderou uma ação armada, que culminou na explusão das autoridades bolivianas.[20] Logo depois a Bolívia iniciou negociações com um truste anglo-americano, o Bolivian Syndicate, a fim de promover, com poderes excepionais (cobrança de impostos, força armada), a incorporação política e econômica do Acre a seu território.[20] O governador Ramalho Júnior, do Amazonas, informado do ajuste por um funcionário do consulado boliviano em Belém, Luis Gálvez Rodríguez de Arias, enviou-o à frente de contigentes militares para ocupar Puerto Alonso.[20] Proclamou Gálvez a independência do Acre, sob forma republicana, tornando-se seu presidente com a aquiescência dos seringalistas. Sob protestos da Bolívia, o presidente Campos Sales extingiu a efêmera república (março de 1900).[20]
Os bolivianos, reinstalados na região, sofreram, ainda em 1900, a investida da chamada expedição Floriano Peixoto ou "expedição dos poetas",[26] assim chamada, por se constituir, na maior parte, de intelectuais da boêmia de Manaus.[26] O conflito não teve maiores conseqüências, uma vez que, em seguida a rápido combate nas imediações de Puerto Alonso, a expedição foi completamente desbaratada.[26]
Por fim, o governo da Bolívia firmou contrato com o Bolivian Syndicate (julho de 1901).[20] O congresso brasileiro, impressionado com a arbitrariedade do ato, tomou represálias, cancelou convênios de comércio e navegação entre os países e suspendeu o direito de trânsito para a Bolívia.
Ao mesmo tempo, os brasileiros organizaram uma investida armada de grande vulto na região conflitada.[20] As operações foram chefiadas por um ex-aluno da Escola Militar do Rio Grande do Sul, José Plácido de Castro.[20] Os seringueiros ocuparam a vila de Xapuri do Alto Acre (agosto de 1902), prendendo as autoridades bolivianas.[20] Finalmente, as forças de Plácido de Castro assediaram Puerto Alonso, proclamando o Estado Independente do Acre, após a capitulação das tropas bolivianas (fevereiro de 1903)[20]
Intervenção diplomática
Ministro Barão do Rio Branco
Aclamado Plácido de Castro governador do novo Estado Independente do Acre,[27] restava discutir, no âmbito diplomático, a questão das fronteiras.[28] O barão do Rio Branco, que acabara de assumir a pasta das Relações Exteriores,[29] iniciou de imediato os trâmites que deviam por termo à questão.
O problema mais simples, com o Bolivian Syndicate, resolveu-se mediante indenização de 110 mil libras para que dessistisse do contrato (fevereiro de 1903).[30] A seguir foram restabelecidas relações comerciais com a Bolívia,[20] enquanto se declarava litigiosa uma parte do território, no alto Purus e no alto Juruá, ocupada militarmente (março de 1903). Das conversações subsequentes, resultou que a Bolívia cederia ao Brasil uma área de 142.800 km², em troca de 2 milhões de libras esterlinas, pagos em duas parcelas.[20] O Brasil comprometia-se a construir uma estrada de ferro, a Madeira-Mamoré, ligando Porto Velho a Guajará-Mirim, na confluência Beni-Madeira.[20] Tais foram as principais cláusulas do Tratado de Petrópolis (17 de novembro de 1903), pelo qual o Brasil adquiriu o futuro Território, hoje Estado do Acre.[20]
Restava a questão com o Peru, que também reclamou a soberania sobre todo o Território do Acre e parte do Estado do Amazonas, á luz de títulos coloniais.[31] Após confiltos armados entre brasileiros e peruanos no alto Purus e no alto Juruá, estabeleceu-se uma administração conjunta naquelas regiões (1904).[17] Os estudos para a fixação dos limites prosseguiram até fins de 1909, quando foi assinado tratado que completou a integração política do Acre em território brasileiro.
Movimento Autonomista - De Território a Estado
A evolução do Acre aparece como fenômeno típico de penetração moderna na história do Brasil, acompanhada de importantes contribuições na projeção econômica do país. Exercendo papel de destaque na exportação nacional até 1913,[32] quando se iniciou da borracha nos mercados europeu e norte-americano, o Acre conheceu um período de grande prosperidade: na passagem do século, em menos de um decênio contava com mais de 50.000 habitantes.
Logo após a anexação do Acre ao Brasil, os acreanos esperavam pela sua elevação a Estado o mais rápido possível, uma vez que, nessa época (Auge do Ciclo da Borracha), o Acre representava 1/3 do PIB brasileiro. Porém isso não aconteceu. Atendendo às disposições jurídicas do Tratado de Petrópolis, o presidente Rodrigues Alves sancionou a lei que criava o Território do Acre (1904),[33] dividindo o Território em três departamentos: o do Alto Acre, o do Alto Purus e o do Alto Juruá, este último desmembrado para formar o do Alto Tarauacá em (1912). A administração departamental exercia-se, até 1921, por prefeitos designados pela presidência da república.[34]
Essa subjulgação causou intensas revoltas da população. Foi o caso da revolta de Cruzeiro do Sul, em 1910, que depôs o Prefeito Departamental do Alto Juruá e proclamou criado o Estado do Acre (a chamada Revolta do Alto Juruá). Cem dias depois, entretanto, as tropas federais atacaram os revoltosos e restabeleceram a "ordem" e a tutela. Em 1913, um movimento semelhante ocorreria no Purus, em Sena Madureira, por motivos muito semelhantes. Em 1918 seria a vez da luta autonomista chegar ao vale do Acre, em Rio Branco, que protestou intensamente contra a manutenção daquela absurda situação de subjugação ao governo federal. Porém ambas foram igualmente sufocadas à força pelo governo brasileiro.
Memorial dos Autonomistas, localizado na capital Rio Branco.
A partir do fracasso das revoltas, a luta pela autonomia não recorreu mais às armas. Depois disso, a reforma política de 1920 - que unificou as quatro prefeituras departamentais em um único governo territorial - serviu para acalmar o vale do Acre, que foi beneficiado pela reforma, já que para capital do Território foi escolhida Rio Branco.
Com a queda do Ciclo da Borracha (1920), o movimento autonomista foi perdendo força, ressurgindo apenas uma década mais tarde, quando a Revolução de 30 alterou completamente os rumos da república brasileira. Nesse momento, os acreanos acreditaram que poderiam, enfim, conquistar a tão sonhada autonomia. Mas foi em vão.
Com a constituição de 1934, o Acre só obteve o direito de eleger dois deputados federais para representá-lo na Câmara Federal, sem alterar o regime de indicação dos governadores do território. Seguiu-se mais um longo período em que as discussões autonomistas não passavam de conversas em intermináveis reuniões e de fundações de agremiações políticas e jornais que tinham como bandeira maior o autonomismo. Multiplicaram-se os simulacros de partidos políticos: Legião Autonomista, Partido Construtor, Partido Autonomista, Partido Republicano do Acre Federal, Comitê Pró-autonomia, etc. Assim como se multiplicavam os títulos de jornais com apelo autonomista, como por exemplo: O Estado, O Autonomista, O Estado do Acre, etc.
Impulso mesmo o movimento autonomista só voltaria a ter em meados da década de 50, quando o PSD, do ex-governador Guiomard Santos, resolveu assumir essa bandeira e elaborar um projeto de lei que transformava o Acre em Estado. Esse projeto causou grande movimentação política em todo o Acre e chegou ao Congresso Nacional em 1957, provocando uma intensa disputa política entre o PTB de Oscar Passos e o PSD de Guiomard Santos, tendo o primeiro se posicionado contra a lei de transformação do Acre em Estado.
Depois de muitas disputas no Congresso Nacional, finalmente em 1962, durante a fase parlamentarista do governo João Goulart, foi assinada a lei 4.070 de autoria do então deputado Guiomard Santos. Por uma ironia política, o Presidente João Goulart era do PTB, o partido que, a nível nacional, se colocava contra o tal projeto. Ainda assim o mesmo foi aprovado e passou a vigorar a partir do dia 15 de junho de 1962.
O PTB, todavia, não foi de todo derrotado, já que nas primeiras eleições livres e diretas realizadas na história do Acre, o PTB foi o grande vencedor, fazendo o primeiro governador constitucional do Acre, o Prof. José Augusto, e todas as prefeituras municipais acreanas.[35]
Na década de 1960 iniciou-se o segundo ciclo de esforços para acelerar o progresso da área amazônica, com a criação da Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia (SUDAM, 1966).[36] Procurou-se melhor entrosar os subsetores regionais dentro do próprio Estado, concorrendo para isso os ramais da Transamazônica, que ligaram Rio Branco e Brasileia, no alto curso do Acre, e Cruzeiro do Sul, às margens do Juruá, cortando os vales do Purus e do Tarauacá. Incrementou-se, pois, a política de planejamento destinada a corrigir as distorções demográficas, econômicas e políticas da integração nacional.
Geografia
Ver artigo principal: Geografia do Acre
O estado do Acre ocupa uma área de 152.581 km², localizado no extremo oeste do Brasil, localiza-se a 70º00'00" de longitude oeste do Meridiano de Greenwich e a 09º00'00" de latitude sul da Linha do Equador e com fuso horário -4 horas em relação a hora mundial GMT. Dista 10º00'00" ao sul da Linha do Equador. No Brasil, o estado faz parte da região Norte, fazendo divisa com os estados do Amazonas e Rondônia e fronteira com dois países: Peru e Bolívia.
Praticamente todo o relevo do estado do Acre se integra no baixo platô arenítico, ou terra firme, unidade morfológica que domina a maior parte da Amazônia brasileira. Esses terrenos se inclinam, no Acre, de sudoeste para nordeste, com topografia, em geral, tabular. No extremo oeste se encontra a Serra da Contamana ou do Divisor, ao longo da fronteira ocidental, com as maiores altitudes do estado (609 m). Cerca de 63% da superfície estadual fica entre 200 e 300m de altitude; 16% entre 300 e 609; e 21% entre 200 e 135.
O clima é quente e muito úmido, do tipo Am de Köppen, e as temperaturas médias mensais variam entre 24 °C e 27 °C, sendo a menor média da Região Norte. As chuvas atingem o total anual de 2.100mm, com uma nítida estação seca nos meses de junho, julho e agosto. A Floresta Amazônica recobre todo o território estadual. Muito rica em seringueiras da espécie mais valiosa (Hevea brasiliensis) e Castanheiras (Bertholletia excelsa), a floresta garante ao Acre o lugar de maior produtor nacional de borracha e castanha. Os principais rios do Acre, navegáveis principalmente nas cheias (Juruá, Tarauacá, Envira, Purus, Iaco e Acre), atravessam o estado com cursos quase paralelos e que só vão confluir fora de seu território.
Demografia
Ver artigo principal: Demografia do Acre
O Acre tem, segundo o censo de 2000, 557.526 hab. No censo de 1991, foram contados 417.165 hab. O índice de crescimento foi de 3,3% ao ano, acima, portanto, da média nacional que, no mesmo período (1991-2006), foi de 1,33%. Estimativa para 2008, 680.073 hab.
Em 2000, 66,41% da população moravam nas cidades, e desses, 89,42% viviam na capital. No interior, a população vive dispersa ao longo dos rios, ocupada na extração de borracha, castanha e madeiras.
As densidades demográficas, em 2006, mostravam-se bastante homogêneas. Na região mais povoada, a do baixo Acre, havia 17,2 hab./km² e, na menos povoada, a do alto Purus, 1,1 hab./km².
Na formação da população acreana entraram, além dos índios, os nordestinos - principalmente cearenses - que aí chegaram maciçamente durante o período áureo da borracha (1880-1913) e os sulistas, que chegaram maciçamente durante a década de 70 em diante.
Houve também imigrações de árabes (principalmente sírios-libaneses) e italianos (sendo ambas as maiores na Região Norte), além de japoneses, alemães e eslavos (esses em pequena escala).
Evolução demográfica
Evolução demográfica do estado do Acre.
Principais centros urbanos
Cidades mais populosas do Acre
(estimativa de 2009 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)[2]
Posição Cidade Pop. Posição Cidade Pop.
ver • editar
Vista parcial Rio Branco AC1.jpg
Rio Branco
Vista parcial Cruzeiro do Sul AC.jpg
Cruzeiro do Sul
1 Rio Branco 305 954 11 Porto Acre 14 682
2 Cruzeiro do Sul 77 004 12 Marechal Thaumaturgo 14 275
3 Sena Madureira 36 166 13 Epitaciolândia 14 224
4 Tarauacá 33 883 14 Rodrigues Alves 13 460
5 Feijó 32 261 15 Acrelândia 12 241
6 Brasiléia 20 238 16 Capixaba 9 287
7 Senador Guiomard 19 697 17 Porto Walter 8 855
8 Plácido de Castro 18 235 18 Manoel Urbano 7 505
9 Xapuri 15 079 19 Bujari 6 772
10 Mâncio Lima 14 774 20 Jordão 6 520
* Rio Branco, capital e centro administrativo, econômico e cultural, e também o mais populoso município, com 305.954 habitantes, quase metade da população estadual.
* Cruzeiro do Sul é a segunda maior cidade acriana e um porto do rio Juruá, sendo também a mais desenvolvida da mesorregião que recebe o mesmo nome.
Outros municípios mais populosos são (IBGE 2009): Sena Madureira, com 36.166 habitantes; Tarauacá, com 33.833 habitantes; Feijó com 32.261 habitantes e Brasileia, com 20.238 habitantes.
Desenvolvimento Humano
O IDH do Acre é de 0.751, posicionando-se na décima sétima posição no ranking brasileiro, sendo que que 16 estados estão em situação melhor, e 9 estados estão em situação pior ou igual: As cidades com melhor desempenho são: Rio Branco, Senador Guiomard, Epitaciolândia, Plácido de Castro e Acrelândia.
Posição no ranking brasileiro↓ Município↓ IDH↓
1767 Rio Branco 0,754
2980 Senador Guiomard 0,701
3244 Epitaciolândia 0,684
3266 Plácido de Castro 0,683
3291 Acrelândia 0,68
Etnias
Cor/Raça (IBGE 2006)[37] Porcentagem
Pardos 66,5%
Brancos 26,0%
Negros 6,8%
Amarelos ou indígenas 0,7%
Fonte: PNAD (dados obtidos por meio de pesquisa de autodeclaração).
Existem no Acre, 34 terras indígenas ocupadas por mais de 12.000 índios, que representam 2% da população total do Estado. Esse contingente populacional pertence a 14 diferentes etnias, de línguas Pano, Aruak e Arawá: (Yaminawa, Manchineri, Kaxinawá, Ashaninka, Shanenawa, Katukina, Arara,Nukini, Poyanawa, Nawa, Jaminawa-Arara e Isolados). As etnias isoladas, sem contato com a sociedade, têm o seu território tradicional ao longo da fronteira internacional Brasil-Peru.[38]
Política
Política do Acre
Ficha técnica
Governador Binho Marques (PT).
Vice-Governador Carlos César Messias (PP)
Senadores Geraldo Mesquita (PMDB)
Marina Silva (PT)
Tião Viana (PT)
Deputados federais 8
Deputados estaduais 24
Eleitores 412.840 (0,3% do eleitorado brasileiro - 2006).
Sede do governo
Nome Palácio Rio Branco
Página governamental
Endereço http://www.ac.gov.br
O estado do Acre é governado por três poderes, o executivo, representado pelo governador, o legislativo, representado pela Assembleia Legislativa do Acre, e o judiciário, representado pelo Tribunal de Justiça do Estado do Acre e outros tribunais e juízes. Também é permitida a participação popular nas decisões do governo através de referendos e plebiscitos.
A atual constituição do estado do Acre foi promulgada em 1989,[39] acrescida das alterações resultantes de posteriores Emendas Constitucionais.
O Palácio Rio Branco, primeira sede do governo do Acre. Só em 1962 o antigo território do Acre se tornou estado.
O Poder Executivo acreano está centralizado no governador do estado, que é eleito em sufrágio universal e voto direto e secreto, pela população para mandatos de até quatro anos de duração, e podem ser reeleitos para mais um mandato. Sua sede é o Palácio Rio Branco, que desde 1930 é a sede do governo acreano.
O Poder Legislativo do Acre é unicameral, constituído pela Assembleia Legislativa do Acre, localizado no centro de Rio Branco. Ela é constituída por 24 deputados, que são eleitos a cada 4 anos. No Congresso Nacional, a representação acreana é de 3 senadores e 8 deputados federais.
A maior corte do Poder Judiciário acreano é o Tribunal de Justiça do Estado do Acre, localizado no centro de Rio Branco. Compõem o poder judiciário os desembargadores e os juízes de direito.
O Acre está dividido em 22 municípios. O mais populoso deles é a capital, Rio Branco, com 300 mil habitantes, sendo o município mais rico do estado.
Subdivisões
Ver páginas anexas: Mesorregiões do Acre, Microrregiões do Acre e Municípios do Acre.
O estado do Acre é dividido em duas (2) mesorregiões, cinco (5) microrregiões e vinte e dois (22) municípios, segundo o IBGE.
O estado do Acre dividido em suas mesorregiões, microrregiões e municípios.
Economia
Passarela Joaquim Macedo, símbolo da capital acreana, Rio Branco, centro político e financeiro do estado.
O modelo de desenvolvimento econômico baseia-se, primordialmente, no extrativismo, com destaque para extração de madeira por meio de manejo florestal, o que, teoricamente, garante o uso econômico sustentável da floresta.
O Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID - financia um projeto de US$ 106 milhões no Estado, visando dotá-lo de infraestrutura física e institucional que viabilize o sucesso do projeto de desenvolvimento sustentável.
Controvérsias sobre o modelo de desenvolvimento escolhido passa por questões como a ausência de consenso quanto à recuperação das áreas exploradas pelos planos de manejo e pela exclusão, na prática, de efetivos benefícios às populações locais (apesar de previsão no projeto).
A economia acreana repousa na exploração de recursos naturais. Os mais importantes são a borracha e a castanha, produtos nos quais se basearam o povoamento da região. A extração da borracha se faz ao longo dos rios, pois a seringueira é árvore de mata de igapó. Os tipos produzidos são caucho, cernambi caucho, cernambi rama e cernambi seringa. A maior parte da produção estadual cabe à bacia do rio Purus. Nessa região destaca-se o vale do rio Acre, que, além de possuir o maior número de seringueiras, é também região rica em castanheiras, fazendo do estado o maior produtor e exportador nacional de castanha. A floresta acreana é também objeto de exploração madeireira, e a caça nela praticada parece contribuir de forma substancial para a alimentação local.
A agricultura reduz-se a pequenas culturas de mandioca, feijão, cana-de-açúcar e arroz. A indústria de transformação compreende pouco mais que algumas serrarias e pequenas fábricas de rapadura e de farinha de mandioca.
Como os rios mantêm no estado cursos aproximadamente paralelos, as comunicações entre os diversos vales se fazem pelas confluências, o que envolve longos percursos. Com a conclusão das estradas que integram a ligação Rio Branco-Porto Velho-Cuiabá-Limeira, o Acre passou a contar com transporte rodoviário para o Sudeste do Brasil.
Agricultura
Extração de látex da seringueira.
Um dos principais produtores de borracha (Hevea brasiliensis) no país, o Acre apresentou em 2008 a produção de 845 t,[40] representando pouco mais de um quarto do total nacional. Na região de Abunã, um seringueiro chega a produzir 1,5 t de borracha por safra. Os tipos produzidos são "caucho", "cernambi caucho", "cernambi rama" e "cernambi seringa". A coagulação ainda é feita pelo processo da defumação. A produtividade média é de dois quilos de látex por hévea.
Imagens de Rio Branco, capital do Estado.
A coleta de Castanha-do-Brasil é também atividade importante, realizada, em geral, pelo seringueiro, como ocupação subsidiária, na época das chuvas. Sua safra não é regular. A produção acreana em 2009 foi de 20 t, representando 20% de toda a produção nacional, sendo a maior do Brasil[41]. A madeira tem também importância econômica na região, sendo a produção de lenha em 2008 de 679.077 m3.[40] O método de extração é rudimentar, sendo usadas serras manuais e, assim mesmo, só nos centros mais adiantados. A lavoura é, em geral, de subsistência, não tendo condições para se manter diante dos altos rendimentos da atividade extrativa. Os principais produtos agrícolas do Acre, em 2008, apresentaram os seguintes resultados: arroz (28.569 t),[42] cana-de-açúcar (52.609 t),[42] feijão (5.779 t),[42] mandioca (730.434 t)[42] e milho (61.088 t).[42]
Pecuária, pesca e mineração
A pecuária começou a ser desenvolvida só a partir da década de 1970. O solo utilizado nos plantios desgasta-se pelas derrubadas e queimadas e passa a construir área de magra pastagem. Não há campos naturais e os que são abertos na mata, se ainda não esgotados pela lavoura, são facilmente invadidos pela capoeira. Em 2008, contava o Acre com 155.861 suínos,[43] 2.425.687 bovinos,[43] 77.623 ovinos,[43] 7.201 muares,[43] 60.668 eqüinos[43] e 15.433 caprinos.[43]
A pesca é praticada em pequena escala, sendo na maioria dos casos de subsistência. Em 2005, foram produzidas 3.510 t de pescado,[44] a antepenúltima produção do país. A mineração é escassa e caracterizada pela garimpagem mais primitiva — feita através de bateias —, sendo desconhecidos dados estatísticos de sua produção.
Indústria
A indústria do estado, em 2009, ocupava 13 mil pessoas[45] em 1416 estabelecimentos e unidades,[46] que produziram bens no valor de R$ 773 milhões. A indústria ainda é de pouca escala no estado, sendo em grande parte de produtos alimentícios, como queijos, manteiga, refrigerantes e outros; e à transformação rudimentar de alguns produtos agrícolas, como a farinha de mandioca e o açúcar bangüê. O estado também possui indústrias na produção de barcos, carrocerias de caminhões, laminados e pisos de madeira,móveis, vidros temperados, preservativos (sendo a única do mundo a usar borracha natural proveniente de látex nativo), dentre outros produtos. Nas colônias mais importantes do Alto Juruá e do Alto Purus, ou mesmo em locais que possam atender em várias colônias, estão instalados "conjuntos mecânicos", pertencentes quase todos ao governo. Nos conjuntos mecânicos encontram-se máquinas para debulhar o milho, descorticar o arroz, ralar, prensar e cozer a mandioca, além de moendas e tochas para o fábrico de açúcar de cana. A potência instalada das usinas geradoras em 2004 é de 331 GWh, com um consumo mínimo de 405 GWh.[47] Atualmente o estado possui 2 Distritos Indústriais: 1 na capital Rio Branco e outro no município de Acrelândia.
No estado está sendo criada a chamada ZPE (Zona de Processamento para Exportação), um Distrito Industrial incentivado, onde as empresas localizadas operam com redução/suspensão de impostos e contribuições federais e liberdade cambial (podem manter no exterior 100% das divisas obtidas nas exportações), com a condição de destinarem pelo menos 80% de sua produção de bens e serviços ao mercado externo, pretendendo levar os produtos fabricados no Acre para os mercados da Bolívia, Peru e os países asiáticos, quando concluída a Estrada do Pacífico. A ZPE do Acre será localizada na BR-317, entre a capital Rio Branco e o município de Senador Guiomard[48].
Comércio
A quase totalidade do comércio do estado é feita por via fluvial e em pequena escala por via aérea. O Acre exporta quase tudo o que produz e importa praticamente tudo que consome. A pauta de exportação resume-se na madeira compensada e perfilada (49%),[49] madeira serrada ou em folha (27%),[49] frutas (21%)[49] e outros (3%),[49] convergindo na totalidade para os estados do Amazonas e Pará, de preferência para Belém, origem também da maioria de suas compras. O comércio com o limita-se a compra de gado em pé e gêneros alimentícios da Bolívia, frequentemente de caráter ilegal. Em março de 2010 o valor da exportação por cabotagem foi de US$ 15.727.499[50] e a importação de US$ 15.059.156.[50]
Composição econômica [51] Serviços
68,2%
Agropecuária
17,2%
Indústria
14,7%
Produto Interno Bruto
Evolução do PIB do Estado do Acre[52]
Infraestrutura
Educação
Resultados no ENEM Ano↓ Português↓ Redação↓
2006[53]
Média 31,05 (25º)
36,90 47,97 (24º)
52,08
2007[54]
Média 43,60 (25º)
51,52 54,78 (17º)
55,99
2008[55]
Média 35,15 (25º)
41,69 57,62 (17º)
59,35
Portão de entrada da Universidade Federal do Acre.
O ensino fundamental contava em 2008 com 1.593 escolas, com o corpo docente de 7.476 professores e 164.043 alunos matriculados. Contava o ensino médio com 111 escolas, 1.594 professores e 33.113 matrículas. O ensino infantil calculava 275 pré-escolas, 1.052 professores e 22.104 alunos. O ensino superior era ministrado em 2007, em 9 estabelecimentos, com 17.840 alunos matriculados.
Em 2008, a taxa de analfabetismo no estado é de 13%, uma das mais equilibradas do Brasil. Da população, 36,2% dos acreanos são analfabetos funcionais.
As principais universidades do Acre são: Instituto Federal do Acre, Universidade Federal do Acre (públicas), União Educacional do Norte e Instituição de Ensino Superior do Acre (particulares).
Saúde
Em 2005, havia no estado 337 estabelecimentos hospitalares, sendo 282 públicos e 55 particulares, com um total de 1.561 leitos. Dos 337 hospitais, 227 eram de finalidade geral e 221 eram especializados. Dos 7 municípios existentes em 1970, apenas Rio Branco possuía abastecimento de água encanada, embora não possuía serviço de esgoto, o que impede o controle de disenteria amebiana endêmica. Em 2005, o estado possuía 48% de acesso à água 44,3% de acesso à rede de esgoto. Em 2006, a mortalidade infantil era de 20,7 por 1.000 nascidos vivos, sendo a malária a principal causa de morte. Povoações distantes entre si por dia de caminhada na floresta, e que por vezes, no período das chuvas, ficam completamente isoladas, dificultam a irradiação da saúde pública.
Segurança pública
Brasão da Polícia Militar do Estado do Acre.
Brasão do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Acre.
Segundo o Exército Brasileiro, o Acre integra o Comando Militar da Amazônia, que tem sede em Manaus, destacando os pelotões de fronteira. Não existem, no estado, unidades da Marinha nem da Aeronáutica.
A Polícia Militar do Estado do Acre (PMAC) tem por função primordial o policiamento ostensivo e a preservação da ordem pública no Estado do Acre.
Para fins de organização é uma Força Auxiliar e Reserva do Exército Brasileiro, assim como suas co-irmãs e integra o Sistema de Segurança Pública e Defesa Social brasileiro e está subordinada ao Governo do Estado do Acre.
Seus integrantes são denominados militares estaduais (artigo 42 da CRFB), assim como os membros do Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Acre.
O Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Acre (CBMAC) é uma Corporação cuja principal missão consiste na execução de atividades de Defesa Civil, Prevenção e Combate a Incêndios, Buscas, Salvamentos e Socorros Públicos no âmbito do Estado do Acre. Ele é Força Auxiliar e Reserva do Exército Brasileiro, e integra o Sistema de Segurança Pública e Defesa Social do Brasil. Seus integrantes são denominados Militares dos Estados pela Constituição Federal de 1988, assim como os membros da Polícia Militar do Estado do Acre.
A Polícia Civil do Estado do Acre, é uma das polícias do Estado do Acre, Brasil, órgão do sistema de segurança pública ao qual compete, nos termos do artigo 144, § 4º, da Constituição Federal e ressalvada competência específica da União, as funções de polícia judiciária e de apuração das infrações penais, exceto as de natureza militar.
A mais importante instituição penitenciária é a Colônia Penal e Agrícola Evaristo de Morais, em Rio Branco.
Transportes
Acesso a Senador Guiomard pela rodovia estadual AC-040
As principais rodovias do Acre são:
* BR-364 - Juntamente com a BR-317 é a principal rodovia do Acre. A leste liga Rio Branco ao estado de Rondônia e ao restante do país. A oeste corta todo o estado, ligando a capital do estado a Cruzeiro do sul, segunda principal cidade do estado, passando pelos municípios de Bujari, Sena Madureira, Manoel Urbano, Feijó, Tarauacá e Rodrigues Alves.
* BR-317 - Tem extensão de 330 km, liga a capital ao sul do estado, passando pelos municípios de Senador Guiomard, Capixaba, Brasileia na fronteira com a República da Bolívia, a partir de Brasileia a estrada continua por mais 110 km até chegar na cidade de Assis Brasil, já na fronteira com o Peru. A rodovia tornar-se-á um importante eixo de exportação do Brasil, pois quando a estrada no lado peruano estiver concluída (estima-se que em 2011), o Brasil estará totalmente ligado a Cuzco e aos dois principais portos do país vizinho.
* AC-040 - Possui extensão de 100 km, liga Rio Branco até a cidade de Plácido de Castro também fazendo fronteira com a Bolívia.
* AC-401 - Também chamada de estrada do agricultor, com extensão de 50 km, liga a cidade de Plácido de Castro à cidade de Acrelândia, já próxima da BR-364.
* AC-010 - Tem extensão de 55 km, Ligando Rio Branco até a cidade história de Porto Acre, já na divisa com o Amazonas.
Comunicações
Os principais jornais do estado são: O Estado, A Gazeta, O Rio Branco e A Tribuna. As principais estações e emissoras de televisão do estado são: TV Aldeia, TV Acre, TV 5, TV Rio Branco, TV Gazeta Rio Branco, TV União Rio Branco, TV 40, TV C, TV Cruzeiro do Sul, TV Ituxi e TV Integração. As principais estações de rádio do estado são: Rádio Aldeia FM, Rádio Gazeta FM, Rádio União FM, Rádio Educativa FM, Rádio Acre FM e Rádio Boas Novas FM, Rádio Progresso AM, Rádio Líder AM, Rádio Universitária FM e Rádio Aldeia FM, todas na capital do estado, Rio Branco. Em outros municípios, não há estações de rádio.
Cultura
A cultura do Acre é muito parecida com a dos outros Estados da região Norte. A comida típica utiliza o pato e o pirarucu, que herdou dos índios, e o bobó de camarão, vatapá e carne de sol com macaxeira, trazido do Nordeste brasileiro logo quando iniciou a extração do látex, já que muitos nordestinos migraram para o Acre tentando uma melhor qualidade de vida.
Usina de arte João Donato, importante polo de produção e difusão cultural.
No artesanato os artigos confeccionados com materiais extraídos da floresta amazônica. Do seringal surgiu a figura do seringueiro, que colaborou em momentos importantes da história brasileira para o desenvolvimento do país, trabalhando duro na extração do látex na floresta amazônica. Da floresta também surgiu Chico Mendes, que hoje é considerado referência internacional na luta em defesa da Amazônia; Chico Mendes foi assassinado em 22 de dezembro de 1988 e ganhou um prêmio único da ONU, o Prêmio Global 500 Anos, por defender e proteger a floresta amazônica.
Em Rio Branco encontra-se uma comunidade religiosa chamada Alto Santo (Centro de Iluminação Cristã Universal) que pratica o Ritual do Santo Daime, típico do Acre, de origem indígena, que usa o Daime, um chá natural feito com folhas e cipó, usado pelos índios como forma de aproximação a Deus. Todos tomam o chá, inclusive as crianças e os idosos. Os integrantes usam fardas de marinheiro e cantam o hinário, intercalando com Ave-Marias e Pai-Nossos.
O Acre já foi retratado como cenário histórico no cinema e na televisão, interpretado por um numeroso elenco de atores consagrados na minissérie Amazônia, de Galvez a Chico Mendes (2007), da mesma autora das telenovelas América (2005) e Caminho das Índias (2009), a acreana Glória Perez.
Acreanos ilustres
* Adib Jatene - Médico (cirurgião torácico), cientista brasileiro, ex-Ministro da Saúde; Fundador do Instituto do Coração;
* Armando Nogueira - Jornalista e escritor; Criador do telejornalismo no Brasil, com a criação do Jornal Nacional;
* Antônio Carlos Gouveia - Popular Carlão, ex-jogador de vôlei; Capitão da Seleção Brasileira campeã dos Jogos Olímpicos de 1992 em Barcelona; Melhor Jogador de Vôlei do Mundo em 1994;
* Brendha Haddad - Atriz;
* Chico Mendes (Francisco Alves Mendes Filho) - Ambientalista,Líder seringueiro; Mártir da Floresta Amazônica;
* Enéas Carneiro - Político. Formado em Medicina e especialista em Cardiologia;
* Glória Perez - Novelista;
* Iolanda Fleming - Primeira governadora mulher do Brasil;
* Jarbas Passarinho - Militar e político; Ex-governador e ex-senador do estado do Pará, ex-ministro da Justiça e do Trabalho e Previdência Social;
* João Donato - Músico. Foi um dos responsáveis pelo surgimento da Bossa Nova;
* José Vasconcelos - Humorista, ator e dramaturgo;
* Miguel Jerônimo Ferrante - ex-Ministro do STF e escritor, pai de Glória Pérez;
* Marina Silva - Ambientalista, pedagoga e política, ex-ministra do Meio Ambiente.
* Tião Viana - Médico e Senador
Referências
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2. ↑ a b Estimativas do IBGE para 1º de julho de 2009. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (14 de agosto de 2009).
3. ↑ Produto Interno Bruto de 2007. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (18 de novembro de 2009).
4. ↑ Síntese dos Inidicadores Sociais 2009. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Página visitada em 22 de outubro de 2009.
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31. ↑ A História do Estado do Acre, região Norte do Brasil - fotos e dados que ilustram este tema. Hjobrasil.com. Página visitada em 16 de setembro de 2010.
32. ↑ Ciclo da Borracha. Suapesquisa.com. Página visitada em 16 de setembro de 2010.
33. ↑ Governador Binho Marques fará revista às tropas da PMAC. Site Oficial do Estado do Acre (24 de maio de 2007). Página visitada em 16 de setembro de 2010.
34. ↑ LOUREIRO, Antonio José Souto (2008). Histórico do Grande Oriente do Amazonas. Site Oficial da Maçonaria no Amazonas. Página visitada em 16 de setembro de 2010.
35. ↑ CARNEIRO, Eduardo e CARLI, Egina. O Movimento Autonimista Acreano. Site Oficial do Autor. Página visitada em 14 de Julho de 2009.
36. ↑ FRIGOLETTO DE MENEZES, Eduardo. A Sudam – Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia. Site Oficial do Autor. Página visitada em 16 de setembro de 2010.
37. ↑ Título ainda não informado (favor adicionar).
38. ↑ Povos Indígenas do Acre.
39. ↑ Título ainda não informado (favor adicionar).
40. ↑ a b Extração vegetal e silvicultura 2008. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Página visitada em 26 de abril de 2010.
41. ↑ Castanha-do-Acre. Agência de Notícias do Acre. Página visitada em 04 de abril de 2009.
42. ↑ a b c d e Lavoura Temporária 2008. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Página visitada em 26 de abril de 2010.
43. ↑ a b c d e f Pecuária 2008. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Página visitada em 26 de abril de 2010.
44. ↑ Produção total de pescado estimada, por ano, segundo as regiões e unidades da Federação. Ministério da Pesca e Aquicultura. Página visitada em 26 de abril de 2010.
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47. ↑ TOSCANO, Fernando. Brasil - Acre. Portal Brasil. Página visitada em 26 de abril de 2010.
48. ↑ http://www.agencia.ac.gov.br/images/stories/downloads/manual_atualizado.pdf
49. ↑ a b c d CIVITA, Victor. Almanaque Abril. São Paulo: Abril, 2010. pp. 668.
50. ↑ a b Balança comercial por Unidade da Federação. Ministério de Estado do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Página visitada em 26 de abril de 2010.
51. ↑ Governo do Estado do Acre (09 de Março de 2010). Acre em Números 2009 (em Português). Página visitada em 02 de Agosto de 2010.
52. ↑ Governo do Estado do Acre (09 de Março de 2010). Acre em Números 2009 (em Português). Página visitada em 02 de Agosto de 2010.
53. ↑ http://download.globo.com/vestibular/enem2006_desempenhoregiaouf.doc
54. ↑ http://download.uol.com.br/educacao/enem2007_mediasredacao.xls
55. ↑ http://www.inep.gov.br/download/enem/2008/Enem2008_tabelas_01a101.xls
Notas
1. ↑ A borracha foi um produto que causou uma corrida para a Amazônia brasileira, sendo tão importante quanto o café para a economia.
Ver também
* República do Acre
* Municípios do Acre
* Lista de governadores do Acre
* Revolução Acreana
Ligações externas
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* Página oficial do governo do Acre
* Geografia e biodiversidade
* Índios no Acre
* Tribunal de Justiça do Estado do Acre
* JuruáOnline, Portal de Notícias de Cruzeiro do Sul, Estado do Acre
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