ENCICLOPÉDIA MINEIRA: Prof. Marcos Tadeu Cardoso

Um projeto do Prof. Marcos Tadeu Cardoso, um livro publicado narrando a história das principais cidades Mineiras.
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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Antropologia das emoções
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Antropologia das emoções é uma linha teórico-metodológica da Antropologia que lida com a categoria analítica emoção como objeto de análise. Os estudos da emoção desde os finais do século XIX começo do século XX tem sido objeto de análise da psicologia e fisiologia. Entre os primeiros estudos de caráter antropológico das emoções podemos incluir diversas obras de Sigmund Freud e Marcel Mauss

No Brasil, neste campo analítico o conceito de emoção é apreendido, segundo Guilherme Marques {sem-fontes?} como uma categoria "de entendimento capaz de apreender a noção de humano e de sociedade como um todo, e em sua obra discute as consequências metodológicas de uma pesquisa sobre emoção nas inter-relações sempre tensas entre indivíduo social e sociedade".

A Antropologia das emoções é uma linha analítica que, na atualidade, vem atraindo um número crescente de especialistas, pesquisadores, estudiosos e leitores no mundo e, no Brasil, em particular. É, segundo o autor citado, enfim, um campo de reflexão que "tem procurado revigorar a análise (antropológica) introduzindo perspectivas novas e importantes da grande questão interna (das ciências sociais) em geral, (...) que é a problemática da intersubjetividade".
Raiva


Índice
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* 1 Darwin e Freud
* 2 Ver também
* 3 Referências
* 4 Ligações externas

[editar] Darwin e Freud

Não há dúvidas que esses dois autores influenciaram o modo que o ocidente e a antropologia percebe e estudas as emoções humanas.
Ilustração do livro de Charles Darwin A expressão das emoções no homem e nos animais.

Charles Darwin em 1867 para pesquisa sobre a das emoções que faz parte do seu livro “A expressão das emoções no homem e nos animais elaborou um questionário que foi aplicado por homens letrados (missionários, naturalistas, cônsules e outros funcionários do governo inglês) para pesquisar as emoções através de expressões e gestos inatos (instintivos) ou adquiridos por convenção na infância.

Esse questionário, que segue abaixo, foi aplicado entre os seguintes povos (nas seguintes quantidades) entre os aborígines da Austrália (13); Maoris da Nova Zelandia (1); Daiaques de Bornéu (1); Malaios em Malaca (1); China (1); Índia (Bombain, Calcutá) e Ceilão (3); Cafres, Fingos, Abissínios e nativos do Nilo na África do Norte (4); Fueguinos (Terra do Fogo) na América do Sul (1); Atnah, Espiox (rio Nasse no Noroeste), Tetons, Grossventers, Mandans, Assinaboines (Oeste) da América do Norte (6).

1.Exprime-se a surpresa pelo arregalar dos olhos e da boca e pela elevação das sobrancelhas?

2.A vergonha produz enrubescimento, quando a cor da pele permite percebê-lo? Se sim, até onde este desce pelo corpo?

3.Quando um homem está indignado ou desafiador, ele franze o cenho, mantém a cabeça e o corpo erguidos, apruma os ombros e cerra os punhos?

4.Quando se concentra ou tenta resolver algum problema, ele franze o cenho ou enruga a pele debaixo das pálpebras inferiores?

5.Quando abatido, desce os cantos da boca e eleva a extremidade interna das sobrancelhas pela ação desse músculo que os franceses apelidaram de “músculo do sofrimento”? Nesse estado as sobrancelhas fazem-se levemente oblíquas, com um pequeno inchaço em sua extremidade medial; e o meio da testa fica enrugado, não em toda sua extensão, como quando se elevam as sobrancelhas exprimindo surpresa?

6.Quando satisfeito, brilham seus olhos, enruga-se a pela em volta destes e retraem-se os cantos da boca?

7.Quando um homem olha para outro com desprezo ou ironia, ergue-se o canto do lábio superior por sobre o canino do lado pelo qual ele o está encarando?

8.Pode uma expressão de obstinação e tenacidade ser reconhecida principalmente pela boca firmemente fechada, pelo cenho baixo e pelas sobrancelhas levemente franzidas?

9.O desdém é exprimido por uma leve protusão dos lábios e discreta expiração com o nariz empinado?

10.Manifesta-se o nojo virando o lábio inferior para baixo e elevando-se o lábio superior com uma súbita expiração, como um vomitar incipiente ou cuspir?

11.O medo extremo é expresso aproximadamente da mesma maneira que fazem os europeus?

12.O riso pode chegar ao extremo de fazer com que lacrimejem os olhos?

13.Quando um homem quer demonstrar que não pode impedir algo ou que ele mesmo não consegue fazer alguma coisa ele, encolhe os ombros, vira para dentro os cotovelos e estende as mãos para fora com as palmas abertas; e as sobrancelhas são erguidas?

14.As crianças quando emburradas, fazem bico ou contraem fortemente os lábios?

15.Expressões de culpa, malícia ou ciúme podem ser reconhecidas, ainda que não se consiga defini-las?

16.Balança-se a cabeça verticalmente na afirmação e horizontalmente na negação?

Recebeu trinta e seis respostas donde concluiu, a partir das informações adquiridas, que um mesmo estado de espírito exprime-se ao redor do mundo com impressionante uniformidade e assinala ainda que esse achado evidencia a grande similaridade da estrutura corporal e da conformação mental de todas as raças humanas. (Darwin, (1872) 2000)


Entre as obras de Sigmund Freud específicamente sobre emoções e cultura podemos destacar Totem e tabu (1913) onde analisa o tabu enquanto termo polinésio e o interpreta à luz da teoria psicanalítica enquanto ambivalência emocional dialogando inclusive com célebre criador da psicolgia Wilhelm Wundt (1832—1920). Outro trabalho específico sobre a expressão e natureza da emoção, enquanto afeto ou sentimento que possui expressão fisológica e manifestações corporais de natureza social é Os chistes e sua relação com o inconsciente (1905). Contudo ao longo de sua obra discursa sobre vários aspectos da emoção humana a exemplo de Luto e melancolia (1917) um dos poucos trabalhos sobre a tristeza e depressão e dezenas de textos sobre a ansiedade e características do sofrimento humano na denominada doença mental.
[editar] Ver também
Alegria.

* Emoção / Afeto
* Sexo / Agressão
* Raiva; Fúria; Ira
* Alegria; Tristeza; Medo; Temor
* Ansiedade; Depressão
* Psicologia social
* Antropologia e psicanálise

[editar] Referências

* BURKITT, Ian, "Social relationship and emotions". Sociology, v.31, n.1, pp. 37 a 55, 1997.

* COELHO, Maria Claudia. O valor das intenções: Dádiva, emoção e identidade. Rio de Janeiro: FVG Editora, 2006. ver resenha

* DARWIN, CHARLES. A expressão das emoções nos homens e animais. SP, Companhia das Letras,2000

* KOURY, Mauro Guilherme Pinheiro. "Emoções, Sociedade e Cultura". Curitiba: Editora CRV, 2009.

* KOURY, Mauro Guilherme Pinheiro. "A Antropologia das Emoções no Brasil".

RBSE. Revista Brasileira de Sociologia da Emoção, GREM, UFPB, v. 4, n. 12, p. 239-252, 2005.

* REZENDE, Claudia Barcellos. Mágoas de amizade: Um ensaio em Antropologia das Emoções. Mana, v. 8, n. 2, pp. 69 a 89, 2002.

* MURRAY, HENRY A.; KUCKHOHN CLYDE (org.). Personalidade: na natureza, na sociedade e na cultura. MG, Itatiaia, 1965

* Personality in Nature, Society, and Culture [1]

* SCHEFF, Thomas. Emotions, The Social Bond, and Human Reality: Part/Whole Analysis. Cambridge: Cambridge University Press, 1997.

[editar] Ligações externas

* Revista Brasileira de Sociologia da Emoção
* GREM Grupo de Pesquisa em Antropologia e Sociologia das Emoções

* Verbete: Emotions and Culture - Wikipedia Eng.
Psicologia social
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A psicologia social surgiu no século XX como uma área de aplicação da psicologia para estabelecer uma ponte entre a psicologia e as ciências sociais (sociologia, antropologia, etnologia). Sua formação acompanhou os movimentos ideológicos e conflitos do século, a ascensão do nazi-fascismo, as grandes guerras, a luta do capitalismo contra o socialismo, etc. O seu objeto de estudo é o comportamento dos indivíduos quando estão em interação, o que ainda hoje, é controverso e aparentemente redundante pois como se diz desde muito: o homem é um animal social.

Mesmo antes de estabelecer-se como psicologia social as questões sobre o que é inato e o que é adquirido no homem permeavam a filosofia mais especificamente como questões sobre a relação entre o indivíduo e a sociedade, (pré-científicas segundo alguns autores) avaliando como as disposições psicológicas individuais produzem as instituições sociais ou como as condições sociais influem o comportamento dos indivíduos. Segundo Jean Piaget (1970) é tarefa dessa disciplina conhecer o patrimônio psicológico hereditário da espécie e investigar a natureza e extensão das influencia sociais.

Enquanto área de aplicação distingue-se por tomar como objetos as massas ou multidões associada à prática jurídica de legislar sobre os processos fenômenos coletivos como linchamento, racismo, homofobia, fanatismo, terrorismo ou utilização por profissionais do marketing e propaganda (inclusive política) e associada aos especialistas em dinâmica de grupo e instituições atuando nas empresas, coletividades ou mesmo na clínica (terapia de grupos). Nessa perspectiva poderemos estabelecer uma sinonímia ou equivalência entre as diversas psicologias que nos apresentam como sociais: comunitária, institucional, dos povos (etnopsicologia) das multidões, dos grupos, comparada (incluindo a sociobiologia), etc.

Segundo Aroldo Rodrigues, um dos primeiros psicólogos brasileiros a escrever sobre o tema, a psicologia social é uma ciência básica que tem como objeto o estudo das "manifestações comportamentais suscitadas pela interação de uma pessoa com outras pessoas, ou pela mera expectativa de tal interação". A influência dos fatores situacionais no comportamento do indivíduo frente aos estímulos sociais. (Rodrigues , 1981)

O que precisa ser esclarecido para entender a relação do “social” com a psicologia, quer concebida como ciência da mente (psique) quer como ciência do comportamento é como esse “social” pode ser pensado e compreendido desde o caráter assistencialista ou gestão racional da indigência na idade média até emergência das concepções democráticas ciências humanas no século XX passando pela formulação das questões sociais em especial os ideais de liberdade e igualdade no século das luzes e os direitos humanos.
Índice
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* 1 Categorias fundamentais da Psicologia Social
* 2 Histórico
* 3 Psicologia Social no Brasil
* 4 Críticas à Psicologia Social
o 4.1 Uma nova Psicologia Social e Institucional
* 5 Ver também
* 6 Bibliografia
* 7 Leituras adicionais
* 8 Ligações externas

[editar] Categorias fundamentais da Psicologia Social

A Psicologia Social - é a ciência que procura compreender os “comos” e os “porquês” do comportamento social. A interação social, a interdependência entre os indivíduos e o encontro social. Seu campo de Acção é portanto o comportamento analisado em todos os contextos do processo de influência social. Uma pesquisa nos manuais e ensino e ementas das diversas universidades nos remetem à:


- interacção pessoa/pessoa;

- interacção pessoa/grupo (os grupos sociais)

- interacção grupo/grupo. (enfoques nacionais, regionais e locais)


Estuda as relações interpessoais:


- influências;

- conflitos; comportamento divergente

- autoridade, hierarquias, poder;

- o pai, a mãe e a família em distintos períodos históricos e culturas

- a violência doméstica, contra o idoso, a mulher e a criança


Investiga os factores psicológicos da vida social:

- sistemas motivacionais (instinto);

- estatuto (status) social;

- liderança;

- estereótipos (estigma);

- alienação;

- Identidade, valores éticos;

Teoria das representações sociais, a Produção de Sentido, Hegemonia Dialética Exclusão /Inclusão Social


Analisa os factores sociais da Psicologia Humana

- motivação;

- o processo de socialização

- as atitudes, as mudanças de atitudes;

- opiniões / Ideologia, moral;

- preconceitos;

- papéis sociais

- estilo de vida (way of life - modo ou gênero de vida)


Naturalmente a subdivisão dos temas acima enumerados é apenas didática os mesmos estão intrinsecamente relacionados. Observe-se também que muitos desses temas e conceitos foram desenvolvidos ou são também abordados por outras disciplinas (e inter-disciplinas) científicas seja das ciências sociais ou biológicas, cabe ao pesquisador na sua aproximação do problema ou delineamento da pesquisa estabelecer os limites e marco teórico de sua interpretação de resultados. Pode-se ainda dar um destaque aos temas:


Agressão humana (violência) Trabalho e Ação Social Relações de Gênero, Raça e Idade Psicologia das Classes Sociais – Relações de Poder Psicanálise e questões sócio-políticas Dinâmica dos Movimentos Sociais Saúde mental e justiça: interfaces contemporâneas

Efeitos dos diferentes tipos de liderança Os diferentes tipos de liderança provocam diferentes efeitos, quer ao nível da produtividade do grupo, quer ao nível da satisfação dos membros do grupo.

Ver artigo principal: Liderança

[editar] Histórico

Em 1895, o cientista social francês Gustave Le Bon (1841-1931) apresentou, em seu pioneiro trabalho sobre a Psicologia das Multidões, a proposição básica para o entendimento de uma psicologia social: sejam quais forem os indivíduos que compõem um grupo, por semelhantes ou dessemelhantes que sejam seus modos de vida, suas ocupações, seu caráter ou sua inteligência, o fato de haverem sido transformados num grupo, coloca-os na posse de uma espécie de mente coletiva que os fazem sentir, pensar e agir de maneira muito diferente daquela pela qual cada membro dele, tomado individualmente, sentiria, pensaria e agiria, caso se encontrasse em estado de isolamento [9: p. 18]. Essa proposição e os argumentos de Le Bon para justificá-la, serviu de parâmetro para o estudo sobre Psicologia de Grupo publicado por Sigmund Freud em 1921.

A questão teórica de Le Bon, com quem Freud dialogou era "massa", não "grupo". Um problema de tradução entre o alemão e o inglês fez com que surgisse o termo "grupo" em Freud, embora não haja evidências de que o mesmo tenha se preocupado com esta questão. Contudo essa categoria de explicação é retomada em diversos dissidentes da psicanálise como Carl Gustav Jung (1875-1961) que introduziu o conceito inconsciente coletivo - o substrato ancestral e universal da psique humana, e surpreendeu o mundo com sua célebre interpretação do fenômeno dos discos voadores como um mito moderno e Wilhelm Reich com sua análise da anomia (Escutas a Zé Ninguém) e governos totalitários (Psicologia das Massas e do Fascismo). A psicanálise dos governantes ou relação entre a psique individual e a cultura ou civilização por sua vez é um tema frequente na obra de Freud e outros psicanalistas (E. Eriksom, E. Fromm etc.) que estudam a relação dessa ciência com a antropologia.

A relação entre a etnologia e psicologia é especialmente fecunda, inúmeros etnólogos investigaram e tomaram como ponto de partida das suas pesquisas as teorias picanalíticas e psicológicas a exemplo de Ruth Benedict Margaret Mead Malinowski Lévi-Strauss.

Por outro lado observa-se também que psicologia desenvolveu sua notoriedade como disciplina científica ao afirma-se como uma ciência natural em oposição às ciências sociais ou humanas nos finais do século XIX. Crente na impossibilidade teórica da mente voltar-se sobre- se mesmo como sujeito objeto de pesquisa Wilhelm Wundt (1832-1920) propôs a psicologia como um novo domínio da ciência em 1874 no seu livro Princípios de Psicologia Fisiológica e a criação de um laboratório de psicologia experimental (1879) em Leipzig. Esse mesmo autor contudo suponha ser necessários estudos complementares voltados ao estudo da mente em suas manifestações externas, a sua Völkerpsychologie - Psicologia dos povos / social ou cultural (10 volumes) escritos entre 1900 e 1920 com análises detalhadas da língua e cultura. Três dos volumes são dedicados aos mitos e religião; dois à linguagem (hoje seria considerados como psicologia lingüística); dois à sociedade e um à cultura e história (a psicologia social de hoje); um a lei (hoje a psicologia forense ou jurídica) e um à arte (um tópico que abrange as modernas concepções de inteligência e criatividade).

Tal aspecto de sua obra vem sendo recuperada por sua aplicação e semelhança com os modernos estudos de psicologia cognitiva. Segundo Farr é possível perceber o desenvolvimento posterior das idéias de Wundt na psicologia social de G. H Mead e Herbert Blumer, os criadores do interacionismo simbólico na Universidade de Chicago e Vygotsky na Rússia.

O grupo como objeto de estudos ganhou densidade na psicologia social durante a segunda guerra mundial, com Kurt Lewin (1890-1947), considerado por muitos autores como fundador da psicologia social. Contemporâneo dos fundadores da psicologia da gestalt e integrante dessa teoria esse autor radicou-se nos Estados Unidos a partir de 1933 onde chefiou no MIT Massachusetts Instituto de Tecnologia o Centro de Pesquisa de Dinâmica de Grupo junto com uma série de autores que desenvolveram a escola americana de psicologia social a exemplo de D. Cartwright que assumiu a direção do instituto após a sua morte e Leon Festinger (1919-1979) que desenvolveu a teoria da dissonância cognitiva explorando o desconforto da contradição dos conflitos e estado de consistência interna ainda hoje referência para os estudos de valores éticos em psicologia social.

A Dinâmica de Grupo ou ciência dos pequenos grupos, é para alguns autores o objeto e método da psicologia social, limita-se porém ao estudo empírico da interação dentro dos grupos. Sendo porém relevantes as suas contribuições sobre a estrutura grupal, os estilos de liderança, os conflitos e motivações, espaço vital ou o campo de forças que determinam a conduta humana possuem diversas aplicações e entre elas a psicologia infantil e a modificação de comportamentos seja para benefícios dietéticos (estudos de pesquisa – ação realizados com Margareth Mead) seja para melhor a produtividade e desempenho nos ambientes de trabalho.

Na escola americana de psicologia social cabe ainda um destaque para William McDougall (1871-1938). Esse autor, britânico que viveu 24 anos na América, foi um dos primeiros a utilizar o nome de psicologia social (1908) e comportamento (behavior) e representa a tendência evolucionista americana, pós efeito da teoria da evolução de Darwin que veio a reforçar a tendência aos estudos de psicologia comparada e da abordagem comportamental apesar da diferença essencial entre as proposições quanto utilização do conceito de “instinto” como categoria explicativa aproximando-se portanto de um corrente representada por S. Freud e G. H. Mead.

George Hebert Mead (1863-1931) inserido no pragmatismo James (1842-1910) Peirce (1839-1931) e Dewey (1859-1952) americano o criador da teoria do interacionismo simbólico em seu curso de psicologia social da Universidade de Chicago do qual nos deixou o livro construído a partir de anotações de sues alunos Mind Self and Society é bem melhor compreendido por sociólogos do que por psicólogos. Essa relação com a sociologia não vem só do fato de seu curso e teoria ter sido continuado por um sociólogo Herbert Blumer e sua rejeição no contexto do paradigma behaviorista mas por que os conceitos de ato, ação e ator social são essencialmente úteis ao entendimento das políticas públicas e intervenções sociais. Sua importância vem sendo reconhecida em nossos dias pela influência da sua teoria nos estudos e proposições Erving Goffman autor de Prisões manicômios e conventos, um livro fundamental no processo de transformação do tratamento psiquiátrico (reforma psiquiátrica) e luta anti-manicomial em nossos dias.
[editar] Psicologia Social no Brasil

A psicologia social no Brasil tem início nos estudos etnopsicológicos de Nina Rodrigues em 1900, O animismo feitichista dos negros africanos e As coletividades anormais, ou melhor, como coloca Laplantine (1998) nos estudos que revelam o confronto entre a etnografia e a psicologia. Materiais etnográficos recolhidos a partir de observações muito precisas são interpretados no âmbito da psicologia clínica da época. Nina Rodrigues considera os problemas da integração das populações européias às advindas da diáspora africana que segundo ele constituem o principal obstáculo para o progresso da sociedade global.

Muitos autores brasileiros seguiram essa linha de raciocínio que oscilava entre os pressupostos biológicos racistas da degenerescência racial, uma interpretação psicológica (instabilidade do caráter resultante do choque de duas culturas) até as modernas interpretações sociológicas iniciadas a partir de 1923 com os estudos de Gilberto Freyre autor do reconhecido internacionalmente Casa grande e senzala.

Com o título de Psicologia Social vamos encontrar o trabalho de Arthur Ramos (1903-1949) foi o professor convidado para ministrar o curso de psicologia social na recém criada Universidade do Distrito Federal no Rio de Janeiro (1935) e logo desfeita pelo contexto político da época. Não fugiu a clássica abordagem do estudo simultâneo das inter-relações psicológicas dos indivíduos na vida social e a influência dos grupos na personalidade mas face a sua experiências anteriores nos serviços de medicina legal e médico de hospital psiquiátrico na Bahia tinha em mente os problemas da inter-relação de culturas e saúde mental (com atenção especial aos aspectos místicos - primitivos da psicose) retomando-os a partir das proposições da psicanálise e psicologia social americana situando-se criticamente entre as tendências de uma sociologia psicológica e uma psicologia cultural.

Nas últimas décadas a psicologia social brasileira, segundo Hiran Pinel (2005), foi marcada por dois psicólogos bastante antagônicos: Aroldo Rodrigues (empirismo e que adotou uma abordagem mais de experimental-cognitiva, por exemplo, de propagandas etc.) e, mais recentemente Silvia Lane (marxista e sócio-histórica).

Silvia Tatiana Maurer Lane e Aniela Ginsberg foram professoras fundadoras do Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Social da PUC-SP o primeiro curso de mestrado e doutorado da área a funcionar no Brasil, entre 1972 e 1983. Onde psicologia social é uma disciplina (teórica/prática) referendada em pesquisas empíricas sobre os problemas sociais brasileiros. Os textos desenvolvidos por professores e autores escolhidos são adotados como bibliografia básica na maioria dos cursos de Psicologia do Brasil e, também, em concursos públicos na área da saúde e educação. Receberam o prêmio outorgado pela Sociedade Interamericana de Psicologia (SIP), em julho de 2001.

Lane fez seguidores famosos e muito estudados na atualidade: Ana Bock e outros (mais ligados a Vigotski), como Bader Sawaia (que descreve minuciosamente as artimanhas da Exclusão social e o quanto é falso e hipócrita a inclusão, encarada como "maquiagem" que cala a voz do oprimido); Wanderley Codo (que estuda grupos minoritários, sofrimentos e as questões de saúde dos professores e professoras); Maria Elizabeth Barros de Barros e Alex Sandro C. Sant'Ana (que se associam as idéias de Foucault, Deleuze, Guattari entre outros); Carlos Eduardo Ferraço (que se associa com Boaventura de Sousa Santos e Michel de Certeau); Hiran Pinel (que resgata tanto o existencialismo quanto o marxismo de Paulo Freire) etc.

O psicólogo bielorrusso Vygotsky - um fervoroso marxista sem perder a qualidade de psicólogo e educador - foi resgatado por Alexander Luria em parceria com Jerome Bruner nos Estados Unidos da América, país que marcou - e marca - a psicologia brasileira. Em 1962 é publicado nos EUA, e após a saída dos militares do governo brasileiro, tornou-se inevitável sua publicação no Brasil.

Os psicólogos sociais sócio-históricos, produzem artigos criticando o Estado e o modo neo-liberal de produção que tem um forte impacto na produção de subjetividades. As práticas são mais ativas e menos desenvolvidas em consultórios, e a noção de psicopatologia mudou bastante, reconhecendo como saudáveis as táticas e estratégias de enfrentamento da classe proletária.
[editar] Críticas à Psicologia Social

Hoje em dia, a teoria da psicologia social tem recebido inúmeras críticas. Apontamos agora as principais:

a) Baseia-se num método descritivo, ou seja, um método que se propõe a descrever aquilo que é observável, fatual. É uma psicologia que organiza e dá nome aos processos observáveis dos encontros sociais.

b) Tem seu desenvolvimento comprometido com os objetivos da sociedade norte-americana do pós-guerra, que precisava de conhecimentos e de instrumentos que possibilitassem a intervenção na realidade, de forma a obter resultados imediatos, com a intenção de recuperar a nação, garantindo o aumento da produtividade econômica. Não é para menos que os temas mais desenvolvidos foram a comunicação persuasiva, a mudança de atitudes, a dinâmica grupal etc., voltados sempre para a procura de "fórmulas de ajustamento e adequação de comportamentos individuais ao contexto social".

c) Parte de uma noção estreita do social. Este é considerado apenas como a relação entre pessoas – a interação pessoal -, e não como um conjunto de produções humanas capazes de, ao mesmo tempo em que vão construindo a realidade social, construir também o indivíduo. Esta concepção será a referência para a construção de uma nova psicologia social.
[editar] Uma nova Psicologia Social e Institucional

Com uma posição mais crítica em relação à realidade social e à contribuição da ciência para a transformação da sociedade, vem sendo desenvolvida uma nova psicologia social, buscando a superação das limitações apontadas anteriormente,

A psicologia social mantém-se aqui como uma área de conhecimento da psicologia, que procura aprofundar o conhecimento da natureza social do fenômeno psíquico.

O que quer dizer isso?

A subjetividade humana, isto é, esse mundo interno que possuímos e suas expressões, são construídas nas relações sociais, ou seja, surge do contato entre os homens e dos homens com a Natureza.

Assim, a psicologia social, como área de conhecimento, passa a estudar o psiquismo humano, objeto da psicologia, buscando compreender como se dá a construção deste mundo interno a partir das relações sociais vividas pelo homem. O mundo objetivo passa a ser visto, não como fator de influência para o desenvolvimento da subjetividade, mas como fator constitutivo.

Numa concepção como essa, o comportamento deixa de ser "o objeto de estudo", para ser uma das expressões do mundo psíquico e fonte importante de dados para compreensão da subjetividade, pois ele se encontra no nível do empírico e pode ser observado; no entanto, essa nova psicologia social pretende ir além do que é observável, ou seja, além do comportamento, buscando compreender o mundo invisível do homem.

Além disso, essa psicologia social abandona por completo a diferença entre comportamento em situação de interação ou não interação. Aqui o homem é um ser social por natureza. Entende-se aqui cada indivíduo aprende a ser um homem nas relações com os outros homens, quando se apropria da realidade criada pelas gerações anteriores, apropriação essa que se dá pelo manuseio dos instrumentos e aprendizado da cultura humana.

O homem como ser social, como um ser de relações sociais, está em permanente movimento. Estamos sempre nos transformando, apesar de aparentemente nos mantermos iguais. Isso porque nosso mundo interno se alimenta dos conteúdos que vêm do mundo externo e, como nossa relação com esse mundo externo não cessa, estamos sempre como que fazendo a "digestão" desses alimentos e, portanto, sempre em movimento, em processo de transformação.

Ora, se estamos em permanente movimento, não podemos ter um conjunto teórico onde os conceitos paralisam nosso objeto de estudo. Se nos limitarmos a falar das atitudes, da percepção, dos papéis sociais e acreditarmos que com isso compreendemos o homem, não estaremos percebendo que, ao desempenhar esse papel, ao perceber o outro e ao desenvolver ou falar sobre sua atitude, o homem estará em movimento, Por isso, nossa metodologia e nosso corpo teórico devem ser capazes de captar esse homem em movimento e intervir nas políticas públicas que organizam e re-organizam a vida social aumentando ou diminuindo os efeitos da desigualdade social e miséria do mundo.

E, superando esse conceitual da antiga psicologia social, a nova irá propor, como conceitos básicos de análise, a atividade, a consciência e a identidade, modo de vida que são as propriedades ou características essenciais dos homens e expressam o movimento humano. Esses conceitos e concepções foram e vêm sendo desenvolvidos por vários autores soviéticos que produziram até a década de 1960: Silvia Lane e Antônio Ciampa, que são brasileiros e trabalhavam ativamente na PUC-SP. Silvia Lane faleceu em 2006.
[editar] Ver também

* Agressão
* Criminologia
* Crime organizado
* Escola de Chicago
* Estilos de vida
* Psicologia cultural-histórica
* Psicologia comunitária
* Antropologia da saúde
* Antropologia e psicanálise
* Psicologia de Grupo e a Análise do Ego
* Religião
* Saúde mental

[editar] Bibliografia

* FARR, ROBERT. M. As raízes da psicologia social moderna. RJ, Vozes. 2008

* FURTADO, O.; BOCK, A.M. e TEIXEIRA, M.L. Psicologias : uma introdução ao estudo da psicologia. São Paulo, Saraiva, 2002.

* LANE, S. & SAWAIA, B. (orgs.). Novas veredas da psicologia social. São Paulo: Brasiliense: EDUC, 1995.

* LANE, S. T. M e CODO, W. (orgs). Psicologia social: o homem em movimento. São Paulo: Brasiliense, 1984.

* LAPLANTINE, FRANÇOIS. Aprender etnopsiquiatria. SP, Brasiliense, 1998

* McDAVID, J. W. e HARARI, H. Psicologia e comportamento social. Rio de Janeiro: Interciência, 1980

* PIAGET, JEAN. A psicologia. Lisboa, Livraria Bertrand, 1970

* PARIGUIN, B.D. A psicologia social como ciência. RJ Zahar, 1972

* RAMOS ARTHUR. Introdução à psicologia social. RJ, Casa do estudante do Brasil, 1957

* RODRIGUES, A., ASSMAR, E. M. L., & JABLONSKI, B. Psicologia social (22ª ed.). Petrópolis, RJ. Vozes, 2003

* SILVA, ROSANE N. A invenção da psicologia social. RJ, Vozes, 2005

* GOODWIN C. JAMES. História da psicologia moderna. SP, Cultrix, 2005

* CABRAL, A.; OLIVEIRA, E. O. Uma breve história da psicologia. RJ, Zahar, 1972

[editar] Leituras adicionais

ARONSON, E., WILSON, T. D., & AKERT, R. M. (2002). Psicologia social (3ª ed.). Rio de Janeiro, RJ: LTC Editora.

ÁLVARO, J. L. & GARRIDO, A. (2003). Psicologia social: perspectivas psicológicas y sociologicas. Madrid: McGraw-Hill.

ÁLVARO, J. L.; GARRIDO, A. & TORREGRO SA, J. R. (1996). Psicologia social aplicada. Madrid: McGraw-Hill.

GOLD, M. (1997). A new outline of social psychology. Washington, DC: APA.

HIGGINS, E. T. & KRUGLANSKI, A. W. (1996). Social psychology: Handbook of basic principles. New York: Gilford.

KIMBLE, C., HIRT, E., DÍAZ-LOVING, R., HOSCH, H. LUCKER, G. W., & ZÁRATE, W. (2002). Psicologia Social de las Américas. México: Pearson Educación.

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Psicologia comunitária
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A Psicologia Comunitária é uma aplicação da psicologia social para resolução dos problemas sociais nas comunidades. Constitui-se como disciplina recente na história da psicologia. Sua origem remonta, por um lado à psiquiatria social e preventiva, à dinâmica e psicoterapia de grupos, práticas "psi" que conceituavam uma origem social a seus objetos de estudo. São comuns os termos: “Psicologia na Comunidade” (Bender, 1978)[1]; “Psicologia do Desenvolvimento Comunitário” (Escovar, 1979)[2]; “Saúde Mental Comunitária” (Berenger, 1982)[3]; “Psicologia Comunitária/na Comunidade” (Bonfim, 1992)[4]; etc.

Psicologia Comunitária se caracteriza por trabalhar com sujeitos sociais em condições ambientais específicas, atento às suas respectivas psiques ou individualidades. Seus objetivos se referem a melhoria das relações entre os sujeitos e entre estes e a natureza e instituições sociais ou o seu empoderamento. Nesta perspectiva está todo o esforço para a mobilização das comunidades na busca de melhores condições de vida”. O termo Psicologia Comunitária inclui os estudos e práticas que vêm se realizando no Brasil a exemplo do Movimento de Saúde Mental Comunitário e do Movimento de Ação Comunitária na América Latina, e outras aplicações da psicologia social em problemas relacionados a comunidade.

Fundamental para compreensão da Psicologia Comunitária é o conceito de comunidade, seu objeto material e campo de atuação. O termo Comunidade, utilizado hoje em dia na Psicologia Social, é bastante elástico e capaz de incluir em seu escopo desde um pequeno grupo social, um bairro, uma vila, uma escola, um hospital, um sindicato, uma associação de moradores, uma organização não - governamental, até abarcar os indivíduos que interagem numa cidade inteira.
Aldeia no Parque Indígena do Xingu.
Índice
[esconder]

* 1 Comunidade
* 2 Caracterização e tendências
* 3 Veja também
* 4 Referências
* 5 Ligações externas

[editar] Comunidade

Comunidade vem do latin communitate. qualidade ou estado do que é comum; comunhão: compartilhamento de idéias (senso comum) ou interesses em concordância, identidade; na área jurídica, posse, obrigação ou direito em comum designando também o sujeito ou interesses coletivos.

Comunidade é um conceito amplo que abrange situações heterogêneas, mas que, ao mesmo tempo, apóia-se em fundamentos afetivos, emotivos e tradicionais. Ela está relacionada a parentes que se relacionam por laços de sangue e por uma vida em comum numa mesma casa, a vizinhos, o que se caracteriza pela vida em comum entre pessoas próximas da qual nasce um sentimento mútuo de confiança, de favores, e amigos, que estão ligados aos laços criados nas condições de trabalho ou no modo de pensar.etc. A psicologia Comunitária vai além da psicologia social, ela tem uma visão maior com relação à sociedade; mudança social, ideologia, alienação, representação social, identidade social, sentido psicológico de comunidade, “empoderamento”, grupo social, apoio social, realidade socialmente construída, atividade, investigação-açao-participante, sujeito histórico-social, consciência crítica, conscientização etc. Podemos dizer que a Psicologia Comunitária compreende hoje um conjunto de concepções relevantes para o esforço de delimitar seu campo de análise e aplicação.

Pode-se dizer que é uma relação mantida entre pessoas mais próximas. Quando nos referimos a pessoa vivendo em comunidades é difícil pensar que essas comunidades nunca terão problemas de relacionamentos às vezes interpretados como doença mental, pois há diferenças entre as pessoas por se tratar das diferenças de cada individuo suas subjetividades e opiniões de classe social e racial.

Se tomarmos a acepção literal de psicologia aplicada ao estudo intervenções na comunidade teremos esta(s) como sinônimo da psicologia social ou seja como os mesmos problemas de método e definição do objeto de estudo que essa. A principal diferença entre a psicologia social e comunitária vem da do uso específico que assume o vocábulo comunidade contrapondo-se à sociedade enquanto segmento específico por recorte territorial, identidade ou relação entre seus membros. [5]
[editar] Caracterização e tendências

A psicologia desenvolveu-se por quase 2000 anos dentro da tradição filosófica e em parte médico religiosa mas é no final do século XIX e início do século XX que se acentua a relação desta com a área médica (anatomia, fisiologia, biologia) e as emergentes ciências sociais.[6]

Segundo Paim [7] distintos movimentos de idéias influenciaram o campo social da saúde durante a emergência e o desenvolvimento do capitalismo que podem ser caracterizados como: Polícia Médica; Higiene; Medicina Social; Saúde Pública; Medicina Preventiva; Saúde Comunitária; Medicina Familiar; Promoção da Saúde; Saúde Coletiva. Esses movimentos ocorridos entre a segunda metade do século XVII e os nossos dias, segundo esse autor podem ser caracterizados como vetores ideológicos, sociais, de ação política e produção de conhecimento. O movimento ideológico da medicina e saúde comunitária é originário dos Estados Unidos na década de 60, como resposta às tensões sociais geradas pelos movimentos dos direitos civis e contra a segregação racial, compondo posteriormente certas políticas de combate a pobreza dos governos Kennedy e Johnson. Ainda segundo esse autor tratava-se da operacionalização do discurso da Medicina preventiva acrescentando conceitos estratégicos como participação da comunidade e regionalização, extensão dos cuidados (da atenção primária à saúde) às populações das periferias urbanas e rurais

Na maioria dos movimentos acima enunciados identifica-se uma tendência e modo particular de ação da psiquiatria e proposições de intervenção no social através da classificação de inteligência e concepções da psicopatologia e proposições de tratamento em saúde mental. Nessa perspectiva observe-se a importância que Caplan [8] ao pronunciamento oficial do Presidente Kennedy ao congresso americano em 1963 sobre a prevenção tratamento e reabilitação dos enfermos e retardados mentais enquanto problemas de responsabilidade comunitária.

Segundo Donnangelo e Pereira [9] a medicina comunitária é parte de extensão da prática médica e os determinantes desta extensão na sociedade de classes, constituem o referencial mais amplo para compreensão dessa forma particular assumida pela prática médica onde a pobreza é objeto da intervenção em saúde e se passou a requerer o uso do trabalho auxiliar de outras categorias profissionais. Inclusive em Cuba houve a criação do técnico de nível médio em psicologia. [10]

A psicologia comunitária da década de 80 que tem como marco o I Seminario Internacional de Psicología en la Comunidad [11] realizado em Havana, 1981 e a análise das transformações do tratamento psicológico e psiquiátrico advindos das revoluções socialistas em especial os serviços de saúde mental cubanos [12]

No Encontro Mineiro de Psicologia Comunitária de 1988, descrito por Lane [13] houve uma ênfase dada as técnicas de dinâmica de grupo e conhecimento da realidade para auto-reflexão e ação conjunta organizada exemplificando com o trabalho realizado por Elizabeth Bomfim e Marília N. da Mata na favela de Vila Acaba Mundo em Belo Horizonte (MG) onde sintetizou o trabalho de seu grupo com a afirmação da existência de uma relação estreita entre saúde e condições de vida, cabendo ao psicólogo atuar no sentido de que as condições de vida e modo de vida precisam ser dominados para que haja autonomia de sujeito para exercer sua saúde. Paim [14] analisando os enfoques da medicina comunitária também refere-se à proposição mineira do entendimento de que a população deve compreender a sua capacidade de pressão para obter benefícios coletivos.
[editar] Veja também

* Comunidade
* Psicologia social
* Psicologia cultural-histórica
* Medicina comunitária
* Psiquiatria comunitária
* Ideologia
* Revolução
* Lutas e revoluções no Brasil
* Guerra de Canudos
* Crime organizado



* Etnicidade
* Identidade cultural
* Quilombolas
* Movimento social
* Movimento Negro
* Hegemonia
* Mudança social
* Questão social
* Serviço social
* SUAS

[editar] Referências

1. ↑ BENDER, M.P.(1978) Psicologia na Comunidade. Rio de Janeiro: Zahar.
2. ↑ ESCOVAR, L.A.(1977) El Psicólogo Social y el Desarollo. Psicologia. .(1979) Análisis comparada de dos modelos de câmbio social em la comunidad. AVEPSO Boletim, 2, 1979.
3. ↑ BERENGER, M.E.(1982) A Psicologia Em Instituições de Assistência Social. Relato de uma experiência. Dissertação de Mestrado. Rio de Janeiro: PUC.
4. ↑ BOMFIM, E. M.(1990) Psicologia Comunitária no Brasil.Reflexões históricas, teóricas e práticas. Anais do III Simpósio Brasileiro de Pesquisa e Intercâmbio Científico. Águas de São Pedro, São Paulo: ANPEPP.
5. ↑ Fichter, J. H. Definições para uso didático in: Fernades, Florestan. Comunidade e Sociedade: leitura sobre problemas conceituais, metodológicos e de aplicação. SP, Ed Nacional, EDUSP, 1973
6. ↑ Rosenfeld, Anatol. O pensamento psicológico. SP, Perspectiva, 2006
7. ↑ Paim, Jairnilson S. Desafios para saúde coletiva no século XXI. Ba, EDUFBA, 2006
8. ↑ Caplan, Gerald. Princípios de psiquiatria preventiva. RJ, Zahar, 1980
9. ↑ Donnangelo, Maria Cecília F.; e Pereira, Luiz. Saúde e Sociedade. SP, Duas Cidades, 1979
10. ↑ González, Jorge D. Formacion y funciones Del técnico médio em psicologia. Cadernos PUC n. 11 Psicologia, SP, EDUC, Cortez Editora
11. ↑ I Seminario Internacional de Psicología en la Comunidad (Cuba). Revista Latinoamericana de Psicología, año/vol. 13, número 002
12. ↑ Averasturi, Lourdes Garcia La psicologia de la salud em Cuba. situación actual y perspectivas. Cadernos PUC n. 11 Psicologia, SP, EDUC, Cortez Editora
13. ↑ Lane, Silvia T.M. Histórico e funtamento da psicologia comunitária no Brasil, in: Campos, Regina H.F. (org.) Psicologia social comunitária, da solidariedade à autonomia. RJ, Vozes, 2008
14. ↑ Paim, Jairnilson S. Saúde Crises e reformas. Ba, Centro Editorial e Didático da UFBA, 1986

[editar] Ligações externas

* Sistema Único de Assistência Social (SUAS)
* Revista da Sociedade Brasileira de Psicologia Política
* Associação Brasileira de Psicologia Social - ABRAPSO / Revista: Psicologia & Sociedade
* PSI - Revista de Psicologia Social e Institucional – Um. Londrina Pr
* Fundacion Môiru Ar - Nuevas concepciones y Prácticas Sociales Innovadoras
* European Association of Social Psychology (en.)
* III Conferência Internacional de Psicología Comunitária na Cidade de Puebla, Mexico, de 3 a 5 de Junho de 2010
Psiquiatria Comunitária
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Psiquiatria Comunitária é a uma área da Psiquiatria que lida com a detecção, prevenção e tratamento de perturbações mentais e sua relação com determinados meios psicossociais, culturais e/ou áreas geográficas específicas. Enquanto podem haver similaridades em muitos sintomas e doenças em psiquiatria, existem também muitas diferenças, relacionadas com contextos históricos e sociais de populações. Assim, no que diz respeito a tratamento, o que parece ser eficaz em um país ou cultura pode não o ser em outro.

Os objectivos da Psiquiatria Comunitária, entre outros, são entender factores sociais, relacionados com outros factores biológicos e psicológicos e como os primeiros influenciam as causas, expressões e curso das perturbações psiquátricas e como melhorar a prática e fundamentar o atendimento público em Psiquiatria.
[editar] Ver também

* Psiquiatria
* Psiquiatria biológica
* História da Psiquiatria
* Movimento antimanicomial
* Saúde mental
* Psicologia comunitária
Psiquiatria
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v • e
ESPECIALIDADES MÉDICAS
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Clínicas
Angiologia • Cardiologia • Clínica médica • Dermatologia • Endocrinologia e metabologia • Gastroenterologia • Geriatria • Hematologia e hemoterapia • Infectologia • Nefrologia • Neurologia • Pediatria • Pneumologia • Reumatologia
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Cirúrgicas
Cirurgia cardiovascular • Cirurgia de cabeça e pescoço • Cirurgia da mão • Cirurgia do aparelho digestivo • Cirurgia geral • Cirurgia pediátrica • Cirurgia plástica • Cirurgia torácica • Cirurgia vascular • Neurocirurgia
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Mistas
Cancerologia • Coloproctologia • Ginecologia e obstetrícia • Mastologia • Oftalmologia • Ortopedia e traumatologia • Otorrinolaringologia • Urologia
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Diversas
Alergologia • Anestesiologia • Endoscopia • Genética médica • Medicina de família e comunidade • Medicina do trabalho • Medicina do tráfego • Medicina esportiva • Medicina intensiva • Medicina física e reabilitação • Medicina legal • Medicina nuclear • Medicina preventiva e social • Nutrologia • Patologia • Patologia Clínica/Medicina laboratorial • Psiquiatria • Radiologia e diagnóstico por imagem • Radioterapia
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Complementares
Acupuntura • Homeopatia
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Outros Profissonais de Saúde
Biomedicina • Educação Física • Enfermagem • Farmácia • Fisioterapia • Fonoaudiologia • Medicina Veterinária • Nutrição • Odontologia • Psicologia • Terapia ocupacional • Serviço social
Ressonância Magnética do cérebro humano

Psiquiatria é uma especialidade da Medicina que lida com a prevenção, atendimento, diagnóstico, tratamento e reabilitação das diferentes formas de sofrimentos mentais, sejam elas de cunho orgânico ou funcional, com manifestações psicólogicas severas. São exemplos: a depressão, o transtorno bipolar, a esquizofrenia e os transtornos de ansiedade. A meta principal é o alívio do sofrimento e o bem-estar psíquico. Para isso, é necessária uma avaliação completa do paciente, com perspectivas biológica, psicológica, de ordem cultural, entre outras afins. Uma doença ou problema psíquico pode ser tratado através de medicamentos ou terapêuticas diversas, como a psicoterapia, prática de maior tradição no tratamento. A avaliação psiquiátrica envolve o exame do estado mental e a história clínica. Testes psicológicos, neurológicos, neuropsicólogicos e exames de imagem podem ser utilizados como auxiliares na avaliação, assim como exames físicos e laboratoriais. Para uso dos testes devem ser procurados os profissionais específicos autorizados para aplicá-los. Os procedimentos diagnósticos são norteados a partir do campo das psicopatologias; critérios bastante usados hoje em dia, principalmente na saúde pública, são a CID-10 da Organização Mundial de Saúde, adotada no Brasil, e o DSM-IV da American Psychiatric Association.

Os medicamentos psiquiátricos são parte importante do arsenal terapêutico, o que é único na Psiquiatria, assim como procedimentos mais raramente utilizados, muito já criticados na história do movimento psiquiátrico, como a eletroconvulsoterapia. A psicoterapia também faz parte do arsenal terapêutico do psiquiatra, embora seja bem melhor utilizada por outros profissionais de saúde mental: Psicólogos e Psicanalistas. No entanto, a ferramenta da psicoterapia é sempre útil para as entrevistas diagnósticas e orientações; para prática-la o psiquiatra deve fazer a formação complementar. Os serviços psiquiáticos podem fornecer atendimento de forma ambulatorial ou em internamento. Em casos de sofrimento grave do paciente e risco para si e para os outros que o cercam, a indicação de internação pode até ocorrer de forma involuntária. Tanto a clínica quanto a pesquisa em psiquiatria são realizadas de forma interdisciplinar.[1]


A palavra Psiquiatria deriva do Grego e quer dizer "arte de curar a alma"


Aparentemente, a Psiquiatria originou-se no século V A.C., enquanto que os primeiros hospitais para doentes mentais foram criados na Idade Média. Durante o século XVIII a Psiquiatria evoluiu como campo médico e as instituições para doentes mentais passaram a utilizar tratamentos mais elaborados e humanos. No século XIX houve um aumento importante no número de pacientes. No século XX houve o renascimento do entendimento biológico das doenças mentais, introdução de classificações para os transtornos e medicamentos psiquiátricos. A antipsiquiatria ou movimento anti-psiquiátrico surgiu na década de 1960 e levou à desinstitucionalização em favor aos tratamentos na comunidade. Estudos científicos continuam a buscar explicações para as origens, classificação e tratamento dos transtornos mentais.

Os transtornos mentais são descritos por suas características patológicas, ou psicopatologia, que é um ramo descritivo destes fenômenos. Muitas doenças psiquiátricas ainda não têm cura. Enquanto algumas têm curso breve e poucos sintomas, outras são condições crônicas que apresentam importante impacto na qualidade de vida do paciente, necessitando de tratamento a longo prazo ou por toda a vida. A efetividade do tratamento também varia em cada paciente.
Índice
[esconder]

* 1 A Prática da Psiquiatria
o 1.1 Subespecialidades
* 2 Áreas de Estudo
* 3 O Tratamento em Psiquiatria
o 3.1 Avaliação Inicial
o 3.2 Consultas externas ou ambulatório
o 3.3 Internamento Psiquiátrico
* 4 Sistemas diagnósticos dos transtornos psiquiátricos
* 5 Notas e referências
* 6 Ver também
o 6.1 Listas
* 7 Ligações externas
* 8 Bibliografia

[editar] A Prática da Psiquiatria

Psiquiatras são médicos especializados no cuidado da saúde mental por meio do tratamento da doença mental[2], através do modelo biomédico de abordagem das perturbações psíquicas, incluindo o uso de medicamentos.[3] [4] [5]


Os psiquiatras e os médicos assistentes podem realizar exames físicos, solicitar e interpretar análises laboratoriais, eletroencefalograma (EEG) e exames como Tomografia computadorizada (CT), Ressonância magnética (RM) e PET (Tomografia por emissão de pósitrons). O profissional tem que avaliar o paciente em busca de problemas médicos que possam ser a causa da perturbação mental.
[editar] Subespecialidades

Alguns psiquiatras especializam-se em certos grupos etários como pedopsiquiatras (especialistas em crianças e adolescentes) e os gerontopsiquiatras (especialistas em problemas psiquiátricos dos idosos). Muitos médicos que redigem laudo de sanidade (tanto em casos civis quanto criminais) são psiquiatras forenses, que também se especializaram no tratamento de criminosos e ou pacientes que apresentam periculosidade.

A Associação Brasileira de Psiquiatria reconhece as seguintes subespecialidades em psiquiatria:

* Psiquiatria da infância e adolescência ou Pedopsiquiatria
* Psiquiatria forense
* Psicogeriatria, Psiquiatria da terceira idade ou Gerontopsiquiatria
* Psicoterapia
* Interconsulta em Hospital Geral ou Psiquiatria de Ligação

Outras estão em fase de avaliação
[editar] Áreas de Estudo

* Psicopatologia, ou ciência que estuda os comportamentos anormais
* Emergência Psiquiátrica ou atendimento de casos críticos como doentes em crise (psicose, tentativa de suicídio, por exemplo)
* Psiquiatria da Infância e Adolescência, que atende problemas específicos desta faixa etária (autismo, Transtorno do deficit de atenção e hiperatividade)
* Psiquiatria Geral, estudo e atendimento de casos em psiquiatria em adultos (depressão nervosa, esquizofrenia)
* Psiquiatria da terceira idade, especializada no atendimento de problemas como Mal de Alzheimer e manifestações psíquicas da Síndrome de Parkinson
* Psicoterapia
* Toxicodependência ou abuso e dependência de drogas, lícitas e ilícitas
* Psiquiatria de ligação ou Interconsulta psiquiátrica, que diz respeito ao atendimento de sintomas psíquicos em doenças de outros sistemas, especialmente em doentes internados em hospitais gerais (por exemplo, delírio causado por reações à anestesia ou à baixa oxigenação em doentes cardíacos)
* Psiquiatria forense
* Epidemiologia psiquiátrica, que estuda risco e prevalência de doenças na população
* Psiquiatria Comunitária
* Psiquiatria Transcultural ou estudo das diversas manifestações da doença psíquica nas diferentes culturas

Além destas, na formação do psiquiatra são também fundamentais conhecimentos de Medicina interna, neurologia, radiologia, psicologia, sociologia, farmacologia e psicofarmacologia
[editar] O Tratamento em Psiquiatria

A terapêutica psiquiátrica evoluiu muito nas últimas décadas (veja também História da Psiquiatria). No passado os pacientes psiquiátricos eram hospitalizados em Hospitais psiquiátricos por muitos meses ou mesmo por toda a vida. Nos dias de hoje, a maioria dos pacientes é atendida em ambulatório (consultas externas). Se a hospitalização é necessária, em geral é por poucas semanas, sendo que poucos casos necessitam de hospitalização a longo prazo.

Pessoas com doenças mentais são denominadas pacientes (Brasil) ou utentes (Portugal) e são encaminhadas a cuidados psiquiátricos mais comumente por demanda espontânea (doente procura o médico por si mesmo) ou encaminhadas por outros médicos. Ocasionalmente uma pessoa pode ser encaminhada por solicitação da equipe médica de um hospital, por internação psiquiátrica involuntária ou por solicitação judicial.
[editar] Avaliação Inicial

Qualquer que tenha sido o motivo da consulta, o psiquiatra primeiro avalia a condição física e mental do paciente. Para tal, é realizada uma entrevista psiquiátrica para obter informação e se necessário, outras fontes são consultadas, como familiares, profissionais de saúde, assistentes sociais, policiais e relatórios judiciais e escalas de avaliação psiquiátricas. O exame físico é realizado para excluir ou confirmar a existência de doenças orgânicas como tumores cerebrais, doenças da tireóide, ou identificar sinais de auto-agressividade. O exame pode ser realizado por outros médicos, especialmente se exame de sangue ou diagnóstico por imagem é necessário. O exame do estado mental do doente é parte fundamental da consulta e é através dele que se define o quadro e a capacidade do mesmo em julgar a realidade

O do tratamento requer o consentimento do paciente, embora em muitos países existam leis que permitem o tratamento compulsório em determinados casos. Como com qualquer outro medicamento, medicamentos psiquiátricos podem apresentar efeito colateral e necessitar de monitoramento da droga frequente, como por exemplo, hemograma e litemia (necessária para pacientes em uso de sal de lítio). Eletroconvulsoterapia (ECT ou terapia de eletrochoque) às vezes pode ser administrada para condições graves que não respondem ao medicamento. Existe muita controvérsia sobre este tratamento, apesar de evidências de sua eficácia.

Alguns estudos pilotos demonstraram que a Estimulação magnética transcraniana repetitiva pode ser útil para várias condições psiquiátricas (como depressão nervosa, alucinações auditivas). No entanto, o potencial da estimulação magnética transcraniana para a diagnóstica e terapia psiquiátrica ainda não foi comprovado, por falta de estudos clínicos de longo prazo.[6]
[editar] Consultas externas ou ambulatório

Pacientes psiquiátricos podem ser seguidos em internamento ou em regime ambulatorial. Neste último, eles vão às consultas no ambulatório, geralmente marcadas antecipadamente, com duração de 30 a 60 minutos. Nestas consultas geralmente o psiquiatra entrevista o paciente para atualizar sua avaliação do estado mental, revê a terapêutica e pode realizar abordagem psicoterápica. A frequência com que o médico marca as consultas varia de acordo com a severidade e tipo de cada doença.
[editar] Internamento Psiquiátrico

Existem duas formas de internamento psiquiátrico, o voluntário e o compulsivo. Os pacientes podem ser internados voluntariamente quando o quadro clínico o justifique e este seja aceito pelo paciente. O internamento compulsivo terá lugar sempre que o paciente seja alvo de um mandado e/ou processo de internamento compulsivo por reunir as condições previstas na Lei de Saúde Mental (Lei nº.36/98 de 24 de Julho - Portugal) . Os critérios para a internamento compulsivo variam de país para país, mas em geral visam a presença de transtorno mental que coloque em risco imediato a saúde do próprio de terceiros ou a propriedade.

Quando internados os pacientes são avaliados, monitorados e medicados por uma equipe multidisciplinar, que inclui enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, médicos e outros profissionais de saúde.
[editar] Sistemas diagnósticos dos transtornos psiquiátricos

A CID-10 ou Classificação Internacional de Doenças é publicado pela Organização Mundial de Saúde e utilizado mundialmente. Nos Estados Unidos, o sistema diagnóstico padrão é o DSM IV ou Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders revisado pela American Psychiatric Association (Associação Americana de Psiquiatria). São sistemas compatíveis na acurácia dos diagnósticos com exceção de certas categorias, devido a diferenças culturais nos diversos países. A intenção tem sido criar critérios diagnósticos que são replicáveis e objetivos, embora muitas categorias sejam amplas e muitos sintomas apareçam em diversos transtornos. Enquanto os sistemas diagnósticos foram criados para melhorar a pesquisa em diagnóstico e tratamento, a nomenclatura é agora largamente utilizada por clínicos, administradores e companias de seguro de saúde em vários países.
Notas e referências

1. ↑ Pietrini, P. (2003). "Toward a Biochemistry of Mind?". American Journal of Psychiatry 160: 1907-1908/.
2. ↑ Shorter, E.. A History of Psychiatry: From the Era of the Asylum to the Age of Prozac.. [S.l.]: New York: John Wiley & Sons, Inc, p.326, ISBN = 978-0-47-124531-5, 1997.
3. ↑ Campo de Atuação do Psiquiatra * Transtornos Mentais Orgânicos * Estados Confusionais agudos (Atual Delirium) * Demência (parkinson, Alzheimer e outras) * Dependência Química (Alcoolismo, Cocaína, Crack, Maconha, etc). * Esquizofrenia, Psicoses esquizofreniformes * Transtorno Esquizoafetivo * Depressao (leve, moderada e grave) * Transtorno Bipolar do Humor (antiga Psicose Maniaco depressiva) * Transtornos de Ansiedade (Pânico, Fobias, TAG=Transtorno de Ansiedade generalizada, Stress, Reação aguda e crônica ao stress, stress pós-traumático) * TOC=Transtorno Obsessivo Compulsivo, Tiques (vocais e motores) * Transtornos Dissociativos (Amnésia, Crises Conversivas, Afonia, Paralisia) * Transotornos Somatoformes (Somatizaçoes) * Transtornos Alimentares (Anorexia, Bulimia, Transtorno de Compulsão Alimentar) * Depressão e psicose pós parto * Transtornos de personalidade (Borderline, anancástico, histriônico, esquizoide, etc) * Retardo Mental (antiga oligofrenia), leve moderada e grave Fonte: Kaplna, Compêndio de Psiquiatria, 10a edição, Classificação Internacional das Doenças, 10a edição. Essen-Moller, E. (1971). "On classification of mental disorders.". Acta Psychiatrica Scandinavica 37: 119-126..
4. ↑ Krebs, M.O. (2005). "Future contributions on genetics.". World Journal of Biological Psychiatry 6: 49-55.
5. ↑ Hampel, H.;Teipel, S.J.; Kotter, H.U.; et al. (1997). "Structural magnetic resonance imaging in diagnosis and research of Alzheimer's disease.". Nervenarzt 68: 365-378..
6. ↑ Ridding MC & Rothwell, JC. (2007) "Is there a future for therapeutic use of transcranial magnetic stimulation?" Nature Reviews Neuroscience 8: 559-567

* American Psychiatric Association (2000), Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. 4ª edição. Text revision. Washington, DC: American Psychiatric Association; 2000

* Ballone GJ, PsiqWeb, internet, disponível em www.psiqweb.med.br

* Sadock BJ, Sadock VA, eds. Kaplan & Sadock's Comprehensive Textbook of Psychiatry2000. 7ª edição. Baltimore: Lippincott Williams & Wilkins; 2000.
* World Health Organization (WHO) International Classification of Diseases Online Version, disponível em http://www.who.int/classifications/icd/en/

[editar] Ver também

* Antipsiquiatria
* Psiquiatria biológica
* História da Psiquiatria
* Movimento antimanicomial
* Neurologia
* Neurociência
* Neuropsiquiatria
* Psicanálise
* Psicologia
* Psicofarmacologia
* Psicopatologia
* Psicoterapia
* Saúde mental
* Instituto de Psiquiatria da UFRJ (IPUB)
* Jornal Brasileiro de Psiquiatria

[editar] Listas

* Personalidades ilustres em psiquiatria
* psiquiatras na ficção
* medicamentos psiquiátricos
o medicamentos psiquiátricos de acordo com a indicação

[editar] Ligações externas

* Associação Brasileira de Psiquiatria
* Associação Portuguesa de Internos de Psiquiatria
* Site Psiquiatria Geral, Prof. e Dr. Paulo Nicolau
* PSIQWEB - Portal de Psiquiatria


Movimento antimanicomial
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O Movimento Antimanicomial , também conhecido como Luta Antimanicomial, se refere a um processo mais ou menos organizado de transformação dos Serviços Psiquiátricos, derivado de uma série de eventos políticos nacionais e internacionais. O termo costuma ser usado de modo generalizante e pouco preciso.

O Movimento Antimanicomial tem o dia 18 de maio como data de comemoração no calendário nacional brasileiro. Esta data remete ao Encontro dos Trabalhadores da Saúde Mental, ocorrido em 1987, na cidade de Bauru, no estado de São Paulo.

Na sua origem, esse movimento está ligado à Reforma Sanitária Brasileira da qual resultou a criação do Sistema Unico de Saúde - (SUS); está ligado também à experiência de desinstitucionalização da Psiquiatria desenvolvidas em Gorizia e em Trieste, na Itália, por Franco Basaglia nos anos 60.

Como processo decorrente deste movimento, temos a Reforma Psiquiátrica, definida pela Lei 10216 de 2001 (Lei Paulo Delgado) como diretriz de reformulação do modelo de Atenção à Saúde Mental, transferido o foco do tratamento que se concentrava na instituição hospitalar, para uma Rede de Atenção Psicossocial, estruturada em unidades de serviços comunitários e abertos.

Segundo os estudos do Dr.Paulo Amarante, coordenador do livro Loucos Pela Vida: a Trajetória da Reforma Psiquiátrica no Brasil [1], a reforma psiquiátrica é um processo complexo [2], pode-se registrar como evento inaugural, desse movimento, a crise institucional vivida pela Divisão de Saúde Mental do Ministério da Saúde,(DINSAM) na década de setenta.

[3]Política pública de saúde mental é um processo político e social complexo, composto de participantes, instituições e forças de diferentes origens que acontece em diversos territórios. É um conjunto de transformações de práticas, saberes, valores culturais e sociais, e é no cotidiano da vida das instituições, dos serviços e das relações interpessoais que o processo da política avança, passando por tensões, conflitos e desafios.

Nos séculos passados, quando ainda não havia controle de saúde mental, a loucura era uma questão privada onde, as famílias eram responsáveis por seus membros portadores de transtorno mental. Os loucos eram livres para circulação nos campos, mas, nem tudo eram flores. Eles também eram alvo de chacotas, zombarias e escárnio público.

Com o passar dos anos, começou então a discussão e luta pela implantação de serviços de saúde mental no Brasil. Foi ai então que surgiram as primeiras instituições, no ano de 1841 na cidade do Rio de Janeiro, que era um abrigo provisório, logo após surgirem outras instituições como hospícios e casas de saúde. Somente agora no final do século XX é que a militância por serviços humanizados consegui às primeiras implantações de Centros de Atenção Psicossocial os CAPS .

Foi em 2001 que a Lei Paulo Delgado foi sancionada no país. A Lei redireciona a assistência em saúde mental, privilegiando o oferecimento de tratamento em serviços de base comunitária, dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas com transtornos mentais, mas não institui mecanismos claros para a progressiva extinção dos manicômios.
[editar] Referências

1. ↑ AMARANTE, Paulo. Loucos Pela Vida: a Trajetória da Reforma Psiquiátrica no Brasil Realease
2. ↑ Textos da Mostara em Saúde Mental da UFES
3. ↑ RESENDE,Heitor. Cidadania e Loucura: Políticas de Saúde Mental no Brasil. 7. Ed. Petrópolis: Vozes, 2001.

Reforma psiquiátrica no Brasil
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Este artigo é parte da série Reforma Psiquiátrica
Serviços substitutivos

* Centro de Atenção Psicossocial (CAPS)
* Centro de Convivência e Cultura
* Residência terapêutica

Outros artigos de interesse

* Desinstitucionalização
* Lei Paulo Delgado
* Programa de Volta para Casa
* Programa Anual de Reestruturação da Assistência Hospitalar (PRH)

Eventos nacionais

* I Conferência Nacional de Saúde Mental
* II Conferência Nacional de Saúde Mental
* III Conferência Nacional de Saúde Mental

A Reforma Psiquiátrica pretende construir um novo estatuto social para o doente mental, que lhe garanta cidadania, o respeito a seus direitos e sua individualidade.
Índice
[esconder]

* 1 Diretrizes
* 2 O movimento por uma sociedade sem manicômios e a reforma psiquiátrica
o 2.1 O caso das três adolescentes carbonizadas
o 2.2 O caso Damião Ximenes Lopes
* 3 A Justiça Terapêutica
o 3.1 Alternativas de internação no Rio Grande do Sul
* 4 Marcha pela Reforma Psiquiátrica
* 5 Referências
* 6 Ligações externas
* 7 Ver Também

[editar] Diretrizes

A reforma psiquiátrica pretende modificar o sistema de tratamento clínico da doença mental, eliminando gradualmente a internação como forma de exclusão social. Este modelo seria substituído por uma rede de serviços territoriais de atenção psicossocial, visando a integração da pessoa que sofre de transtornos mentais à comunidade.!

A rede territorial de serviços proposta na pela Reforma Psiquiátrica inclui centros de atenção psicossocial (CAPS), centros de convivência e cultura assistidos, cooperativas de trabalho protegido (economia solidária), oficinas de geração de renda e residências terapêuticas, descentralizando e territorializando o atendimento em saúde, conforme previsto na Lei Federal que institui o Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil. Esta rede substituiria o modelo arcaico dos manicômios do Brasil. A reforma psiquiátrica a desativação gradual dos manicômios, para que aqueles que sofrem de transtornos mentais possam conviver livremente na sociedade. Ocorre que muitos deles sequer têm nome conhecido, documentos, familiares, dificultando a reinserção social. Também não possuem acesso aos benefícios sociais oferecidos pelo Estado, como a aposentadoria e auxílio-doença.


Políticas Públicas de Saúde Mental.

As Políticas Públicas de Saúde Mental visam elaborar leis que contribuam para a melhoria no atendimento dos serviços e benefícios para os usuários, transformando aquilo que é individual em ações coletivas, garantindo assim seus direitos sociais. A prática em saúde mental é uma responsabilidade social e deve se relacionar ao desenvolvimento histórico da sociedade.

Nas Conferências Nacionais são discutidas Políticas Públicas que tem como objetivo a melhoria dos serviços, construções de novos CAPS, Residências Terapêuticas, entre outras demandas características de cada comunidade. As diretrizes e os assuntos discutidos nas Conferências Municipais com representantes de usuários e de prestadores de serviços. Temas como como inserção social,comunicação, educação e instrumentos para a consolidação do SUS, são discutidos, elaboram-se proposições de melhoria e então levados, por delegados escolhidos para as Conferências Estaduais e nelas são discutudos os assuntos em maior destaque para a formação ou melhoria das Políticas Públicas e dos direitos sociais dos usuários.

Assim, as Políticas Públicas de Saúde Mental devem discutir e atualizar todos os meios de acesso da população às informações, estudar as demandas at´ravés de critérios epidemiológicos visando melhorias nos serviços principalmente para os usuários facilitando o processo de inclusão e inserção social na comunidade.
[editar] O movimento por uma sociedade sem manicômios e a reforma psiquiátrica

As políticas para a saúde mental foram objeto de vivo interesse de atores sociais que a influenciaram através de atuações externas à gestão sanitária nas últimas três décadas, determinando, em grande medida, sua trajetória. Amarante define reforma psiquiátrica como um processo histórico de formulação crítica e prática, que tem como objetivos e estratégias o questionamento e elaboração de propostas de transformação do modelo clássico e do paradigma da psiquiatria (1995). No caso brasileiro esse processo é tributário dos debates teóricos e das experiências que constituem o ideário da "nova psiquiatria" (Venancio, 1990). No Brasil, o processo se iniciou no final da década de 1970, no contexto político de luta pela democratização. O principal marco de sua fundação é a chamada "crise da Dinsam" (Divisão Nacional de Saúde Mental), que eclode em 1978. Os profissionais da área denunciavam as péssimas condições da maioria dos hospitais psiquiátricos do Ministério da Saúde no Rio de Janeiro e vários foram demitidos. No mesmo ano, no V Congresso Brasileiro de Psiquiatria, uma caravana de profissionais da saúde demitidos no processo de lutas da Dinsam divulgou o Manifesto de Camboriú e marcou o I Encontro Nacional de Trabalhadores em Saúde Mental, realizado em São Paulo, em 1979. Neste processo surge o principal protagonista da reforma psiquiátrica brasileira, o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM).

O MTSM foi o primeiro movimento em saúde com participação popular, não sendo identificado com um movimento ou entidade de saúde, mas pela luta popular no campo da saúde mental (...) (Amarante, 1995).

A 8ª Conferência Nacional de Saúde, com 176 delegados eleitos nas conferências estaduais, usuários e outros segmentos representativos é vista como um marco e um ponto de inflexão do processo, pois a partir dela o movimento assumiu o lema "por uma sociedade sem manicômios" e criou o Dia de Luta Antimanicomial (Venancio, 1990). Em particular, nessa trajetória, é importante assinalar a vinda ao Brasil, em 1986, de Franco Rotelli, então secretário geral da Rede Internacional de Alternativas à Psiquiatria, e diretor do Serviço de Saúde Mental de Trieste, desde a saída de Franco Basaglia. Segundo Amarante, a partir do evento conhecido como Congresso de Bauru, a partir da criação de experiências institucionais e associativas alternativas em São Paulo, Santos e Bauru e da elaboração do projeto de lei que mais tarde ficou conhecido como Projeto Paulo Delgado, ocorreu uma ruptura com o processo anterior da reforma psiquiátrica. Passou a haver o reconhecimento da inviabilidade de transformação meramente "por dentro" das instituições e a retomada das perspectivas desinstitucionalizantes e basaglianas do início do MTSM. A partir de então, promoveu-se a abertura do movimento para novos atores, como as associações de usuários e familiares. A partir de 1987, o MTSM passou a denominar-se Movimento por uma Sociedade sem Manicômios. Em 1992, em Brasília, foi realizada a decisiva 2ª Conferência Nacional de Saúde Mental, com 1.500 participantes. Os desafios da desospitalização continuaram ao longo da década, inclusive a partir de uma importante frente parlamentar e do desenvolvimento de experiências alternativas de atendimento como hospital-dia.

A reforma psiquiátrica é o tema de um debate em andamento no Brasil há anos, as resoluções tomadas neste processo ainda não foram totalmente implementadas. Em abril de 2001 foi aprovada a Lei Federal de Saúde Mental, nº 10.216, que regulamenta o processo de Reforma Psiquiátrica no Brasil.
[editar] O caso das três adolescentes carbonizadas

Hospitais psiquiátricos abrigam menores dependentes de drogas e são cenários de tragédias [1]como o caso das três adolescentes que morreram carbonizadas no início de julho de 2006 em um quarto do Hospital Psiquiátrico da Santa Casa de Rio Grande.[2]

Segundo informações do hospital, foram as próprias garotas, de 14, 15 e 17 anos de idade, as autoras do incêndio suicida. Duas delas já haviam recebido alta dos médicos, mas permaneciam internadas por decisão da Justiça.[2]

No dia seguinte às mortes, uma equipe composta, entre outros, por Sandra Fagundes, do Ministério da Saúde e Neuza Guareschi, do Conselho Regional de Psicologia, esteve no local. Foi recebida pelo diretor administrativo do complexo da Santa Casa, Rodolfo de Brito. Segundo ele, a instituição tem uma equipe formada por diversos especialistas, uma residência em psiquiatria, e é considerada uma referência no estado, mas sua vocação não é abrigar dependentes químicos. Na ocasião, o administrador disse, ainda, que a tragédia aconteceu porque, mesmo sem ter estrutura para isso, o hospital é obrigado a acolher os jovens enviados, de forma compulsória, por decisão judicial.

Para apurar o que ocorreu, na Justiça e no hospital, já estão em andamento um inquérito policial e um processo do Ministério Público. Os quartos e a enfermaria entraram em reforma no dia seguinte ao incêndio – o que impossibilitou a realização de uma perícia esclarecedora acerca do ocorrido naquela noite.
[editar] O caso Damião Ximenes Lopes

O Brasil foi processado e condenado na Corte Interamericana de Direitos Humanos da Organização dos Estados Americanos (OEA), pela morte de Damião Ximenes Lopes na Casa de Repouso Guararapes, em Sobral, Ceará, em 1999. Foi acusado de violar quatro artigos da Convenção Americana: os direitos à vida, à integridade física, às garantias judiciais e à proteção judicial[3] .

À época, a Subsecretaria de Direitos Humanos da Presidência da República informou que o Estado brasileiro reconheceu que a violação dos direitos à vida e à integridade física "foi conseqüência da insuficiência de resultados positivos na implementação das políticas públicas de reforma da saúde mental que possibilitassem procedimentos de credenciamento e fiscalização mais eficazes de instituições privadas de saúde".[4]

A defesa brasileira alegou, no entanto, que tal situação "não correspondia" ao atual grau de evolução e implementação das políticas públicas na área de saúde mental e direitos humanos dos pacientes em todo o território brasileiro. No caso particular de Sobral, foram apontados os avanços obtidos com o descredenciamento e fechamento da Casa de Repouso Guararapes e a implementação da Rede de Atenção Integral à Saúde Mental de Sobral (RAISM) e o respeito à memória de Damião, tendo o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) da cidade recebido o seu nome [1].
[editar] A Justiça Terapêutica

A Justiça Terapêutica é um programa judicial para atendimento integral do indivíduo, adolescente ou maior, envolvido com drogas lícitas ou ilícitas, inclusive alcoolismo, e violência doméstica ou social, priorizando a recuperação do autor da infração e a reparação dos danos à vítima. É um instrumento judicial para evitar a imposição de penas privativas de liberdade ou até mesmo penas de multa - que, no caso, podem se mostrar ineficientes -, deslocando o foco da punição pura e simples para a recuperação biopsicossocial do agente. Ou seja: a internação numa clínica psiquiátrica, do ponto de vista do tribunal, não implica privação de liberdade.

Segundo pesquisa realizada pelo Centro Brasileiro de Informações Sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID), da Universidade Federal de São Paulo, quase um quinto dos brasileiros entre 12 e 65 anos, em 107 cidades com mais de 200 mil habitantes, já experimentou algum tipo de droga ilegal (outras que não álcool ou tabaco).
[editar] Alternativas de internação no Rio Grande do Sul

A Biblioteca Virtual em Saúde Mental, do sistema Prossiga, mantido pelo Governo Federal, não inclui a Santa Casa de Rio Grande entre as clínicas especializadas em tratamento de doentes mentais ou de adictos.

Considerando que os juízes gaúchos estão orientados a internar adolescentes envolvidos com drogas, poderiam ter escolhido uma das seguintes instituições, em seu estado:

* Clínica Pinel

A Clínica Pinel dispõe de quatro unidades: Unidade Paulo Guedes voltada para atender pessoas cujas capacidades psíquicas estão mais abaladas; Centro Vitae específico para tratamentos de dependentes químicos; Unidade Mário Martins voltada para pessoas com capacidade de auto-gerenciamento e a Unidade Melanie Klein que dispõe de um serviço diferenciado com infra-estrutura personalizada, voltada a atender às necessidades do paciente, tanto psíquicas, quanto de hotelaria de alto nível. O site apresenta os convênios e oferece atendimento ambulatorial.

* Hospital de Clínicas de Porto Alegre - HCPA. Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS

[1] Oferece Serviço de Psiquiatria Geral e Serviço de Psiquiatria da Infância e da Adolescência. No âmbito assistencial, funciona em 3 áreas básicas: Unidade de Internação Psiquiátrica, disponibilizando 26 leitos para atendimento do SUS, 4 privativos e 6 semi-privativos e mantém uma extensa rotina de trabalho. Ambulatórios de Psiquiatria, operando em seus programas de atendimentos específicos e Consultoria Psiquiátrica. Por ser um hospital universitário, desenvolvem também as diversas linhas de pesquisa tanto do serviço como do Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da UFRGS.

* Prontopsiquiatria. Centro Psiquiátrico de Pronto Atendimento

[2] O Prontopsiquiatria é um serviço na área da neuropsiquiatria que atua na Clínica São José em Porto Alegre - Rio Grande do Sul. Oferece aos clientes pronto atendimento, emergência psiquiátrica, atendimento domiciliar, remoções e internação hospitalar. Trabalha com vários convênios e também realiza diversos eventos, com os objetivos voltados para a assistência, o ensino e a pesquisa.

[editar] Marcha pela Reforma Psiquiátrica

Em 30 de setembro de 2009 será realizada a Marcha dos Usuários - por Reforma Psiquiátrica Antimanicomial. Com a realização da Rede Nacional Internúcleos da Luta Antimanicomial e o apoio de diversas entidades, como o Conselho Federal de Psicologia, a Marcha será um marco histórico para a luta, pois os usuários de serviços de saúde mental estarão na rua para defender os seguintes pontos:

* Defender o Sistema Único de Saúde (SUS) ressaltando o papel fundamental que o Sistema tem na Reforma Psiquiátrica Antimanicomial, que é oferecer estrutura adequada e melhores condições de atendimento para tratamento de portadores de sofrimento mental

* Defender o cumprimento da Lei da Reforma Psiquiátrica (10.216/01)

* Reivindicar a realização da IV Conferência Nacional de Saúde Mental (9 anos após a III, realizada em 2001), que tem a importância de discutir passos fundamentais para o avanço da Reforma Psiquiátrica Antimanicomial, além de estabelecer novos marcos para profissionais da área e portadores de transtornos mentais, que estão cada dia mais atuantes socialmente.

* Exigir a efetiva implantação do "Programa de Volta para Casa", criado pelo Ministério da Saúde em 2003 com o objetivo de reintegrar socialmente pessoas com transtornos mentais que passaram por longas internações. O programa dispõe também de um auxílio financeiro para o beneficiário ou seu representante legal.


Referências

1. ↑ Psicologia on line - Adolescentes morrem carbonizadas em hospital psiquiátrico no Rio Grande do Sul. (12.07.2006). Página visitada em 07/02/2009.
2. ↑ a b "CRPRS - Conselho Regional de Psicologia do Rio Grande do Sul - Relatório: Tragédia em Rio Grande". 15/07/2006. (página da notícia visitada em 07/02/2009)
3. ↑ Corte Interamericana de Direitos Humanos. Caso Ximenes Lopes versus Brasil. Sentença de 4 de Julho de 2006. http://www.global.org.br/docs/sentencaximenesportugues.doc
4. ↑ Correia, L.C. Responsabilidade internacional por violação de direitos humanos: o Brasil e o caso Damião Ximenes. Prima Facie, ano 4, n.7, p. 79-94. http://www.ccj.ufpb.br/primafacie/prima/artigos/n7/responsabilidade.pdf

Amarante P 1995 (coord.). Loucos pela vida: a trajetória da reforma psiquiátrica no Brasil. Fiocruz, Rio de Janeiro. Venancio ATA 1990. Sobre a "nova psiquiatria" no Brasil: um estudo de caso do hospital-dia do Instituto de Psiquiatria. Dissertação de mestrado. Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
[editar] Ligações externas

* Goulart M.S.B. (jun. 2006). "A Construção da Mudança nas Instituições Sociais: A Reforma Psiquiátrica (Changing social institutions: The psychiatric reform)". Pesquisas e Praticas Psicossociais v. 1 (n. 1): 1—19.

[editar] Ver Também

* Antipsiquiatria
* Movimento antimanicomial
* Nise da Silveira
* III Conferência Nacional de Saúde Menta
Antipsiquiatria
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Antipsiquiatria é um termo que se refere a uma coleção de movimentos que visam a criticar as teorias e práticas fundamentais da psiquiatria tradicional. Críticas comuns são: que a psiquiatria aplica conceitos e instrumentos médicos de modo inapropriado à mente e à sociedade; que ela frequentemente trata pacientes contra a vontade; que ela inapropriadamente exclui outras abordagens à doença e ao sofrimento mental; que sua integridade médica e ética é comprometida por ligações com a indústria farmacêutica e com companhias de seguro; que ela usa um sistema de diagnóstico categorial (por exemplo, Manual Diagnóstico e Estatístico de Desordens Mentais) que se acusa de estigmatizar pacientes e de ser mal-fundamentado científica e clinicamente; e que o sistema psiquiátrico é vivido por muitos de seus pacientes como humilhante e controlador.

Alguns profissionais de saúde mental e acadêmicos professam visões antipsiquiátricas. Certa proporção de usuários e ex-usuários de serviços psiquiátricos também o fazem. Algumas críticas atuais focam a psiquiatria biológica predominante. Apesar do nome, algumas partes do movimento promovem uma forma de psiquiatria que é apenas contrária às teorias e métodos da corrente principal. Alguns assim chamados "antipsiquiatras" estão ansiosos para se dissociarem do termo e das associações pejorativas que ele tem atraído.

A antipsiquiatria inspirou mudanças significativas na psiquiatria e na origem de outros movimentos, como o orgulho autista. No Brasil, ela está na raiz da reforma psiquiátrica.
Índice
[esconder]

* 1 Origens da antipsiquiatria
* 2 Julgamentos de normalidade e doença
* 3 Veja também
* 4 Referências

[editar] Origens da antipsiquiatria

Daniel Defoe, o autor de Robinson Crusoe, revelou, no século XVIII, que maridos costumavam encarcerar suas desobedientes (mas sãs) esposas. Como a psiquiatria se estabeleceu mais profissionalmente durante o século XIX e se desenvolveram tratamentos mais invasivos, a oposição a isso aumentou. No século XVIII, caracterizou-se a drapetomania como uma doença psiquiátrica, um princípio pseudocientífico pelo qual escravos fugiam do controle de seus donos. Nos anos 1920, a oposição surrealista à psiquiatria foi expressa em certo número de publicações do movimento (ver, por exemplo, Antonin Artaud). Na década de 1930, várias práticas médicas controversas foram introduzidas, incluindo indução a convulsões (por eletrochoque, insulina ou outras drogas) ou cortar partes do cérebro (leucotomia ou lobotomia). Ambas entraram em uso difundido pela psiquiatria, mas houve sérias preocupações e muita oposição por razões de moralidade, efeitos nocivos ou utilização indevida.

Na década de 1950, novos psicofármacos, nomeadamente os antipsicóticos clorpromazina e haloperidol, foram concebidos em laboratórios e lentamente passaram a ser preferidos pelos médicos. Embora geralmente aceitos como um avanço em alguns aspectos, houve alguma oposição, em parte devido a efeitos adversos graves, como a discinesia tardia. Os pacientes frequentemente se opõem à psiquiatria e se recusam a tomar ou param de tomar os medicamentos quando não estejam sujeitos a controle psiquiátrico. Houve também crescente oposição à utilização em larga escala dos hospitais psiquiátricos e instituições, e tentativas foram feitas à base de serviços na comunidade.

Chegando ao auge na década de 1960, a "antipsiquiatria" (um termo usado primeiramente por David Cooper, em 1967) definiu um movimento que desafiou as práticas fundamentais da psiquiatria tradicional. Os psiquiatras Ronald D. Laing, Theodore Lidz, Silvano Arieti e outros argumentaram que a esquizofrenia poderia ser entendida como um autoprejuízo interior infligido por pais psicologicamente invasivos, ou "esquizofrenogênicos", ou como uma saudável tentativa de lidar com uma sociedade doente.

O psiquiatra Thomas Szasz argumenta que "doença mental" é uma intrinsecamente incoerente combinação de um conceito médico e um conceito psicológico, mas é popular porque legitima o uso da força psiquiátrica para controlar e limitar desvios de normas sociais. Adeptos desse ponto de vista se referem ao Mito da Doença Mental, controverso livro de Szasz do mesmo nome. (Embora o movimento originalmente descrito como antipsiquiatria tenha se associado com o grande movimento de contracultura dos anos 1960, Szasz, Lidz e Arieti nunca se envolveram neste movimento.)

Michel Foucault, Erving Goffman, Gilles Deleuze, Félix Guattari e outros criticaram o poder e o papel da psiquiatria na sociedade, incluindo a utilização de "instituições totais", rótulos e estigmas . Foucault argumentou que os conceitos de sanidade e loucura são construções sociais que não refletem padrões quantificáveis de comportamento humano e que antes são apenas indicativos do poder dos "saudáveis" sobre o "demente".

Documentadores do holocausto argumentam que a medicalização de problemas sociais e a eutanásia sistemática de pessoas nas instituições mentais da Alemanha dos anos 1930 forneceram as origens institucionais, procedimentais e doutrinárias do assassinato em massa dos anos 1940. O julgamento de Nuremberg condenou certo número de psiquiatras que ocupavam posições-chave no regime nazista.

Esquizofrenia progressiva era um diagnóstico comum na extinta União Soviética. A observação dos abusos da psiquiatria na União Soviética, no chamados hospitais Psikhushka, também levaram a questionar a validade da prática da psiquiatria no Ocidente. Em especial, o diagnóstico de muitos dissidentes políticos com esquizofrenia levou alguns à questão geral do diagnóstico e ao uso punitivo do rótulo de esquizofrenia. Isso levantou questões sobre se o rótulo de esquizofrenia e o tratamento psiquiátrico involuntário resultante não poderiam ter sido igualmente utilizados no Ocidente para submeter jovens rebeldes durante conflitos familiares.

A antipsiquiatria contestou cada vez mais o alegado pessimismo psiquiátrico e a alienação institucionalizada em relação àqueles classificados como doentes mentais. O emergente movimento de consumidores/sobreviventes frequentemente alega uma recuperação total, empoderamento, autogestão e até mesmo plena libertação. Foram desenvolvidas formas de desafiar o estigma e a discriminação, muitas vezes baseados em um modelo social de deficiência, para ajudar ou encorajar as pessoas com problemas de saúde mental a envolver-se mais plenamente no trabalho e na sociedade (por exemplo, através de empresas sociais), e a envolver os usuários na prestação e na avaliação dos serviços de serviço saúde mental. No entanto, aqueles que ativa e abertamente desafiaram a ética fundamental e a eficácia da prática psiquiátrica tradicional permaneceram marginalizados dentro da psiquiatria e, em menor escala, da mais ampla comunidade de saúde mental.
[editar] Julgamentos de normalidade e doença

Críticos da psiquiatria geralmente não contestam a noção de que algumas pessoas têm problemas emocionais ou psicológicos, ou que algumas psicoterapias não funcionam para um determinado problema. Eles costumam discordar da psiquiatria sobre a origem desses problemas, sobre a adequação de caracterizar esses problemas como doenças e sobre quais as opções de lidar com eles. Por exemplo, uma preocupação primordial da antipsiquiatria é que o grau de aderência ao padrão comum de um indivíduo, ou à maioria, pode ser utilizado para determinar o nível de saúde mental da pessoa.

Usando essa lógica, alegam que, em um nível de violência comunal como um apedrejamento público, uma pessoa que se abstém da violência poderia ser diagnosticada como doente mental e deveria, portanto, ser tratada. Além disso, se o desacordo com a maioria de uma sociedade constitui ilusão, qualquer pessoa cujas declarações são consideradas pela maioria como incorretas será uma pessoa delusional, independentemente da real justeza das suas ideias, ou, dizendo de outro modo, os critérios pelos quais uma crença é considerada uma ilusão devem necessariamente flutuar com a opinião da maioria.

Sob essa definição, os críticos da psiquiatria argumentam que os proponentes do heliocentrismo, como Galileu, teriam sido justamente caracterizados como delusionais, pois suas ideias foram amplamente tidas como incorretas quando foram inicialmente formuladas. E é só porque a maioria apoia atualmente um modelo heliocêntrico do sistema solar que uma crença oposta poderá agora ser considerada um "engano".

Muitos sentem que estão sendo patologizados por simplesmente serem diferentes. A comunidade autista cunhou uma série de termos que aparecem para formar a base de um novo ramo de identidade, como "neurodiversidade". Outros argumentam que a normalidade é apenas um tipo especial de loucura.
Loucura
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Parte de Alegoria do Triunfo de Vênus, de Agnolo Bronzino.

A loucura ou insânia é segundo a psicologia uma condição da mente humana caracterizada por pensamentos considerados "anormais" pela sociedade. É resultado de doença mental, quando não é classificada como a própria doença. A verdadeira constatação da insanidade mental de um indivíduo só pode ser feita por especialistas em psicopatologia.

Algumas visões sobre loucura defendem que o sujeito não está doente da mente, mas pode simplesmente ser uma maneira diferente de ser julgado pela sociedade. Na visão da lei civil, a insanidade revoga obrigações legais e até atos cometidos contra a sociedade civil com diagnóstico prévio de psicólogos, julgados então como insanidade mental.
[editar] A loucura ao longo do tempo

As significações da loucura mudaram ao longo da história. Na visão de Homero, os homens não passariam de bonecos à mercê dos deuses e teriam, por isso, seu destino conduzido pelos "moiras", o que criava uma aparência de estarem possuídos, ao qual os gregos chamaram "mania".

Para Sócrates, este fato geraria quatro tipos de loucuras: a profética, em que os deuses se comunicariam com os homens possuindo o corpo de um deles, o oráculo. A ritual, em que o louco se via conduzido ao êxtase através de danças e rituais, ao fim dos quais seria possuído por uma força exterior. A loucura amorosa, produzida por Afrodite, e a loucura poética, produzida pelas musas.

Philippe Pinel alterou significativamente a noção de loucura ao anexá-la à razão. Ao separar o louco do criminoso, afastou o aspecto de julgamento moral que constituía até então o principal parâmetro da definição da loucura.

Hegel afirmou que a loucura não seria a perda abstrata da razão: "A loucura é um simples desarranjo, uma simples contradição no interior da razão, que continua presente". A loucura deixou de ser o oposto à razão ou sua ausência, tornando possível pensá-la como "dentro do sujeito", a loucura de cada um, possuidora de uma lógica própria. Hegel tornou possível pensar a loucura como pertinente e necessária à dimensão humana, e afirmou que só seria humano quem tivesse a virtualidade da loucura, pois a razão humana só se realizaria através dela.
[editar] Ver também
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* Sanidade
* Doença mental
* Psicose
* Esquizofrenia
* Luta antimanicomial
* Michel Foucault
* Nise da Silveira
* Museu da Loucura

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Saúde
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Disambig grey.svg Nota: Para outros significados de Saúde, veja Saúde (desambiguação).
Disambig grey.svg Nota: Sanidade redireciona para este artigo. Para sanidade mental, veja saúde mental.

Bandeira da OMS.

A definição de saúde possui implicações legais, sociais e econômicas dos estados de saúde e doença; sem dúvida, a definição mais difundida é a encontrada no preâmbulo da Constituição da Organização Mundial da Saúde: saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência de doenças.
Índice
[esconder]

* 1 Definições
* 2 Determinantes da saúde
* 3 Profissões da área da saúde
* 4 Referências
* 5 Ligações externas

[editar] Definições

Quando a Organização Mundial da Saúde foi criada, pouco após o fim da Segunda Guerra Mundial, havia uma preocupação em traçar uma definição positiva de saúde, que incluiria fatores como alimentação, atividade física, acesso ao sistema de saúde e etc. O "bem-estar social" da definição veio de uma preocupação com a devastação causada pela guerra, assim como de um otimismo em relação à paz mundial — a Guerra Fria ainda não tinha começado. A OMS foi ainda a primeira organização internacional de saúde a considerar-se responsável pela saúde mental, e não apenas pela saúde do corpo.

A definição adotada pela OMS tem sido alvo de inúmeras críticas desde então. Definir a saúde como um estado de completo bem-estar faz com que a saúde seja algo ideal, inatingível, e assim a definição não pode ser usada como meta pelos serviços de saúde. Alguns afirmam ainda que a definição teria possibilitado uma medicalização da existência humana, assim como abusos por parte do Estado a título de promoção de saúde.

Por outro lado, a definição utópica de saúde é útil como um horizonte para os serviços de saúde por estimular a priorização das ações. A definição pouco restritiva dá liberdade necessária para ações em todos os níveis da organização social.

Christopher Boorse definiu em 1977 a saúde como a simples ausência de doença; pretendia apresentar uma definição "naturalista". Em 1981, Leon Kass questionou que o bem-estar mental fosse parte do campo da saúde; sua definição de saúde foi: "o bem-funcionar de um organismo como um todo", ou ainda "uma actividade do organismo vivo de acordo com suas excelências específicas." Lennart Nordenfelt definiu em 2001 a saúde como um estado físico e mental em que é possível alcançar todas as metas vitais, dadas as circunstâncias.

As definições acima têm seus méritos, mas provavelmente a segunda definição mais citada também é da OMS, mais especificamente do Escritório Regional Europeu: A medida em que um indivíduo ou grupo é capaz, por um lado, de realizar aspirações e satisfazer necessidades e, por outro, de lidar com o meio ambiente. A saúde é, portanto, vista como um recurso para a vida diária, não o objetivo dela; abranger os recursos sociais e pessoais, bem como as capacidades físicas, é um conceito positivo.

Essa visão funcional da saúde interessa muito aos profissionais de saúde pública, incluindo-se aí os médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e os engenheiros sanitaristas, e de atenção primária à saúde, pois pode ser usada de forma a melhorar a eqüidade dos serviços de saúde e de saneamento básico, ou seja prover cuidados de acordo com as necessidades de cada indivíduo ou grupo.
[editar] Determinantes da saúde

O relatório Lalonde sugere que existem quatro determinantes gerais de saúde, incluindo biologia humana, ambiente, estilo de vida e assistência médica.[1] Assim, a saúde é mantida e melhorada, não só através da promoção e aplicação da ciência da saúde, mas também através dos esforços e opções de vida inteligentes do indivíduo e da sociedade.

O Alameda County Study analisa a relação entre estilo de vida e saúde. Descobriu que as pessoas podem melhorar sua saúde através de exercício, sono suficiente, mantendo um peso saudável, limitando o uso de álcool e evitando fumar.[2]

Um dos principais factores ambientais que afetam a saúde é a qualidade da água, especialmente para a saúde dos lactentes e das crianças em países em desenvolvimento.[3]

Estudos mostram que em países desenvolvidos, a falta de espaços de lazer no bairro que inclua o ambiente natural conduz a níveis mais baixos de satisfação nesses bairros e níveis mais elevados de obesidade e, portanto, menor bem-estar geral.[4] Por isso, os benefícios psicológicos positivos do espaço natural em aglomerações urbanas devem ser levados em conta nas políticas públicas e de uso da terra.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, os principais determinantes da saúde incluem o ambiente social e econômico, o ambiente físico e as características e comportamentos individuais da pessoa.[5] Em geral, o contexto em que um indivíduo vive é de grande importância na sua qualidade de vida e em seu estado de saúde. O ambiente social e econômico são fatores essenciais na determinação do estado de saúde dos indivíduos dado o fato de que altos níveis educacionais estão relacionados com um alto padrão de vida, bem como uma maior renda. Geralmente, as pessoas que terminam o ensino superior têm maior probabilidade de conseguir um emprego melhor e, portanto, são menos propensas ao estresse em comparação com indivíduos com baixa escolaridade.

O ambiente físico é talvez o fator mais importante que deve ser considerado na classificação do estado de saúde de um indivíduo. Isso inclui fatores como água e ar limpos, casas, comunidades e estradas seguras, todos contribuindo para a boa saúde.[5]

A percepção de saúde varia muito entre as diferentes culturas, assim quanto as crenças sobre o que traz ou retira a saúde. A OMS define ainda a Engenharia sanitária como sendo um conjunto de tecnologias que promovem o bem-estar físico, mental e social. Sabe-se que sem o saneamento básico (sistemas de água, de esgotos sanitários e de limpeza urbana) a saúde pública fica completamente prejudicada.

A OMS reconhece ainda que a cada unidade monetária (dólar, euro, real, etc.) dispendida em saneamento economiza-se cerca de quatro a cinco unidades em sistemas de saúde (postos, hospitais, tratamentos,etc.) e que cerca de 80% das doenças mundiais são causadas por falta de água potável suficiente para atender as populações.
[editar] Profissões da área da saúde

Ver artigo principal: Profissional da área da saúde

O Estado republicano obriga à regulamentação das profissões consideradas indispensáveis para o bem-estar do cidadão brasileiro, através da prática assistencial responsável e segura ao ser humano. No Brasil, a regulamentação das profissões de saúde se dá através de decretos e leis somente em nível federal, envolvendo o Congresso Nacional do Brasil e o Presidente da República.

As profissões regulamentadas na área da Saúde no Brasil, em ordem cronológica pela primeira lei de exercício, são:
v • e
ESPECIALIDADES MÉDICAS
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Clínicas
Angiologia • Cardiologia • Clínica médica • Dermatologia • Endocrinologia e metabologia • Gastroenterologia • Geriatria • Hematologia e hemoterapia • Infectologia • Nefrologia • Neurologia • Pediatria • Pneumologia • Reumatologia
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Cirúrgicas
Cirurgia cardiovascular • Cirurgia de cabeça e pescoço • Cirurgia da mão • Cirurgia do aparelho digestivo • Cirurgia geral • Cirurgia pediátrica • Cirurgia plástica • Cirurgia torácica • Cirurgia vascular • Neurocirurgia
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Mistas
Cancerologia • Coloproctologia • Ginecologia e obstetrícia • Mastologia • Oftalmologia • Ortopedia e traumatologia • Otorrinolaringologia • Urologia
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Diversas
Alergologia • Anestesiologia • Endoscopia • Genética médica • Medicina de família e comunidade • Medicina do trabalho • Medicina do tráfego • Medicina esportiva • Medicina intensiva • Medicina física e reabilitação • Medicina legal • Medicina nuclear • Medicina preventiva e social • Nutrologia • Patologia • Patologia Clínica/Medicina laboratorial • Psiquiatria • Radiologia e diagnóstico por imagem • Radioterapia
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Complementares
Acupuntura • Homeopatia
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Outros Profissonais de Saúde
Biomedicina • Educação Física • Enfermagem • Farmácia • Fisioterapia • Fonoaudiologia • Medicina Veterinária • Nutrição • Odontologia • Psicologia • Terapia ocupacional • Serviço social

* Odontologia - 1931;
* Farmácia - 1932;
* Enfermagem - 1955;
* Nutrição - 1967;
* Veterinária - 1968;
* Fisioterapia - 1969;
* Terapia Ocupacional - 1969;
* Psicologia - 1971;
* Biomedicina - 1979;
* Fonoaudiologia - 1981;
* Educação Física - 1998;
* Serviço Social - 1999;
* Profissional de Educação Física - 2000;
* Especialidades médicas e outras profissões

Referências

1. ↑ Lalonde, Marc. "A New Perspective on the Health of Canadians." Ottawa: Minister of Supply and Services; 1974.
2. ↑ Housman, Jeff (September/October 2005). "The Alameda County Study: A Systematic, Chronological Review" (PDF). American Journal of Health Education 36 (5): 302–308. Reston, VA: American Alliance for Health, Physical Education, Recreation and Dance. ISSN 1055-6699. ERIC document number EJ792845. Citing Wingard DL, Berkman LF, Brand RJ (1982). "A multivariate analysis of health-related practices: a nine-year mortality follow-up of the Alameda County Study". Am J Epidemiol 116 (5): 765–775. PMID 7148802.
3. ↑ The UN World Water Development Report|Facts and Figures|Meeting basic needs
4. ↑ "Recreational Values of the Natural Environment in Relation to Neighborhood Satisfaction, Physical Activity, Obesity and Wellbeing."
5. ↑ a b The determinants of health. Página visitada em 24 de junho de 2010.

[editar] Ligações externas
Psicologia
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Psicologia (do grego Ψυχολογία, transl. psykhologuía, de ψυχή, psykhé, "psique, "alma", "mente" e λόγος, lógos, "palavra", "razão" ou "estudo") "é a ciência que estuda o comportamento (tudo o que organismo faz) e os processos mentais (experiências subjetivas inferidas através do comportamento)".[1] O principal foco da psicologia se encontra no indivíduo, em geral humano, mas o estudo do comportamento animal para fins de pesquisa e correlação, na área da psicologia comparada, também desempenha um papel importante (veja também etologia).

A psicologia científica, tratada neste artigo, não deve confundir-se com a psicologia do senso comum ou psicologia popular que é o conjunto de ideias, crenças e convicções transmitido culturalmente e que cada indivíduo possui a respeito de como as pessoas funcionam, se comportam, sentem e pensam. A psicologia usa em parte o mesmo vocabulário, que adquire assim significados diversos de acordo com o contexto em que é usado.[2] Assim, termos como "personalidade" ou "depressão" têm significados diferentes na linguagem psicológica e na linguagem quotidiana. A própria palavra "psicologia" é muitas vezes usada na linguagem comum como sinônimo de psicoterapia e, como esta, é muitas vezes confundida com a psicanálise ou mesmo a análise do comportamento.

O termo parapsicologia, ligado ao vocábulo paranormal, não se refere a um conceito ou a uma disciplina da Psicologia; trata-se de um campo de estudo não reconhecido pela comunidade científica.
Índice
[esconder]

* 1 Introdução
o 1.1 Definição
o 1.2 Visão geral da disciplina e áreas de atuação
* 2 Breve história da psicologia
o 2.1 Perspectivas históricas
o 2.2 O estruturalismo
+ 2.2.1 Funcionalismo
+ 2.2.2 Gestalt, a psicologia da forma
+ 2.2.3 O legado dos primórdios
o 2.3 Perspectivas atuais
+ 2.3.1 A perspectiva biológica
+ 2.3.2 A perspectiva psicodinâmica
+ 2.3.3 A perspectiva comportamentista
+ 2.3.4 A perspectiva humanista
+ 2.3.5 A perspectiva cognitiva
+ 2.3.6 A perspectiva evolucionista
+ 2.3.7 A perspectiva sociocultural
* 3 A perspectiva biopsicossocial e a multidisciplinaridade
* 4 Crítica
o 4.1 O status científico
o 4.2 Terapias "alternativas" não psicológicas
* 5 Ver também
* 6 Referências
* 7 Bibliografia
* 8 Ligações externas

[editar] Introdução
[editar] Definição

A psicologia é a ciência que estuda o comportamento e os processos mentais dos indivíduos (psiquismo), cabe agora definir tais termos[3]:

* Dizer que a psicologia é uma ciência significa que ela é regida pelas mesmas leis do método científico as quais regem as outras ciências: ela busca um conhecimento objetivo, baseado em fatos empíricos. Pelo seu objeto de estudo a psicologia desempenha o papel de elo entre as ciências sociais, como a sociologia e a antropologia, as ciências naturais, como a biologia, e áreas científicas mais recentes como as ciências cognitivas e as ciências da saúde.
* Comportamento é a atividade observável (de forma interna ou externa) dos organismos na sua busca de adaptação ao meio em que vivem.
* Dizer que o indivíduo é a unidade básica de estudo da psicologia significa dizer que, mesmo ao estudar grupos, o indivíduo permanece o centro de atenção - ao contrário, por exemplo, da sociologia, que estuda a sociedade como um conjunto.
* Os processos mentais são a maneira como a mente humana funciona - pensar, planejar, tirar conclusões, fantasiar e sonhar. O comportamento humano não pode ser compreendido sem que se compreendam esses processos mentais, já que eles são a sua base.

Como toda a ciência, o fim da psicologia é a descrição, a explicação, a previsão e o controle do desenvolvimento do seu objeto de estudo. Como os processos mentais não podem ser observados mas apenas inferidos, torna-se o comportamento o alvo principal dessa descrição, explicação e previsão (mesmo as novas técnicas visuais da neurociência que permitem visualizar o funcionamento do cérebro não permitem a visualização dos processos mentais, mas somente de seus correlatos fisiológicos, ou seja, daquilo que acontece no organismo enquanto os processos mentais se desenrolam). Descrever o comportamento de um indivíduo significa, em primeiro lugar, o desenvolvimento de métodos de observação e análise que sejam o mais possível objetivos e em seguida a utilização desses métodos para o levantamento de dados confiáveis. A observação e a análise do comportamento podem ocorrer em diferentes níveis - desde complexos padrões de comportamento, como a personalidade, até a simples reação de uma pessoa a um sinal sonoro ou visual. A introspecção é uma forma especial de observação (ver mais abaixo o estruturalismo). A partir daquilo que foi observado o psicólogo procura explicar, esclarecer o comportamento. A psicologia parte do princípio de que o comportamento se origina de uma série de fatores distintos: variáveis orgânicas (disposição genética, metabolismo, etc.), disposicionais (temperamento, inteligência, motivação, etc.) e situacionais (influências do meios ambiente, da cultura, dos grupos de que a pessoa faz parte, etc.). As previsões em psicologia procuram expressar, com base nas explicações disponíveis, a probabilidade com que um determinado tipo de comportamento ocorrerá ou não. Com base na capacidade dessas explicações de prever o comportamento futuro se determina a também a sua validade. Controlar o comportamento significa aqui a capacidade de influenciá-lo, com base no conhecimento adquirido. Essa é parte mais prática da psicologia, que se expressa, entre outras áreas, na psicoterapia[3].

Para o psicólogo soviético A. R. Luria, um dos fundadores da neuropsicologia a psicologia do homem deve ocupar-se da análise das formas complexas de representação da realidade, que se constituíram ao longo da história da sociedade e são realizadas pelo cérebro humano, incluindo as formas subjetivas da atividade consciente sem substituí-las pelos estudo dos processos fisiológicos que lhes servem de base nem limitar-se a sua descrição exterior. Segundo esse autor, além de estabelecer as leis da sensação e percepção humana, regulação dos processos de atenção, memorização (tarefa iniciada por Wundt), na análise do pensamento lógico, formação das necessidades complexas e da personalidade, considera esses fenômenos como produto da história social (compartilhando, de certo modo com a proposição da Völkerpsychologie de Wundt (ver mais abaixo "História da Psicologia") e com as proposições de estudo simultâneo dos processos neurofisiológicos e das determinações histórico-culturais, realizadas de modo independente por seu contemporâneo Vigotsky).[4]
[editar] Visão geral da disciplina e áreas de atuação

Ver página anexa: Subdisciplinas e áreas de atuação da psicologia

[editar] Breve história da psicologia

Ver artigo principal: História da psicologia

[editar] Perspectivas históricas

"A psicologia possui um longo passado, mas uma história curta".[5] Com essa frase descreveu Herrmann Ebbinghaus, um dos primeiros psicólogos experimentais, a situação da psicologia - tanto em 1908, quando ele a escreveu, como hoje: desde a Antiguidade pensadores, filósofos e teólogos de várias regiões e culturas dedicaram-se a questões relativas à natureza humana - a percepção, a consciência, a loucura. Apesar de teorias "psicológicas" fazerem parte de muitas tradições orientais, a psicologia enquanto ciência tem suas primeiras raízes nos filósofos gregos, mas só se separou da filosofia no final do século XIX.

O primeiro laboratório psicológico foi fundado pelo fisiólogo alemão Wilhelm Wundt em 1879 em Leipzig, na Alemanha. Seu interesse se havia transferido do funcionamento do corpo humano para os processos mais elementares de percepção e a velocidade dos processos mentais mais simples. O seu laboratório formou a primeira geração de psicólogos. Alunos de Wundt propagaram a nova ciência e fundaram vários laboratórios similares pela Europa e os Estados Unidos. Edward Titchener foi um importante divulgador do trabalho de Wundt nos Estados Unidos. Mas uma outra perspectiva se delineava: o médico e filósofo americano William James propôs em seu livro The Principles of Psychology (1890) - para muitos a obra mais significativa da literatura psicológica - uma nova abordagem mais centrada na função da mente humana do que na sua estrutura. Nessa época era a psicologia já uma ciência estabelecida e até 1900 já contava com mais de 40 laboratórios na América do Norte[3]
[editar] O estruturalismo

Em seu laboratório Wundt dedicou-se a criar uma base verdadeiramente científica para a nova ciência. Assim realizava experimentos para levantar dados sistemáticos e objetivos que poderiam ser replicados por outros pesquisadores. Para poder permanecer fiel a seu ideal científico, Wundt se dedicou principalmente ao estudo de reações simples a estímulos realizados sob condições controladas. Seu método de trabalho seria chamado de estruturalismo por Edward Titchener, que o divulgou nos Estados Unidos. Seu objeto de estudo era a estrutura consciente da mente e do comportamento, sobretudo as sensações. Um dos métodos usados por Titchener era a introspecção: nela o indivíduo explora sistematicamente seus próprios pensamentos e sensações a fim de ganhar informações sobre determinadas experiências sensoriais. A tônica do trabalho era assim antes compreender o que é a mente, do os como e porquês de seu funcionamento. As principais críticas levantadas contra o Estruturalismo foram:

* O ser ele reducionista, ou seja, querer reduzir a complexidade da experiência humana a simples sensações;
* O ser ele elementarista, ou seja, dedicar-se ao estudo de partes ou elementos ao invés de estudar estruturas mais complexas, como as que são típicas para o comportamento humano e
* O ser ele mentalista, ou seja, basear-se somente em relatórios verbais, excluindo indivíduos incapazes de introspecção, como crianças e animais, do seu estudo. Além disso a introspecção foi alvo de muitos ataques por não ser um verdadeiro método científico objetivo[3].

[editar] Funcionalismo

Ver artigo principal: Funcionalismo

William James concordava com Titchener quanto ao objeto da psicologia - os processos conscientes. Para ele, no entanto, o estudo desses processos não se limitava a uma descrição de elementos, conteúdos e estruturas. A mente consciente é, para ele, um constante fluxo, uma característica da mente em constante interação com o meio ambiente. Por isso sua atenção estava mais voltada para a função dos processos mentais conscientes. Na psicologia, a seu entender, deveria haver espaço para as emoções, a vontade, os valores, as experiências religiosas e místicas - enfim, tudo o que faz cada ser humano ser único. As idéias de James foram desenvolvidas por John Dewey, que dedicou-se sobretudo ao trabalho prático na educação[3].
[editar] Gestalt, a psicologia da forma

Ver artigo principal: Gestalt

Uma importante reação ao funcionalismo e ao comportamentismo nascente (ver abaixo) foi a psicologia da gestalt ou da forma, representada por Max Wertheimer, Kurt Koffka e Wolfgang Köhler. Principalmente dedicada ao estudo dos processos de percepção, essa corrente da psicologia defende que os fenômenos psíquicos só podem ser compreendidos, se forem vistos como um todo e não através da divisão em simples elementos perceptuais. A palavra gestalt significa "forma", "formato", "configuração" ou ainda "todo", "cerne". O gestaltismo assume assim o lema: "O todo é mais que a soma das suas partes"[3].

Distinta da psicologia da gestalt, escola de pesquisa de significado basicamente histórico fora da psicologia da percepção, é a gestalt-terapia, fundada por Frederic S. Perls (Fritz Perls).
[editar] O legado dos primórdios

Apesar de serem perspectivas já ultrapassadas, tanto o estruturalismo como o funcionalismo e a gestalt ajudaram a determinar o rumo que a psicologia posterior viria a tomar. Hoje em dia os psicólogos procuram compreender tanto as estruturas como a função do comportamento e dos processos mentais.
[editar] Perspectivas atuais

Segue uma descrição sucinta das principais correntes de pensamento que influenciam a moderna psicologia. Para maiores informações ver os artigos principais indicados e ainda psicoterapia.
[editar] A perspectiva biológica

A base do pensamento da perspectiva biológica é a busca das causas do comportamento no funcionamento dos genes, do cérebro e dos sistemas nervoso e endócrino. O comportamento e os processos mentais são assim compreendidos com base nas estruturas corporais e nos processos bioquímicos no corpo humano, de forma que esta corrente de pensamento se encontra muito próxima das áreas da genética, da neurociência e da neurologia e por isso está intimamente ligada ao importante debate sobre o papel da predisposição genética e do meio ambiente na formação da pessoa. Essa perspectiva dirige a atenção do pesquisador à base corporal de todo processo psíquico e contribui com conhecimento básico a respeito do funcionamento das funções psíquicas como pensamento, memória e percepção [3].

O processo saúde - doença merece uma atenção especial e pode ser compreendido de diferentes formas além do direcionado ao tratamento dos distúrbios mentais propriamente ditos. Inicialmente abordados pela psicopatologia, advinda da distinção progressiva do objeto da neurologia e psiquiatria e consolidação destas como especialidades médicas, a percepção da importância dos fatores emocionais no adoecimento e recuperação da saúde já estavam presentes na medicina hipocrática e homeopatia contudo foi somente nos meados do século XX que surgiram aplicações da psicologia nas intervenções atualmente denominadas por medicina psicossomática, psicologia médica, psicologia hospitalar e psicologia da saúde. [6]
[editar] A perspectiva psicodinâmica

Ver artigo principal: Teoria psicanalítica

Segundo a perspectiva psicodinâmica o comportamento é movido e motivado por uma série de forças internas, que buscam dissolver a tensão existente entre os instintos, as pulsões e as necessidades internas de um lado e as exigências sociais de outro. O objetivo do comportamento é assim a diminuição dessa tensão interna.

A perspectiva psicodinâmica teve sua origem nos trabalhos do médico vienense Sigmund Freud (1856-1939) com pacientes psiquiátricos, mas ele acreditava serem esses princípios válidos também para o comportamento normal. O modelo freudiano foi o primeiro a afirmar que a natureza humana não é sempre racional e que as ações podem ser motivadas por fatores não acessíveis à consciência. Além disso Freud dava muita importância à infância, como uma fase importantíssima na formação da personalidade. A teoria original de Freud, que foi posteriormente ampliada por vários autores mais recentes e influenciou fortemente muitas áreas da psicologia, tem sua origem não em experimentos científicos, mas na capacidade de observação de um homem criativo, inflamado pela idéia de descobrir os mistérios mais profundos do ser humano.[3].
[editar] A perspectiva comportamentista

Ver artigo principal: Behaviorismo

A perspectiva comportamentista (ou comportamentalista) procura explicar o comportamento em relação aos estímulos do meio ambiente que o influenciam. A atenção do pesquisador é assim dirigida para as condições ambientais em que determinado indivíduo se encontra, para a reação desse indivíduo a essas condições (comportamento) e para as consequências que essa reação traz para ele (ver também condicionamento). O comportamentismo baseia-se sobretudo em experimentos feitos com animais, mas levou ao descobrimento de muitos princípios válidos para o ser humano e foi uma das mais fortes influências tanto para a pesquisa como para a prática psicológica posterior[3].
[editar] A perspectiva humanista

Ver artigo principal: Psicologia humanista

Em reação às limitações das correntes comportamentista e psicodinâmica surgiu nos anos 50 do século XX a perspectiva humanista, que vê o homem não como um ser controlado tanto por pulsões interiores quanto pelo ambiente, mas ainda assim como um ser ativo, que busca seu próprio crescimento e desenvolvimento. A principal fonte de conhecimento do humanismo psicológico é o estudo biográfico, com o fim de descobrir como essa pessoa vivencia sua existência, ao contrário do comportamentismo, que dava mais valor à observação externa. A perspectiva humanista procura assim um acesso holístico para o ser humano, está intimamente relacionada à fenomenologia e exerceu grande influência sobre a psicoterapia[3].
[editar] A perspectiva cognitiva

Ver artigo principal: Psicologia Cognitiva

A "virada cognitiva" foi uma reação às limitações do comportamentismo, que afirmava ser impossível estudar os processos mentais e se concentrava somente no comportamento. O foco central desta perspectiva é o pensar humano e todos os processos baseados no conhecimento - atenção, memória, compreensão, recordação, tomada de decisão, linguagem etc. A perspectiva cognitiva se dedica assim à compreensão dos processos cognitivos que influenciam o comportamento - a capacidade do indivíduo de imaginar alternativas antes de se tomar uma decisão, de descobrir novos caminhos a partir de experiências passadas, de criar imagens mentais do mundo que o cerca - e à influência do comportamento sobre os processos cognitivos - como o modo de pensar se modifica de acordo com o comportamento e suas consequências. Típico desta perspectiva é o uso sistemático de experimentos científicos e sua proximidade com as ciências da informação e da computação[3].
[editar] A perspectiva evolucionista

A perspectiva evolucionista procura, inspirada pela teoria da evolução, explicar o desenvolvimento do comportamento e das capacidades mentais como parte da adaptação humana ao meio ambiente. Por recorrer a acontecimentos ocorridos há milhões de anos, os psicólogos evolucionistas não podem realizar experimentos para comprovar suas teorias, mas contam somente com sua capacidade de observação e com o conhecimento adquirido por outras disciplinas como a antropologia e a arqueologia[3].
[editar] A perspectiva sociocultural

Já em 1927 o antropólogo Bronislaw Malinowski criticava a psicologia - na época a psicanálise de Freud - por ser centrada na cultura ocidental. Essa preocupação de expandir sua compreensão do homem além dos horizontes de uma determinada cultura é o cerne da perspectiva sociocultural. A pergunta central aqui é: em que se assemelham pessoas de diferentes culturas quanto ao comportamento e aos processos mentais, em que se diferenciam? São válidos os conhecimentos psicológicos em outras culturas? Essa perspectiva também leva a psicologia a observar diferenças entre subculturas de uma mesma área cultural e sublinha a importância da cultura na formação da personalidade[3].
[editar] A perspectiva biopsicossocial e a multidisciplinaridade

A enorme quantidade de perspectivas e de campos de pesquisa psicológicos corresponde à enorme complexidade do ser humano. O fato de diferentes escolas coexistirem e se completarem mutuamente demonstra que o homem pode e deve ser estudado, observado, compreendido sob diferentes aspectos. Essa realidade toma forma no modelo biopsicossocial, que serve de base para todo o trabalho psicológico, desde a pesquisa mais básica até a prática psicoterapêutica. Esse modelo afirma que o comportamento e os processos mentais humanos são gerados e influenciados por três grupos de fatores:

* Fatores biológicos - como a predisposição genética e os processos de mutação que determinam o desenvolvimento corporal em geral e do sistema nervoso em particular, etc.;
* Fatores psicológicos - como preferências, expectativas e medos, reações emocionais, processos cognitivos e interpretação das percepções, etc.;
* Fatores socioculturais - como a presença de outras pessoas, expectativas da sociedade e do meio cultural, influência do círculo familiar, de amigos, etc., modelos de papéis sociais, etc.[7]

Para ser capaz de ver o homem sob tantos e tão distintos aspectos a psicologia se vê na necessidade de complementar seu conhecimento com o saber de outras ciências e áreas do conhecimento. Assim, na parte da pesquisa teórica, a psicologia se encontra (ou deveria se encontrar) em constante contato com a fisiologia, a biologia, a etologia, a neurologia e às neurociências (ligadas aos fatores biológicos) e à antropologia, à sociologia, à etnologia, à história, à arqueologia, à filosofia, à metafísica, à linguística à informática, à teologia e muitas outras ligadas aos fatores socioculturais.

No trabalho prático a necessidade de interdisciplinaridade não é menor. O psicólogo, de acordo com a área de trabalho, trabalha sempre em equipes com os mais diferentes grupos profissionais: assistentes sociais e terapeutas ocupacionais; funcionários do sistema jurídico; médicos, enfermeiros e outros agentes de saúde; pedagogos; fisioterapeutas, fonoaudiólogos e muitos outros - e muitas vezes as diferentes áreas trazem à tona novos aspectos a serem considerados. Um importante exemplo desse trabalho interdisciplinar são os comitês de Bioética, formados por diferentes profissionais - psicólogos, médicos, enfermeiros, advogados, fisioterapeutas, físicos, teólogos, pedagogos, farmacêuticos, engenheiros, terapeutas ocupacionais e pessoas da comunidade onde o comitê está inserido, e que têm por função decidir aspectos importantes sobre pesquisa e tratamento médico, psicológico, entre outros.
[editar] Crítica
[editar] O status científico

A psicologia é frequentemente criticada pelo seu caráter "confuso" ou "impalpável". O filósofo Thomas Kuhn afirmou em 1962 que a psicologia em geral estava em um estágio "pré-paradigmático" por lhe faltar uma teoria de base unanimemente aceita, como é o caso em outras ciências mais maduras como a física e a química.

Por grande parte da pesquisa psicológica ser baseada em entrevistas e questionários e seus resultados terem assim um caráter correlativo que não permite explicações causais, alguns críticos a acusam de não ser científica. Além disso muitos dos fenômenos estudados pela psicologia, como personalidade, pensamento e emoção, não podem ser medidos diretamente e devem ser estudados com o auxílio de relatórios subjetivos, o que pode ser problemático de um ponto de vista metodológico.

Erros e abusos de testes estatísticos foram sobretudo apontados em trabalhos de psicólogos sem um conhecimento aprofundado em psicologia experimental e em estatística. Muitos psicólogos confundem significância estatística (ou seja, uma probabilidade maior do que 95% de o resultado obtido não ser fruto do acaso, mas corresponder à realidade empírica) com importância prática. No entanto a obtenção de significados estatisticamente significante mas na prática irrelevantes é um fenômeno comum em estudos envolvendo um grande número de pessoas.[8] Em resposta muitos pesquisadores começaram a fazer uso do "tamanho do efeito" estatístico (effect size) como massa de medida da relevância prática.

Muitas vezes os debates críticos ocorrem dentro da própria psicologia, por exemplo entre os psicólogos experimentais e os psicoterapeutas. Desde há alguns anos tem aumentado a discussão a respeito do funcionamento de determinadas técnicas psicoterapêuticas e da importância de tais técnicas serem avaliadas com métodos objetivos.[9] Algumas técnicas psicoterapêuticas são acusadas de se basearem em teorias sem fundamento empírico. Por outro lado muito tem sido investido nos últimos anos na avaliação das técnicas psicoterapêuticas e muitas pesquisas, apesar de também elas terem alguns problemas metodológicos, mostram que as psicoterapias das escolas psicológicas tradicionais (mainstream), isto é, das escolas mencionadas mais acima neste artigo, são efetivas no tratamento dos transtornos psíquicos.
[editar] Terapias "alternativas" não psicológicas

Um dos maiores problemas relacionados à distância que separa a teoria científica da psicologia e sua prática terapêutica é a multiplicação indiscriminada do números de "terapias alternativas" que se vê atualmente, muitas das quais baseadas em princípios de origem duvidosa e não pesquisados. Muitos autores[10] já haviam apontado o grande crescimento no número de tratamentos e terapias realizados sem treinamento adequado e sem uma avaliação científica séria. Lilienfeld (2002) constata com preocupação que "uma grande variedade de métodos psicoterapêuticos de funcionamento duvidoso e por vezes mesmo danosos - incluindo "comunicação facilitada" para o autismo infantil, técnicas sugestivas para recuperação da memória, (ex. regressão etária hipnótica, trabalhos com a imaginação), terapias energéticas e terapias new-age de todos os tipos possíveis (ex. rebirthing, reparenting, regressão de vidas passadas, terapia do grito original, programação neurolinguística, terapia por abdução alienígena) surgiram ou mantiveram sua popularidade nas últimas décadas."[11] Allen Neuringer (1984) fez críticas semelhantes partindo da análise experimental do comportamento.[12]
[editar] Ver também
Wikilivros
O Wikilivros tem um livro chamado Psicologia

* Etologia
* Memética
* Pedagogia
* Psiquiatria
* Criminologia
* Teoria da personalidade
* Princípio de Premak
* Administração quântica
* Experiência de Milgram
* Psicodrama / Musicoterapia / Arteterapia
* Psicologia (áreas de atuação)

Referências

1. ↑ "Psychologie ist die Wissenschaft vom Verhalten (alles, was ein Organismus macht) und von den mentalen Prozessen (subjektive Erfahrungen, die wir aus dem Verhalten erschließen)". Myers (2008), p.8.
2. ↑ Asendorpf (2004), p.2
3. ↑ a b c d e f g h i j k l m Zimbardo & Gerrig (2004), p.3-5; 5-8; 10-17.
4. ↑ Luria, 1979
5. ↑ "Die Psychologie besitzt eine lange Vergangenheit aber nur eine kurze Geschichte". Citado por Zimbardo & Gerrig (2004), p. 10.
6. ↑ Gorayeb, Ricardo; Guerrelhas, Fabiana. Sistematização da prática psicológica em ambientes médicos. Rev. bras.ter. comport. cogn. v.5 n.1 São Paulo jun. 2003 Disponível em pdf. Dez. 2010
7. ↑ Myers (2008), p.11-12
8. ↑ Cohen, J. (1994). The Earth is round, p.05. American Psychologist, 49.
9. ↑ Elliot, Robert. (1998). Editor's Introduction: A Guide to the Empirically Supported Treatments Controversy. Psychotherapy Research, 8(2), 115.
10. ↑ Beyerstein, B. L. (2001). Fringe psychotherapies: The public at risk. The Scientific Re-view of Alternative Medicine, 5, 70–79
11. ↑ "A wide variety of unvalidated and sometimes harmful psychotherapeutic methods, including facilitated communication for infantile autism (…), suggestive techniques for memory recovery (e.g., hypnotic age-regression, guided imagery, body work), energy therapies (e.g., Thought Field Therapy, Emotional Freedom Technique…), and New Age therapies of seemingly endless stripes (e.g., rebirthing, reparenting, past-life regression, Primal Scream therapy, neurolinguistic programming, alien abduction therapy, angel therapy) have either emerged or maintained their popularity in recent decades." SRMHP: Our Raison d’Être. Página visitada em 2009-09-16.
12. ↑ Neuringer, A.:"Melioration and Self-Experimentation" Journal of the Experimental Analysis of Behavior http://www.pubmedcentral.nih.gov/articlerender.fcgi?artid=1348111

[editar] Bibliografia

* Asendorpf, Jens B. (2004). Psychologie der Persönlichkeit (3. Aufl.). Berlin: Springer. ISBN 978-3-540-71684-6
* Myers, David G. (2008). Psychologie. Heidelberg: Springer. ISBN 978-3-540-79032-7 (Original: Myers (2007). Psychology, 8th Ed. New York: Worth Publishers.)
* Zimbardo, Philip G. & Gerrig, Richard J. (2005). A psicologia e a vida. Artmed. ISBN 85-363-0311-5 (No artigo citado do alemãõ (2004)Psychologie. München: Pearson. ISBN 3-8273-7056-6; Original: (2002). Psychology and Life. Boston: Allyn and Bacon.)

[editar] Ligações externas

* Artigos de psicologia (em português)
* O Portal dos Psicólogos - Pt (em português)
* Conselho Federal de Psicologia - Br (em português)
* IBNeuro - Inst. Bras. Neuropsicologia e Ciências Cognitivas - Br (em português)
* Sindicato Nacional dos Psicólogos - Pt (em português)
* American Psychological Association (em inglês)
* Biblioteca virtual em saúde - Psicologia (em português)
* Sociedade Brasileira de Psicanálise (em português)
* BuscaPorSaúde: / profissionais da saúde
* Atuação da Psicologia (em português)

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