Porto Alegre
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Município de Porto Alegre
Da esquerda pra direita: Parque Farroupilha, lago Guaíba, Cais Mauá, Usina do Gasômetro e o Monumento aos Açorianos com prédio do Centro Administrativo do Estado do Rio Grande do Sul ao fundo.
"A capital dos Gaúchos"
Brasão de Porto Alegre
Bandeira de Porto Alegre
Brasão Bandeira
Hino
Aniversário 26 de março
Fundação 26 de março de 1772 (238 anos)
Gentílico porto-alegrense
Lema "Leal e Valorosa Cidade de Porto Alegre"
Prefeito(a) José Fortunati (PDT)
(2009–2012)
Localização
Localização de Porto Alegre
Localização de Porto Alegre no Rio Grande do Sul
Localização de Porto Alegre em Brasil
Porto Alegre
Localização de Porto Alegre no Brasil
30° 01' 58" S 51° 13' 48" O30° 01' 58" S 51° 13' 48" O
Unidade federativa Rio Grande do Sul
Mesorregião Metropolitana de Porto Alegre IBGE/2008 [1]
Microrregião Porto Alegre IBGE/2008 [1]
Região metropolitana Porto Alegre
Municípios limítrofes Alvorada, Cachoeirinha, Canoas e Viamão.
Distância até a capital 2 027 km
Características geográficas
Área controversa, de 476,3 a 497 km²
População 1 436 123 hab. est. IBGE/2009 [2]
Densidade 2 890,6 hab./km²
Altitude 10 m
Clima subtropical Cfa
Fuso horário UTC-3
Indicadores
IDH 0,865 elevado PNUD/2000 [3]
PIB R$ 33 434 026 mil (BR: 6º) – IBGE/2007 [4]
PIB per capita R$ 23 534,00 IBGE/2007 [4]
Porto Alegre é um município brasileiro e a capital do estado mais meridional do Brasil, o Rio Grande do Sul.[5] Pertence à mesorregião metropolitana de Porto Alegre e à microrregião de Porto Alegre.[1] Com uma área de quase 500 km², possui uma geografia diversificada, com morros, baixadas e um grande lago, o Guaíba, distando 2.027 quilômetros de Brasília, a capital nacional.[5][6]
A cidade constituiu-se a partir da chegada de casais açorianos em meados do século XVIII. No século XIX contou com o influxo de muitos imigrantes alemães e italianos, recebendo também espanhóis, africanos, poloneses e libaneses. Desenvolveu-se com rapidez, e hoje abriga mais de 1,4 milhões de habitantes.[5] A cidade enfrenta muitos desafios, entre eles a grande população ainda vivendo em condições de pobreza e sub-habitação,[7] um alto custo de vida,[8] deficiências sérias no tratamento de esgotos,[9] muita poluição[10] e degradação de ecossistemas originais,[11] índices de crime elevados[12] (embora indicando uma tendência de queda[13]) e crescentes problemas de trânsito.[14]
Por outro lado, ostenta mais de 80 prêmios e títulos que a distinguem como uma das melhores capitais brasileiras para morar, trabalhar, fazer negócios, estudar e se divertir. Foi destacada em anos recentes também pela ONU como a Metrópole nº1 em qualidade de vida do Brasil por três vezes; como possuindo um dos 40 melhores modelos de gestão pública democrática pelo seu Orçamento Participativo, e por ter o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre as metrópoles nacionais.[15] Dados do IBGE a apontaram em 2009 como a capital brasileira com a menor taxa de desemprego,[16] a empresa de consultoria inglesa Jones Lang LaSalle a inclui em 2004 entre as 24 cidades com maior potencial para atrair investimentos no mundo[17] e figura na lista da Pricewaterhouse Coopers entre as cem cidades mais ricas do mundo.[18]
Além disso Porto Alegre é uma das cidades mais arborizadas,[19] e alfabetizadas do país,[5] é um polo regional de atração de migrantes em busca de melhores condições de vida, trabalho e estudo,[20] e tem uma infraestrutura em vários aspectos superior às demais capitais do Brasil.[21] Foi manchete internacional quando sediou as primeiras edições do Fórum Social Mundial[15] e foi escolhida recentemente como uma das sedes da Copa do Mundo de 2014.[22] Também tem uma cultura qualificada e diversificada, com intensa atividade em praticamente todas as áreas das artes, esportes e das ciências, muitas vezes com projeção nacional, além de possuir ricas tradições folclóricas e um significativo patrimônio histórico em edificações centenárias e numerosos museus.[5]
Índice
[esconder]
* 1 Etimologia
* 2 História
o 2.1 Origens
o 2.2 Século XIX
o 2.3 Século XX
* 3 Geografia
o 3.1 Subdivisões
o 3.2 Geologia e hidrografia
o 3.3 Clima
+ 3.3.1 Extremos climáticos e tempo severo
o 3.4 Meio ambiente
+ 3.4.1 Outras áreas verdes
+ 3.4.2 Problemas ambientais e conscientização ecológica
o 3.5 Demografia
o 3.6 Região Metropolitana
* 4 Política, administração e cidadania
o 4.1 Cidades-irmãs
* 5 Economia
o 5.1 Setor primário
o 5.2 Setores secundário e terciário
+ 5.2.1 Turismo
* 6 Infraestrutura
o 6.1 Transporte
o 6.2 Educação
o 6.3 Saúde
o 6.4 Água, saneamento, energia e habitação
o 6.5 Comunicações
o 6.6 Ciência e tecnologia
o 6.7 Segurança e criminalidade
* 7 Cultura
o 7.1 Música
o 7.2 Cinema
o 7.3 Literatura e teatro
o 7.4 Tradições e folclore
o 7.5 Artes visuais
o 7.6 Arquitetura e patrimônio histórico
o 7.7 Esportes
o 7.8 Vida noturna e culinária
o 7.9 Feriados
* 8 Referências
* 9 Ligações externas
[editar] Etimologia
Porto Alegre teve diversos nomes: primeiramente, Porto do Viamão, depois Porto do Dorneles, em seguida Porto de São Francisco dos Casais, ou Porto dos Casais, e, ao ser criada a Freguesia, Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre. Não se sabe ao certo como surgiu a expressão Porto Alegre na denominação da freguesia. Segundo o historiador Walter Spalding, Porto dos Casais passou a se denominar Porto Alegre por uma inspiração religiosa e patriótica portuguesa, escolhido por D. Frei Antônio do Desterro, que assinou o ato de criação da freguesia. Na época, a cidade de Portoalegre, em Portugal, se notabilizara na luta de fronteira entre portugueses e espanhóis, e por isso seu nome teria sido lembrado. Há historiadores que afirmam, entretanto, que a origem do nome está na sua bela localização à margem do Guaíba e no encantamento dos morros que a cercam.[23]
[editar] História
Ver artigo principal: História de Porto Alegre
[editar] Origens
Localizada em uma região habitada pelo homem desde 11 mil anos atrás, Porto Alegre estabeleceu-se como cidade somente no século XVIII. Até então o território do Rio Grande do Sul ainda pertencia legalmente aos espanhóis, mas desde o século XVII os portugueses começaram a dirigir esforços para a conquista, e foram progressivamente penetrando no território pelo nordeste, chegando através do Caminho dos Conventos, uma extensão da Estrada Real, à região da Vacaria dos Pinhais, e dali descendo para Viamão. A penetração foi realizada por bandeirantes que vinham em busca de escravos índios e por tropeiros que caçavam os grandes rebanhos de gado bovino, mulas e cavalos que viviam livres no estado. Mais tarde os tropeiros passaram a se radicar no sul, transformando-se em estancieiros e solicitando a concessão de sesmarias. A primeira delas foi outorgada em 1732 a Manuel Gonçalves Ribeiro na Parada das Conchas, onde hoje é Viamão. Outra via de penetração foi através do litoral sul, fundando-se em 1737 uma fortaleza onde hoje é Rio Grande, com o objetivo dar assistência à Colônia do Sacramento, no Uruguai.[24]
Depois da assinatura do Tratado de Madrid (1750) o rei de Portugal determinou que fosse reunido um grupo de quatro mil casais dos Açores para povoar o sul, mas efetivamente foram transportados apenas cerca de mil casais, que se espalharam pelo litoral entre Osório e Rio Grande, e um pouco pelo interior. Cerca de 500 pessoas se fixaram em 1752 à beira do lago Guaíba, no chamado Porto de Viamão, o primeiro nome da futura Porto Alegre. Os conflitos locais entre portugueses e espanhóis, porém, não foram contidos pelo Tratado, Rio Grande foi invadida por espanhóis em 1763, a população portuguesa fugiu e o governo da Capitania do Rio Grande de São Pedro se mudou às pressas para Viamão. O Porto de Viamão foi elevado a freguesia, com o nome de Freguesia de São Francisco do Porto dos Casais, em 26 de março de 1772, hoje estabelecida como data oficial da fundação da cidade. Em vista da sua melhor situação geográfica e estratégica, em 25 de julho de 1773 o governador da Capitania, Marcelino de Figueiredo, determinou a transferência da capital de Viamão para lá, quando a freguesia já tinha cerca de 1.500 habitantes.[25][26]
Com a paz entre Portugal e Espanha conseguida no Tratado de Santo Ildefonso (1777), a posse da terra foi regularizada e se começou a organizar a administração. Foi erguido o Palácio de Barro, primeira sede de governo, um cemitério, uma prisão, um pequeno teatro e a Igreja Matriz. Ruas foram calçadas, foi criado um serviço postal, o comércio começou a florescer, a atividade do porto se intensificou e a pequena urbe assumiu suas funções definitivamente como capital da Capitania, crescendo rápido. Em 1798 tinha três mil habitantes, e em 1814 já possuía 6 mil.[27][28]
Herrmann Wendroth: Porto Alegre vista das ilhas do Guaíba, 1852.
Antigo mercado público em meados do século XIX.
[editar] Século XIX
Em 27 de agosto de 1808 a freguesia foi elevada à categoria de vila, verificando-se a instalação a 11 de dezembro de 1810. Em 16 de dezembro de 1812 Porto Alegre tornou-se sede da Capitania de São Pedro do Rio Grande do Sul, recém criada, e cabeça da comarca de São Pedro do Rio Grande e Santa Catarina. Em 1814 o novo governador, Dom Diogo de Sousa, obteve a concessão de uma grande sesmaria ao norte, com o fim expresso de estimular a agricultura local. Com o crescimento de cidades próximas como Rio Pardo e Santo Antônio da Patrulha, e em vista de sua privilegiada situação geográfica, na confluência das duas maiores rotas de navegação interna - a do rio Jacuí e a da Lagoa dos Patos - Porto Alegre começava a se tornar o maior centro comercial da região. A frota permanente que frequentava o porto nesta altura contava com cerca de cem navios, e foi aberta uma alfândega. Também se iniciavam exportações de trigo e charque. Em 1816 se haviam comerciado 400 mil alqueires de trigo para Lisboa, e em 1818 se venderam mais de 120 mil arrobas de charque, produto que logo assumiria a dianteira na economia local.[29]
Em 1822 a vila ganhou foro de cidade. A partir de então chegaram os primeiros imigrantes alemães, instalando restaurantes, pensões, pequenas manufaturas, olarias, alambiques e diversos estabelecimentos comerciais. Como a situação econômica da Capitania não ia bem, pressionada por pesados impostos e negligenciada pelo governo imperial, em 1835 estalou em Porto Alegre a Revolução Farroupilha. Tomada em 1836 pelas tropas imperiais, a partir de então a cidade sofreu três longos cercos até o ano de 1838. Foi a resistência a esses cercos que fez D. Pedro II dar à cidade o título de "Mui Leal e Valorosa". Apesar do inchaço populacional daqueles tempos, a malha urbana só voltou a crescer em 1845, após o fim da revolução e com a derrubada das muralhas que cercavam a cidade.[30][31]
No período de 1865 a 1870 a Guerra do Paraguai transformou a capital gaúcha na cidade mais próxima do teatro de operações. A cidade recebeu dinheiro do governo central, além de serviço telegráfico, novos estaleiros, quartéis, melhorias na área portuária. Em 1872 as primeiras linhas de bonde entraram em circulação. Construiu-se a Usina do Gasômetro (1874) para geração de energia e implantou-se uma rede de esgotos (1899), enquanto que os bairros da cidade se expandiam.[32][33] Na segunda metade do século enfim a cultura local pôde receber mais atenção, construindo-se um grande teatro, o Theatro São Pedro, e surgindo os primeiros literatos, educadores, músicos e pintores locais de expressão, como Antônio Vale Caldre Fião, Hilário Ribeiro, Luciana de Abreu, Pedro Weingärtner, Apolinário Porto-Alegre, Joaquim Mendanha e Carlos von Koseritz. Fundou-se a Sociedade Parthenon Litterario, formada pela flor da intelectualidade gaúcha, e em 1875 foi realizado o primeiro salão de artes.[34][35]
[editar] Século XX
Abertura da Avenida Borges de Medeiros e construção do Viaduto Otávio Rocha, no início do século XX.
Glênio Bianchetti: Jogo do osso, xilogravura, 1955. Acervo do MARGS. Exemplo da arte regionalista de cunho social praticada pelo Clube de Gravura de Porto Alegre e que se tornou importante para a renovação das artes gráficas brasileiras[36]
Na virada do século XX Porto Alegre passou a ser imaginada como o cartão de visitas do Rio Grande do Sul, idéia alinhada com os propósitos do Positivismo, corrente filosófica abraçada pelos governos estadual e municipal, e por isso a cidade deveria transmitir uma impressão de ordem e progresso. Para transformar a idéia em fato, a Intendência, a cuja testa estava José Montaury, iniciou um enorme programa de obras públicas. Montaury permaneceu no governo municipal por 27 anos, sendo sucedido por Otávio Rocha e Alberto Bins, que em linhas gerais mantiveram a mesma orientação. A fim de melhor controlar o processo de desenvolvimento, o município atraiu para si a responsabilidade sobre muitos serviços públicos, como o fornecimento de água encanada, iluminação, transporte, educação, policiamento, saneamento e assistência social, em um volume que ultrapassava em muito o hábito da época e superava o que faziam na mesma altura São Paulo e Rio de Janeiro. Contudo, o crescimento do funcionalismo público e a quantidade de obras demandaram recursos além das capacidades de arrecadação, e foram contraídos grandes empréstimos.[37] Na cultura foi um marco a fundação em 1908 do Instituto Livre de Belas Artes, antecessor do atual Instituto de Artes da UFRGS, que concentrou a produção de arte na capital e foi em todo o estado praticamente a única referência institucional significativa até a década de 1960 nos campos do estudo, ensino e produção de arte.[38]
Em 1940 o município contava com cerca de 385 mil habitantes e seus índices de crescimento eram positivos para a indústria, a construção civil, a educação, a saúde, a eletrificação, o saneamento, o movimento portuário, os transportes e as obras de urbanização. A ligação rodoviária e aérea com o centro do Brasil foi incrementada, e a rede ferroviária para o interior do estado se expandia.[39] No encerramento dos anos 1950 foi implantado o primeiro Plano Diretor, composto com base na Carta de Atenas. Para Helton Bello com este Plano se acentuou a verticalização da cidade, fazendo Porto Alegre conhecer o maior crescimento edilício de sua história, o que alterou significativamente a morfologia urbana.[40]
A segunda metade do século XX foi caracterizada por um acelerado crescimento urbano e populacional, e os sucessivos administradores se empenharam novamente em uma série de investimentos em obras públicas, enquanto a cidade via desaparecer, sob a onda do progresso, boa parte de suas edificações antigas.[40][41] Paralelamente, a cultura de Porto Alegre se caracterizou por um forte colorido político, reunindo expressivo grupo de intelectuais e produtores artísticos influentes alinhados ao Existencialismo e ao Comunismo. Entre o fim da década de 1950 e os anos que precederam o golpe militar de 64 foram montadas peças teatrais de vanguarda, em polêmicas abordagens de crítica social; as artes plásticas mostravam uma arte realista/expressionista de mesmo perfil, que por vezes adquiria um tom panfletário. Quanto ao golpe, Porto Alegre foi o palco de importantes movimentos políticos que levaram à sua concretização, comandados pelo então governador Ildo Meneghetti a partir do Palácio Piratini.[42] Porto Alegre nas últimas décadas se tornou uma das grandes metrópoles brasileiras, internacionalizou sua cultura, se tornou um modelo de administração pública, dinamizou sua economia a ponto de se tornar uma das cidades mais ricas do mundo, e alcançou altos níveis de qualidade de vida,[15][18] mas ao mesmo tempo passou a experimentar os problemas que afligem outros grandes centros urbanos do Brasil, com o surgimento de favelas,[7] de dificuldades no trânsito[14] e crescimento da poluição[10] e dos índices de criminalidade[12][43]
[editar] Geografia
Ver artigo principal: Geografia de Porto Alegre
Porto Alegre é a capital do estado mais meridional do Brasil, o Rio Grande do Sul, situando-se em torno do paralelo 30º - entre 29º10'30'' sul e 30º10'00'' sul - e do meridiano 50º - entre 51º05'00'' oeste e 51º16'15'' oeste.[44] A área real do município é controversa, e varia conforme a fonte de dados. A própria Prefeitura oferece informações conflitantes, 476,3 km²[6] ou 497 km²,[5] o Itamaraty indica 489 km²[45] e Nalin dá o número de 496,1 km².[46] O IBGE refere uma área de 497 km².[47] Suas cidades limítrofes são Canoas, Cachoeirinha, Viamão e Alvorada.[45]
[editar] Subdivisões
Planta do núcleo urbano inicial da cidade, 1840, ainda com a linha de muralhas assinalada.
Porto Alegre originalmente se dividia em distritos, forma documentada pela primeira vez em 1892. Em 1927 se procedeu à divisão por zonas (urbana, suburbana e rural) e distritos, subdividindo-os em seções.[48] Na década de 1950 foi formulada a divisão por bairros. O primeiro a ser criado foi o Medianeira, em 1957, e outros 57 surgiram por força da Lei nº 2022 de 7 de dezembro de 1959. Entre 1963 e 1998 foram criados diversos outros, e alguns dos primeiros tiveram limites retificados. O último a ser criado foi o Jardim Isabel, em 2009. Porto Alegre em 2010 possui oficialmente 79 bairros.[49] O bairro mais extenso é o Arquipélago, com 4.718 ha, e o menor o Bom Fim, com 38 ha.[50] Ainda existem algumas áreas sem denominação oficial, descritas como Zona Indefinida e que são conhecidas por nomes atribuídos popularmente, como é caso do Morro Santana, Passo das Pedras, Chapéu do Sol e Aberta dos Morros.[48] Em 2000 a Zona Indefinida possuía 10.290 ha, com uma população de 115.671 pessoas.[50]
Segundo Hickel et alii, Porto Alegre pode ser dividida em dez macrozonas de organização espacial urbana, "cada uma com diferentes padrões de desenvolvimento urbano, espaços públicos de natureza e funções diversas, tipologia de edificações e estruturação viária distintas, além de aspectos socioeconômicos, paisagísticos e ambientais e potencial de crescimento próprios". A Cidade Radiocêntrica compreende o Centro Histórico, com uma trama radial de caminhos que se estruturaram desde a fundação da cidade, com elevada densidade demográfica. Ao norte situa-se o Corredor de Desenvolvimento, área de potencial econômico e localização privilegiada pela presença de vias de ligação com os principais pólos da Região Metropolitana, mas é uma área pouco residencial, com trechos de ocupação recente por favelas. Ao sul encontra-se a Cidade Xadrez, que possui malha viária ortogonal, resultado da expansão planejada da cidade naquela direção. A Cidade de Transição caracteriza-se pela passagem de uma ocupação urbana mais consolidada para uma urbanização rarefeita e mais concentrada no topo dos morros. Na margem sudoeste do Guaíba está a Cidade Jardim, predominando residências e densa arborização. No limite leste encontra-se o Eixo Lomba do Pinheiro, com grande número de vilas populares e favelas. No centro-sul situa-se a Restinga que nasceu com o objetivo de assentar a população de baixa renda removida de áreas de ocupação irregular. No extremo sul encontra-se a Cidade Rural-Urbana, uma vasta área de ocupação rarefeita, misturando diferentes graus de atividade rural e urbana. As Ilhas do Delta do Jacuí possuem alguns pontos de urbanização e uma grande área de preservação natural, de importância ecológica para o município e para o estado.[51]
[Expandir]
v • e
Bairros oficiais de Porto Alegre
Agronomia • Anchieta • Arquipélago • Auxiliadora • Azenha • Bela Vista • Belém Novo • Belém Velho • Boa Vista • Bom Fim • Bom Jesus • Camaquã • Cascata • Cavalhada • Centro • Chácara das Pedras • Cidade Baixa • Coronel Aparício Borges • Cristal • Cristo Redentor • Espírito Santo • Farrapos • Farroupilha • Floresta • Glória • Guarujá • Higienópolis • Hípica • Humaitá • Independência • Ipanema • Jardim Botânico • Jardim Carvalho • Jardim Floresta • Jardim Isabel • Jardim Itu-Sabará • Jardim Lindoia • Jardim do Salso • Jardim São Pedro • Lageado • Lami • Lomba do Pinheiro • Marcílio Dias • Mário Quintana • Medianeira • Menino Deus • Moinhos de Vento • Mont'Serrat • Navegantes • Nonoai • Partenon • Passo d'Areia • Pedra Redonda • Petrópolis • Ponta Grossa • Praia de Belas • Restinga • Rio Branco • Rubem Berta • Santa Cecília • Santa Maria Goretti • Santa Tereza • Santana • Santo Antônio • São Geraldo • São João • São José • São Sebastião • Sarandi • Serraria • Teresópolis • Três Figueiras • Tristeza • Vila Assunção • Vila Conceição • Vila Ipiranga • Vila Jardim • Vila João Pessoa • Vila Nova
[editar] Geologia e hidrografia
Vista do Morro da Polícia.
Vista aérea do Delta do Jacuí.
Geologicamente a estrutura do terreno portoalegrense é muito antiga. A cidade está localizada dentro dos limites da Bacia do Paraná, uma extensa bacia sedimentar que se estende para o norte até o centro do Brasil, cujos primeiros sedimentos foram depositados no Paleozóico, com vários acúmulos posteriores.[52] Localmente o relevo da cidade é dominado pelo Maciço de Porto Alegre, parte do Cinturão Dom Feliciano, formado entre 2 e 2,4 bilhões de anos atrás e responsável pela existência da cadeia de morros que circunda a cidade. Suas rochas são uma mistura de gnaisses tonalíticos, granodioríticos e dioríticos. A ampla maioria do substrato rochoso, contudo, é de granitos e suas maiores altitudes atingem os trezentos metros.[53][54] Os morros mais elevados são o Morro Santana, com 331m, o Morro da Polícia, com 291m, e o Morro Pelado, com 298m.[44] A altitude média da cidade é de 10 m acima do nível do mar.[45] O Centro está assentado sobre um extenso batólito granitóide. Nos morros encontram-se áreas de rocha exposta, em parte matacões descobertos lentamente pela erosão natural, em parte pela exploração comercial de pedreiras a partir do século XIX, e pela urbanização desordenada. Significativa porção da área urbanizada da cidade está sobre uma planície aluvial formada no período Quaternário com sedimentos depositados pelos rios Jacuí, Sinos, Gravataí e Caí. É uma área baixa e alagadiça, mas densamente povoada, com perfil mineralógico imaturo e predomínio de conglomerados, diamictitos, arenitos e lamitos. O restante da cidade é composto pelo arquipélago fluvial do Delta do Jacuí, com depósitos minerais recentes, de 120 a 5 mil anos de idade.[53][55]
Na hidrografia local a formação mais importante é o lago Guaíba, popularmente chamado "rio Guaíba", que limita a cidade a oeste e cujas águas se acumulam no recesso de uma falha geológica que tem origem na cidade de Osório e termina na região de Guaíba, e que são contidas por uma barragem natural na altura da ponta de Itapuã. No lago deságuam os rios acima citados, recebendo também outros tributários menores. A região litorânea possui várias praias, mas sua balneabilidade é comprometida pela poluição. A zona urbana é drenada internamente por vários arroios, destacando-se o arroio Dilúvio. Outros são os arroios Cascata, Teresópolis, Passo Fundo, Cavalhada, Mangueira e Águas Mortas. Na zona rural correm os arroios Feijó, Capivara, Salso e Lami.[56] 82,6% da área municipal se encontra na bacia do lago Guaíba, e o restante na bacia do rio Gravataí. Suas águas subterrâneas provêm de dois depósitos distintos, um os granitos fraturados, e outro os solos aluviais porosos. As primeiras têm uma composição predominantemente bicarbonatada cálcico-sódica e as outras, cloretada cálcico-sódica.[57]
[editar] Clima
O clima de Porto Alegre é classificado como subtropical úmido (Cfa, segundo Köppen), tendo como característica marcante a grande variabilidade.[58] A presença da grande massa de água do lago Guaíba contribui para elevar as taxas de umidade atmosférica e modificar as condições climáticas locais, com a formação de microclimas. O contínuo processo de cobertura da superfície do terreno por edificações e calçamento também gera microclimas específicos, observando-se até 4°C de variação térmica nas diferentes regiões da cidade. As chuvas são bem distribuídas, com a média anual permanecendo em torno de 1.300mm.[59] Segundo a BBC Weather o mês mais chuvoso é setembro, com média de 132 mm, e o mais seco é novembro, com 79 mm. Janeiro e fevereiro têm a temperatura média mais alta do ano, chegando a 31°C, e junho e julho a mais baixa, com 9°C.[60] Contudo, outras fontes dão dados diferentes.[61] A umidade relativa do ar média é de 76%.[58] A ocorrência de neve é muito rara,[62] mas as geadas ocorrem algumas vezes durante o ano.[63][64]
Mês Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
Máxima média dos dias (°C) 31 31 28 26 22 19 19 20 21 23 27 29
Mínima média dos dias (°C) 19 20 18 16 12 9 9 10 12 14 16 18
Fonte: BBC Weather
[editar] Extremos climáticos e tempo severo
A mínima absoluta histórica foi registrada em 11 de julho de 1918, com -4°C,[65] e a máxima histórica aconteceu em 1º de janeiro de 1943, com 40,7°C.[66] Já foram registrados nos últimos anos vários episódios de precipitação acumulada maior que 50mm em menos de uma hora em pontos isolados da capital, e em 2005 e 2007 foram registrados acúmulos de cerca de 100mm em uma hora, também em pontos isolados.[67] Em alguns anos, sob influência do El Niño, se verificam enchentes na região do Arquipélago, mas cenas como a grande enchente de 1941 não se repetiram depois da retificação do Arroio Dilúvio e da construção do muro de contenção na Avenida Mauá.[68] O furacão Catarina, um fenômeno atípico nesta parte do mundo que em 2004 atingiu com mais força o estado de Santa Catarina,[69] provocou estragos em alguns bairros da cidade, com episódios curtos e localizados de vento intenso, possivelmente pela formação localizada de tornados derivados da massa ciclônica principal.[70] Entretanto, ocorre às vezes a formação de tornados independentes. O episódio mais recente foi na onda de tornados de 2000, quando se registrou um tornado classe F3 em Águas Claras, com vento entre 200 e 300 km/h, e no mesmo dia outro foi observado no bairro de Belém Novo, com ventos de mais de 200 km/h.[71] Em 2008 foi vista uma pequena nuvem em funil sobre o Aeroporto Salgado Filho, mas não chegou a tocar a terra e logo se dissipou.[72]
[editar] Meio ambiente
Atualmente Porto Alegre preserva pouco de sua vegetação original e, como ocorre em toda a região metropolitana, os ambientes naturais foram extensamente modificados pelo homem.[73] Da cobertura verde original restam hoje 24,1%, com diferentes graus de alteração humana, sendo 10,2% de campos e 13,9% de florestas. Entretanto, cerca de 65% da área do município ainda não foi ocupada pela urbanização propriamente dita. Estando localizada na zona limítrofe entre os biomas da Mata Atlântica e do Pampa, a cidade apresenta características de ambos, além de incorporar espécies migrantes da Amazônia, do Chaco e da Patagônia.[11] Nos morros, já muito desmatados, a vegetação é composta essencialmente por gramíneas e plantas rasteiras. Sobrevivem algumas áreas de mata ou arbusto, sendo comuns a crista-de-galo, cambuim, pitangueira, salsaparrilha, unha-de-gato, aroeira, louro, cedro, cangerana, timbaúva, capororoca, figueira, batinga e ingazeira. Nos terrenos de aluvião predominam o gravatá e a crista-de-galo, e nos alagadiços, o chapéu-de-couro, a sagitária, a pontedéria e os aguapés.[74]
Entrada do Parque Saint-Hilaire.
Área das cactáceas no Jardim Botânico de Porto Alegre.
A cidade conta com três unidades de conservação ambiental: a Reserva Biológica do Lami José Lutzenberger, o Parque Saint-Hilaire e o Parque Natural Morro do Osso, onde estão preservados segmentos de seus ecossistemas primitivos e são ponto de atração para o ecoturismo. A Reserva do Lami possui ecossistemas diferenciados, como manguezais, mata ciliar, campos arenícolas, mata de restinga e banhados, contendo significativa biodiversidade e permitindo o crescimento de cerca de trezentas espécies vegetais, além de um número muito superior de espécies animais como capivaras, tartarugas, lagartos, lontras e jacarés. Mais de 120 espécies de aves nativas já foram registradas na reserva, inclusive migratórias. Os banhados e juncais servem como berçários para muitos organismos aquáticos.[75][76] O Parque Saint-Hilaire possui uma área de 1.148,62 hectares, dos quais 240 são destinados ao lazer e 908,62 se destinam à preservação permanente. Somente cerca de 11% da área total do parque está dentro do município de Porto Alegre, o restante pertencendo a Viamão. Entretanto, a administração é de Porto Alegre. A flora nativa foi bastante modificada com a introdução de espécies exóticas como o eucalipto e o pinheiro, mas ainda existe parte da Mata Atlântica original, sendo um abrigo para 12 espécies de mamíferos, 47 de répteis, 23 de anfíbios e 14 de peixes, várias delas ameaçadas.[77] O Morro do Osso é uma ilha verde de 127 hectares entre os bairros Tristeza, Ipanema, Camaquã e Cavalhada, com ambiente definido por vegetações rasteiras, arbustivas e fragmentos de Mata Atlântica. No parque foi registrada cerca de 65% da avifauna encontrada em Porto Alegre, incluindo espécies ameaçadas.[78] A outra reserva natural da cidade, com estatuto de Área de Proteção Ambiental e uma área de 17.245 ha, é o Parque do Delta do Jacuí, que está sob administração estadual. É composto por banhados extensos e variados, blocos de vegetação arbustiva e maciços de árvores altas.[79]
Numa categoria à parte está o Jardim Botânico de Porto Alegre, inaugurado em 1958 com uma área de 81,5 ha dividida em várias coleções vegetais distintas. A partir da década de 1970 sua atuação se voltou para a conservação das plantas nativas do estado, enfatizando a manutenção de coleções ex situ e reproduzindo artificialmente ecossistemas típicos do Rio Grande do Sul. Contudo, o Jardim Botânico permite o crescimento espontâneo de diversas espécies nativas, protegidas na chamada Zona Permanente. Em 2003 foi declarado Patrimônio Cultural do Estado. No ano seguinte foi definido como unidade de conservação e como parte integrante da estrutura administrativa da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, com propósitos ecológicos, educativos e recreativos, além de realizar pesquisas científicas de âmbito estadual e manter um banco de sementes para recuperação da biodiversidade de áreas devastadas. O jardim mantém adicionalmente um Museu de Ciências Naturais.[80]
[editar] Outras áreas verdes
Praça da Alfândega.
Lago do Parque Farroupilha.
Mesmo tendo perdido grande parte de seus ecossistemas originais, a zona urbana de Porto Alegre é uma das mais arborizadas dentre as capitais do Brasil.[19] A cada habitante da cidade correspondem, aproximadamente, 17m² de área verde.[81] A Secretaria de Meio Ambiente estima que existam cerca de 1,3 milhões de árvores plantadas em vias públicas, e dedica-lhes considerável atenção.[82] Nas ruas são encontradas 173 espécies arbóreas, sendo as mais freqüentes a extremosa, o ligustro, o jacarandá, o cinamomo, o branquiquito, o ipê-roxo, o mimo-de-vênus, o ipê-amarelo, a tipuana e a sibipiruna.[83]
Outras áreas verdes existem na forma das suas 582 praças urbanizadas, ocupando uma área total superior a quatro milhões de metros quadrados,[84] e seus vários parques. Os mais frequentados são o Parque Farroupilha (ou Redenção), o mais antigo da cidade, o Parque Moinhos de Vento (ou Parcão), e o Parque Marinha do Brasil.[85] Outras áreas são o Parque Chico Mendes, o Parque Mascarenhas de Moraes e o Parque Maurício Sirotski Sobrinho. Muitas dessas áreas dispõem de variados equipamentos de esporte e lazer e atraem grande número de frequentadores, além de, contando com espécies vegetais nativas, servirem de abrigo para diversos animais da região.[86][87][88]
[editar] Problemas ambientais e conscientização ecológica
Nos últimos anos a cidade tem permanecido entre os municípios considerados em situação crítica no estado em relação ao índice de potencial poluidor da indústria (Inpp-I), e a Região Metropolitana tem evidenciado uma crescente concentração em atividades industriais de alto potencial poluidor, com quase 80% delas nessa categoria.[89] Em 2007 o nível de poluição na cidade era o dobro do recomendado pela Organização Mundial de Saúde, sendo a segunda capital mais poluída do Brasil. A média de material particulado fino na atmosfera foi de 22,25 microgramas por metro cúbico, níveis que, segundo o patologista Paulo Saldiva, estão diretamente relacionados a mortes por doenças cardiovasculares e bronquites crônicas, além de provocarem outras doenças.[90] Existem postos de monitoramento da qualidade do ar em Porto Alegre, e em 2010 o ar da cidade tem se mantido em condições de boas a regulares.[91] Porém, em algumas ocasiões se registraram índices classificados como inadequados.[92] Outros problemas ambientais são a urbanização descontrolada, com perda da cobertura vegetal, impermeabilização do solo, contaminação e redução de mananciais de água e erosão, desencadeando também alagamentos e deslizamentos durante chuvas fortes. Em muitos poços a água coletada está aquém do limite de potabilidade permitido pelo Ministério da Saúde, sendo o principal contaminante inorgânico o fluoreto. O problema é agravado pela construção de muitos poços sem a devida selagem sanitária, gerando contaminação adicional por nitratos orgânicos.[93] O lago Guaíba, principal abastecedor de água para a cidade, é poluído por uma variedade de fontes, como lançamentos de esgotos, efluentes industriais e agrotóxicos, além de receber o afluxo das águas também poluídas dos rios Gravataí e Sinos. O lixo doméstico é outro dos agentes poluidores da capital.[10]
Aspecto do Morro da Polícia com áreas desmatadas, trechos de matas e zonas de ocupação irregular por favelas.
Entre as espécies raras ou ameaçadas ainda presentes em vários pontos de Porto Alegre estão o crustáceo Parastacus brasiliensis, a aranha Eustala saga, as espécies vegetais Alstroemeria albescens,[94] Colubrina glandulosa,[78] Ocotea catharinensis e Erythrina falcata, as aves Accipiter striatus, Buteo brachyurus e Stephanoxis lalandi, e os mamíferos Alouatta guariba clamitans e Sphiggurus villosus.[78]
Por outro lado a cidade conta com um movimento ecológico bastante organizado, que se projetou nacionalmente desde a década de 1970 através das figuras de José Lutzenberger, fundador em 1971 da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (AGAPAN), e Magda Renner, que organizou em 1975 o primeiro encontro ecológico nacional, trazendo a Porto Alegre participantes de vários pontos do país. A partir de suas iniciativas pioneiras diversos outros grupos se formaram.[95][96] A Secretaria Municipal de Meio Ambiente foi a primeira a ser criada no Brasil (1976),[97] e a Prefeitura Municipal também tem estado ativamente interessada na educação ambiental, promovendo um grande número de atividades voltadas para a população a respeito de tópicos variados, como orientação sobre descarte adequado de resíduos, arborização urbana, organização de passeios ecológicos monitorados e palestras sobre temas ecológicos globais.[98]
[editar] Demografia
Ver artigo principal: Demografia de Porto Alegre
A capital contava em 2009 com 1.446.777 habitantes[2] e uma densidade demográfica de 2.896,0 hab/km² em 2008.[99] Porém a densidade demográfica varia consideravelmente entre as várias subdivisões da cidade, com uma forte concentração no Centro e em bairros próximos como Moinhos de Vento, Boa Vista, Mont'Serrat e Santa Tereza.[100] De acordo com o censo de 1990 do IBGE, o mais populoso era o Rubem Berta, com 78.624 habitantes, e o menos populoso era o Anchieta, com apenas 203 pessoas. No mesmo censo o Bom Fim apareceu como o com maior densidade populacional em relação à sua área, com 299 habitantes por hectare, enquanto o Arquipélago, Lageado e Lami indicaram uma taxa de somente uma pessoa por hectare. O que mais cresceu entre 1980 e 2000 foi Belém Velho, com 7,3 %, e o que menos cresceu foi o Jardim Floresta, com uma taxa negativa de -2.2%.[50]
A taxa de crescimento populacional está em 1,25% ao ano[101] mas a tendência desde os anos 1980 é a desaceleração desse ritmo, perdendo importância relativa na Região Metropolitana, recuando entre 1995 e 2004 de 37,84% para 35,30% na sua participação na população total da Região, refletindo uma tendência de todas as grandes metrópoles nacionais. Por outro lado, a cidade continua sendo um pólo de atração para as migrações intermunicipais e interestaduais, e este movimento populacional parece estar associado à busca de trabalho e as maiores possibilidades de estudo e negócios.[102]
Amostragem da população num domingo no Parque Farroupilha.
Recebendo ao longo de sua história imigrantes de várias partes do mundo, sua população é muito heterogênea,[22] mas etnicamente possui um largo predomínio de brancos. Em 2000 tinha em sua composição étnica 82,4% de brancos; 8,7% de negros, 7,8% de pardos, 0,5% de índios, 0,2% de amarelos, e 0,4% de etnia não declarada.[103]
Em 2000 a expectativa de vida ao nascer era de 71,59 anos[99] e o coeficiente de mortalidade infantil era de 11,64 em 2008.[104] A pirâmide etária em 2000 se distribuía entre cerca de 23% com menos de 15 anos, cerca de 68% entre 15 e 64 anos, e cerca de 8% com 65 anos ou mais. A taxa de fecundidade total era de 1,8 filhos por mulher. A taxa de analfabetismo na população adulta era de 3,9%, com uma média de 9 anos de escolarização.[105] Nos indicadores de vulnerabilidade familiar, havia 0,3% de mulheres entre 10 e 14 anos já com filhos, 7,5% de mulheres entre 15 e 17 anos já com filhos, 22,3% de crianças em famílias com renda inferior a 1/2 salário mínimo, e 6,0% de mães chefes de família, sem cônjuge, com filhos menores. No período 1991-2000, o Índice de Desenvolvimento Humano de Porto Alegre cresceu 4,98%, passando de 0,824 em 1991 para 0,865 em 2000. As dimensões que mais contribuíram para este crescimento foram a renda, a educação e a longevidade. Em 2000 o IDH de Porto Alegre era de 0,865. Segundo a classificação do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o município está entre as regiões consideradas de alto desenvolvimento humano. Em relação aos outros municípios Porto Alegre apresenta uma situação muito favorável, estando em 9º lugar no Brasil e em 2º no estado.[105]
Ao longo da década de 1990 houve importante mudança no perfil religioso da população, com redução do percentual de católicos e aumento entre os evangélicos, os sem religião e de religiões classificadas como "outras". Em números absolutos, em 2000 havia 73,8% de católicos, 3,1% de evangélicos de missão (incluindo luteranos, batistas e adventistas), 5,5% evangélicos pentecostais, 8,2% declarados sem religião e 9,4% de "outros". Porém, mesmo em redução, o Catolicismo perdeu proporcionalmente menos seguidores em Porto Alegre do que entre as demais capitais brasileiras. Os evangélicos de missão encontram-se em ligeiro declínio, e em números absolutos os luteranos são a grande maioria; os pentecostais, ainda que tendo seus números em ascensão, ainda estão com a menor proporção dentre todas as capitais brasileiras salvo Teresina, e o seu ritmo de crescimento é o menor de todas as capitais. As mais importantes ramificações do Pentecostalismo na capital gaúcha são a Assembléia de Deus e a Igreja Universal do Reino de Deus.[106]
[editar] Região Metropolitana
A Região Metropolitana de Porto Alegre (RMPA), criada em 1973, é a área mais densamente povoada do estado, concentrando 37% da população em 31 municípios, 9 deles com mais de 100 mil habitantes. A densidade demográfica da região é de 480,62 hab/km². Estes municípios apresentam grandes disparidades quanto ao PIB per capita e aos indicadores sociais, com uma distribuição desigual de agentes econômicos e de equipamentos urbanos como transporte, saúde, educação, habitação e saneamento. Seu território é dividido em cinco Conselhos Regionais de Desenvolvimento: Metropolitano-Delta do Jacuí, Vale dos Sinos, Paranhana-Encosta da Serra, Centro-Sul e Vale do Caí. Toda a RMPA é hoje um pólo de migração no estado, atraindo muitas pessoas pelos preços mais baixos da terra e pelas facilidades de emprego em áreas de expansão econômica.[20]
[editar] Política, administração e cidadania
Ver página anexa: Prefeitos de Porto Alegre
Paço Municipal.
O Poder Executivo é representado pela Prefeitura Municipal, suas Secretarias e outros órgãos da administração pública direta e indireta. Em 2010 o prefeito de Porto Alegre é José Fortunati.[107] O Poder Legislativo é representado pela Câmara Municipal. A XV Legislatura (2009/2012) é composta por 35 vereadores, assim distribuídos: 6 do PT, 6 do PMDB, 5 do PTB, 5 do PDT, 3 do PPS, 3 do PP, 2 do PSDB, 2 do PSOL, 1 do DEM, 1 do PSB e 1 do PRB.[108] A Mesa Diretora é presidida em 2010 pelo vereador Nelcir Tessaro, do PTB.[109] O Poder Judiciário é representado pelo Foro Central da Comarca de Porto Alegre.[110] Em 2010 o diretor do Foro Central é o juiz Alberto Delgado Neto.[111]
Uma das características mais marcantes da administração pública portoalegrense é a adoção de um sistema de participação popular na definição de investimentos públicos, o chamado Orçamento Participativo. Segundo Fedozzi e Costa, este sistema vem sendo reconhecido como uma experiência bem-sucedida de interação entre a população e as esferas administrativas oficiais na gestão pública e, como tal, vem alcançando uma ampla repercussão no cenário político nacional e internacional, sendo interpretado como uma estratégia para a instituição de uma cidadania ativa no Brasil. A distribuição dos recursos de investimentos obedece a um planejamento que parte da indicação de prioridades pelas assembléias regionais ou temáticas e culmina com a aprovação de um plano de investimentos que programa obras e atividades discriminadas por setor de investimento, por região e para toda a cidade.[112][113] Ainda segundo Fedozzi, isso favorece
"o exercício do controle social sobre os governantes, criando obstáculos objetivos tanto para a utilização pessoal/privada dos recursos públicos por parte destes últimos como para a tradicional troca de favores (individual ou coletiva), que caracteriza o fenômeno clientelista… e (desencadeia) um processo de inversão de prioridades dos investimentos públicos, fazendo com que os segmentos sociais historicamente excluídos do desenvolvimento urbano sejam reconhecidos e integrados como sujeitos ativos do processo decisório de gestão governamental. O perfil socioeconômico dos participantes, majoritariamente constituído pelas camadas de baixa renda e baixo nível de escolaridade, e os investimentos prioritários canalizados para atender às demandas por saneamento básico e outras obras de infraestrutura e serviços nas vilas populares são bastante reveladores desse aspecto".[114]
Parada Gay (ou Parada Livre) 2009 no Parque Farroupilha.
Passeata de abertura do III Fórum Social Mundial.
Porém há quem conteste a eficiência do modelo, dizendo que ele já se desgastou com o passar dos anos e já não provoca debate nem incita à participação, ou que seus efeitos não são significativos.[115] Outras questões sociopolíticas que têm sido levantadas em tempos recentes são as que dizem respeito às minorias, como os indígenas, os negros, os homossexuais e outras que, se por um lado têm conquistado progressivo respeito, espaço e visibilidade, ainda esperam estudos que aprofundem o conhecimento de suas realidades, e medidas públicas que atendam mais satisfatoriamente às suas necessidades, propiciando uma inserção mais digna, representativa e ativa na sociedade local. [116][117][118]
Destacou-se em anos recentes a realização das três primeiras edições do Fórum Social Mundial, em 2001, 2002 e 2003. A terceira edição atraiu 20.763 delegados representando 130 países, com um público total de 100 mil pessoas de todas as partes do mundo[119] Segundo Oded Grajew, um dos mentores do Fórum, a iniciativa pretendeu denunciar os riscos do modelo neoliberal. Os eventos inspiraram a criação de movimentos semelhantes em diversos países, e muitos frequentadores do FSM desde o seu início são hoje presidentes dos seus países ou ocupam postos importantes de governo.[120] A 10ª edição do FSM também se realizou em Porto Alegre, centrando seus debates na reflexão sobre os resultados obtidos até agora.[121] As conclusões, porém, foram controversas.[122][123] Na direção oposta, outro evento importante é o Fórum da Liberdade, que acontece anualmente desde 1988 e tem o objetivo de encontrar alternativas objetivas e viáveis para equacionar os problemas brasileiros,[124] defendendo a linha liberal ou neoliberal.[125]
[editar] Cidades-irmãs
Vista de Portalegre, em Portugal, cidade-irmã de Porto Alegre.
A indicação de cidades-irmãs de Porto Alegre ocorre através de decreto municipal.[126] A integração é firmada com o objetivo de criar relações e mecanismos em nível econômico e cultural através dos quais as cidades estabelecem laços de cooperação. Porto Alegre tem atualmente treze cidades-irmãs: Kanazawa (Japão), Morano Calabro (Itália), Ribeira Grande (Açores/Portugal), La Plata (Argentina), Punta del Este (Uruguai), Natal (Rio Grande do Norte), Horta (Portugal), Rosário (Argentina), São Petersburgo (Rússia), Portalegre (Portugal), Austin (Estados Unidos), Suzhou (China) e Newark (Estados Unidos). Estão em andamento estudos para viabilizar a irmanação também de Haifa, em Israel.[127]
[editar] Economia
Segundo dados do IBGE, o PIB de Porto Alegre em 2007 era de 33,43 bilhões de reais e seu PIB per capita 23.534 reais.[128] As receitas orçamentárias realizadas nas finanças públicas atingiram em 2008 2,86 bilhões de reais e as despesas orçamentárias chegaram a 2,52 bilhões. O seu valor no Fundo de Participação dos Municípios era de 133.773.590,80 reais.[129] Havia 90.077 empresas registradas no Cadastro Central de Empresas, 85.156 atuantes, ocupando 780.549 pessoas, sendo destas 669.451 assalariadas. Mais de 16 bilhões de reais foram pagos em salários em 2008, com um salário médio mensal de 4,6 salários mínimos.[130] De acordo com a ONU e o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) Porto Alegre teve em 2001 o melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) entre as metrópoles nacionais.[131] O Coeficiente de Gini registrado em 2003 era de 0,44, com uma incidência de pobreza de 23,74%, e 17,1% de pobreza subjetiva.[132] Em 2006 o Índice de Desenvolvimento Socioeconômico era de 0,832[133] e a taxa de desemprego em 2009 foi de 5,8%, com maior incidência na indústria.[134] O relatório Doing Business elaborado pelo BIRD colocou a cidade entre as mais favoráveis no Brasil para a atividade empresarial, estando à frente de São Paulo.[22]
Em agosto de 2010 Porto Alegre foi a capital com o custo da cesta básica mais elevado, chegando a 240,91 reais.[8] Em vários indicadores de custo de vida em 2009 Porto Alegre ficou entre as capitais mais caras, como em serviços e suprimentos domésticos, transporte, vestuário e calçados, mas estava entre as mais baratas para lazer e entretenimento.[135]
[editar] Setor primário
Entre 2007-2008 na agricultura se destacou a produção de arroz em casca, com 2.517 toneladas, com produções bem menores de milho (125 t), feijão (5 t),[136] caqui (29 t), figo (45 t), goiaba (60 t), laranja (132 t), noz (14 t), pera (252 t), pêssego (600 t), tangerina (198 t), uva (225 t),[137] batata-doce (300 t), cana-de-açúcar (630 t), cebola (9 t), fumo (5 t), mandioca (350 t), melão (375 t) e tomate (320 t).[138] Também foram extraídos 22.814 m³ de lenha.[139] Na pecuária em 2008 havia um rebanho de 9.891 bovinos, produzindo 1.148 mil litros de leite, 7.952 equinos, 569 bubalinos, 3.628 suínos, 266 caprinos, 1.397 ovinos, produzindo 3.263 kg de lã, 7.700 galos, frangos, frangas e pintos, 8.287 galinhas, com uma produção de 8 mil dúzias de ovos, 19.600 codornas, dando 130 mil dúzias de ovos, 720 coelhos, e uma produção de mel de abelha de 6.311 kg.[140] No Censo Agropecuário de 2006 foram registrados 294 estabelecimentos agropecuários de produtores individuais, com uma área produtiva de 5.597 ha, 2 cooperativas (372 ha), 24 sociedades pessoais ou consórcios (1.483 ha), e 20 sociedades anônimas (1.329 ha).[141] No PIB municipal, o valor adicionado bruto da agropecuária em 2007 foi de 15.859.000 reais.[128]
[editar] Setores secundário e terciário
Entrada do salão de convenções da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS).
Sede da Petróleo Ipiranga em Porto Alegre.
Porto Alegre é sede da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (FIERGS), uma entidade que representa empresas, associações, sindicatos, centros e câmaras de indústria e comércio de todas as regiões do estado.[142] Entre 1990 e 2000 a cidade experimentou um declínio na concentração de atividades industriais em relação às outras economias, perdendo empregos na indústria para o interior do estado e para a periferia da Região Metropolitana, a qual por sua vez também tem vivido uma desconcentração industrial.[143] Em 1999 a indústria respondia por apenas 30% do PIB municipal, empregando somente 8% dos ativos e com o setor da microempresa predominando.[7] Nos últimos dez anos o número de indústrias caiu 17%. Nas palavras de Valter Nagelstein, Secretário Municipal da Indústria e Comércio, a reversão desse processo só poderá acontecer se forem atraídas indústrias de alta tecnologia, que têm valor agregado e geram empregos com remuneração mais alta, já que o espaço da cidade não comporta mais grandes fábricas, e admite que é preciso criar políticas públicas para atrair essas empresas, que incluam a concessão de incentivos tributários.[144]
Na construção civil a tendência tem sido a concentração na edificação imobiliária, com significativo crescimento em termos de número de empreendimentos e área construída.[145] Em 2009, contudo, o indicador que mede o comportamento das vendas de imóveis da cidade de Porto Alegre sinalizou uma queda, na média dos oito primeiros meses do ano, relativamente ao verificado em 2008, de cerca de 43%. Em direção oposta, o volume de recursos pelo Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo para financiamento imobiliário, tanto para a construção quanto para aquisição, cresceram significativamente no período.[146] No censo imobiliário de 2010 foram identificados 342 empreendimentos imobiliários à venda, pertencentes a 195 empresas, totalizando 5.679 unidades novas, com uma área total em oferta de 675,43 mil m². Paulo Vanzetto Garcia, presidente do Sindicato da Indústria da Construção Civil no Estado do Rio Grande do Sul (SINDUSCON-RS), disse em agosto de 2010 que o mercado imobiliário de Porto Alegre passa por um bom momento.[147]
Embora possua um parque industrial diversificado, em vista da sua economia dinâmica, da forte e moderna infraestrutura física e técnico-científica, e da qualificação do mercado de trabalho, Porto Alegre vem mostrando uma tendência para a concentração em atividades do setor terciário, crescendo a indústria do conhecimento, o comércio e os serviços.[148][149] Há uma especialização em atividades administrativas, técnicas, científicas e assemelhadas, ostentando um Quociente Locacional (indicador de especialização) próximo de 2,0.[150] Há da mesma forma uma tendência ao crescimento nos níveis de rendimentos reais dos empregados no setor público e dos trabalhadores autônomos,[151] Em 2002 o comércio representava cerca de 30% do PIB municipal, e o setor de serviços, cerca de 40%.[7] Em 2004 cerca de 32% das empresas estavam no comércio varejista e atacadista, cerca de 64% eram do setor de serviços e apenas cerca de 3% se dedicavam à indústria.[152] As exportações totais em 2008 alcançaram o valor de 1.228.626.776 dólares (FOB).[99]
O Mercado Público de Porto Alegre é um dos prédios históricos da cidade.
Shopping Iguatemi.
Parte desse fenômeno se deve à concentração na cidade de sedes administrativas de grandes empresas gaúchas, como a Gerdau, a Ipiranga e a Rede Brasil Sul de Comunicações. Outro elemento que favorece a especialização terciária é a crescente procura da cidade por empresários estrangeiros que desejam instalar filiais que sirvam de entreposto para comércio com os países do MERCOSUL, em função da posição geográfica estratégica de Porto Alegre neste bloco comercial. Vêm crescendo o número de empreendimentos hoteleiros para atender a esta movimentação do empresariado e também à expansão da indústria do turismo.[148] Na esteira da desconcentração industrial, muitas empresas abandonaram suas instalações na cidade, ocasionando o relativo despovoamento do antigo distrito industrial da Zona Norte, contribuindo para a degradação da região. Têm sido realizados nos últimos anos, por instâncias oficiais e instituições acadêmicas, diversos estudos e propostas de recuperação dos pavilhões abandonados, muitos deles de interesse histórico e arquitetônico, e revitalização econômica da área, e a Prefeitura Municipal planeja para ali a instalação de um pólo tecnológico.[153]
Outra tendência que desde os anos 1970 vem sendo apontada, não apenas em Porto Alegre mas em todas as capitais brasileiras, é o progressivo declínio do comércio varejista de rua para organização em centros comerciais. Entretanto, mesmo estes centros em anos mais recentes vêm enfrentando a concorrência de vários, grandes e modernos shopping centers que se instalam na capital.[154] Parte disso se deve a aspectos de segurança, acessibilidade e conforto, mas não obstante, no Centro, em especial em torno da Rua da Praia, ainda sobrevive um ativo comércio de rua, dando continuidade a uma vocação tradicional da área.[155] Outros pólos de comércio de rua são as avenidas Azenha e Assis Brasil. Os shopping centers também contribuem para a valorização de algumas áreas urbanas desprestigiadas ou adormecidas antes de sua instalação, como foi o caso do Shopping Iguatemi, que depois dos anos 1980 vitalizou todo o espaço entre as avenidas Nilópolis e Nilo Peçanha, até então considerado distante do Centro e de acesso difícil.[156]
[editar] Turismo
Ver artigo principal: Turismo em Porto Alegre
Porto Alegre era em 2007 a sexta porta de entrada de visitantes estrangeiros no país.[157] Entre 1999 e 2007, 376.095 estrangeiros entraram no estado via aérea por Porto Alegre.[158] e o turismo cresce principalmente por a cidade ser um ponto de partida para viagens a outros pontos interessantes do estado como a Serra do Nordeste, o litoral e a região das Missões.[148] Alguns autores acreditam que o turismo local poderia ser muito mais explorado, especialmente as atividades que envolvem o lago e a cultura, mas tanto a iniciativa privada como a pública já têm direcionado esforços para incrementar esta área da economia.[159][160] Uma pesquisa sobre o perfil do turista brasileiro na capital levada a cabo em 2010 parece confirmar que ainda há muito por fazer na exploração dos atrativos específicos da capital tais como sua história, tradições, cultura e paisagem natural. Os dados revelaram que apenas 12,8% dos turistas chegados a Porto Alegre viajaram com finalidade de lazer. A maior parte deles viajou por negócios ou a trabalho (35,2%) ou para visitar parentes e amigos (34%). As atividades realizadas pelo público total, contudo, variaram: 44,8% visitaram amigos e parentes, 38% realizaram negócios, 30% experimentaram a culinária, 29,2% fizeram compras, mas apenas 16,4% visitaram parques, o lago ou passaram tempo em lazer, 14% assistiram a espetáculos, e somente 8,4% se dedicaram a atividades culturais. A maior percentagem, 36,4%, gastou menos de 300 reais na viagem, apenas 14,4% gastou mais de 1.300 reais. Entretanto, 85,6% recomendariam Porto Alegre para conhecidos como um destino de lazer, e 89,2% expressaram intenção de voltar. Os pontos positivos destacados na estadia em Porto Alegre foram a gastronomia, a hospitalidade, a boa hospedagem, o lazer e entretenimento, os atrativos turísticos e serviços de transporte. Os menores níveis de satisfação foram para a segurança, a limpeza pública e a sinalização urbana. Os maiores atrativos turísticos foram apontados nos parques, na cultura e nas compras, e os menos atraentes foram os negócios, os serviços de saúde e os eventos.[161]
Desde 2003 a prefeitura vem investindo na Linha Turismo, um itinerário percorrido em ônibus aberto que passa pelos principais pontos turísticos da cidade. A Linha oferece duas opções: Centro Histórico e Zona Sul. Em funcionamento desde janeiro de 2003, a Linha Turismo já foi procurada por mais de 364 mil pessoas.[162] Outros itinerários oferecidos pela Prefeitura podem ser praticados pelos turista nos Caminhos Rurais, visitando a região de chácaras e antigas fazendas na zona sul, as Caminhadas Orientadas/Viva o Centro a Pé, visitando o centro histórico acompanhado de guias, e a Estação Porto Alegre, com roteiros variados a preços baixos. Há também sempre acontecendo uma quantidade de espetáculos de teatro e música, exposições de arte, eventos, seminários, feiras, esportes, festas e comemorações de variada natureza, muitas delas acessíveis até para quem dispõe de poucos recursos, ou mesmo inteiramente gratuitas. Também pode-se conhecer a cidade a partir do lago em passeios náuticos e as tradições tipicamente gauchescas nos inúmeros Centros de Tradições Gaúchas (CTGs) espalhados pela cidade.[163][164] A capital gaúcha tem hoje cerca de 80 hotéis das principais redes e mais de 12,7 mil leitos, além de possuir no seu entorno hotéis-fazenda e pousadas.[165] Entre os melhores da cidade se encontram os hotéis das redes Plaza e Blue Tree.[22]
Vista panorâmica do Rio Guaíba em Ipanema.
Vista panorâmica do Rio Guaíba em Ipanema.
[editar] Infraestrutura
[editar] Transporte
Ver artigo principal: Transporte em Porto Alegre
Por sua situação geográfica, limitada a oeste pelo lago e ao sul e leste pelos morros, condicionou-se a distribuição da urbanização basicamente num único eixo, em direção norte, e por consequência neste eixo se concentraram as principais rodovias e ferrovias. Ao longo delas floresceram diversas cidades da Região Metropolitana.[166]
O setor dos transportes é administrado pela Empresa Pública de Transporte e Circulação (EPTC). A população é atendida por uma frota de 1.592 ônibus, 403 lotações (vans ou micro-ônibus), 618 veículos de transporte escolar e 3.923 táxis. Os ônibus servem em 364 linhas, transportando cerca de 1,1 milhão de passageiros por dia. Destes ônibus, 371 possuem adaptações para pessoas portadoras de deficiência física e 359 têm ar-condicionado. As lotações percorrem em 46 linhas, conduzindo 56.000 passageiros por dia. A frota de transporte escolar atende 392 escolas cadastradas e 15.824 estudantes. A EPTC também organiza um programa de educação para o trânsito, operacionalizado por agentes de fiscalização apoiados por professores e técnicos. A qualidade da frota e a cobertura em todos os tipos de demanda posicionam a cidade como uma das referências nacionais em mobilidade. Em 2009 a frota total de veículos na capital era de 659.082 unidades, segundo informação do DETRAN, representando uma taxa de motorização de 2,18 habitantes por veículo, uma das mais elevadas do país.[167][168] A Prefeitura controla a Companhia Carris, a mais antiga empresa de transporte coletivo do país em atividade, criada em 19 de junho de 1872. Atualmente ela mantém 27 linhas, com uma frota de 339 veículos, a maior da cidade, respondendo por um quarto do total de passageiros transportados.[169]
Um dos ônibus da Carris.
O Cais Mauá do Porto de Porto Alegre.
O número de usuários do transporte coletivo vem em geral caindo desde o início do acompanhamento em 1994, com alguns intervalos isolados de elevação. Entre as causas apontadas estão o valor da tarifa de ônibus, considerado alto por muitos usuários, a expansão da frota de automotores individuais, o crescimento do número de assaltos em ônibus, e a difusão do uso da internet para atividades que antes exigiam deslocamento físico. Também se registrou um aumento nas reclamações por imprudência no trânsito, no número de acidentes com feridos e no volume de engarrafamentos.[14] Embora nos últimos cinco anos o número total de acidentes de trânsito tenha aumentado, proporcionalmente ao número de veículos a tendência é de queda constante.[170] Em 2009 ocorreram 161 acidentes no trânsito local com vítimas fatais,[171] e 1.268 atropelamentos.[172]
O movimento de ônibus intermunicipais é concentrado na Estação Rodoviária de Porto Alegre, com atendimento 24 horas, setor de encomendas, guarda-malas, informações, postos do DAER, dos Correios e da Brigada Militar, tele-entrega de passagens, restaurantes e bares.[173] Em dias de grande movimento, como nos feriados de Carnaval, podem passar pela rodoviária até 80 mil pessoas por dia.[174] O fluxo aéreo é servido pelo Aeroporto Salgado Filho, com 37,6 mil m² de área construída, podendo receber simultaneamente até 28 aeronaves de grande porte, do tipo Boeing 747. O controle de movimentação de aeronaves é totalmente automatizado e informatizado. Um outro terminal, de 15 mil m², atende à aviação de terceiro nível (aeronaves convencionais e turbo-hélice). O Aeroshopping funciona 24 horas com lojas, serviços, praça de alimentação e cinemas. Seu terminal de carga aérea tem capacidade mensal de 1.500 t de carga exportada e 900 t de carga importada. O movimento médio diário é de 174 aeronaves, ligando Porto Alegre direta ou indiretamente a todas as capitais do País, às cidades do interior dos estados sulinos e São Paulo, além de manter linhas com voos diretos aos países do Cone Sul.[175] Cerca de 13 mil passageiros usam diariamente o aeroporto, que é o principal da região Sul do Brasil e está passando por uma ampliação.[165]
A ferrovia de Porto Alegre, de bitola de 1m, é controlada pela empresa América Latina Logística do Brasil (ALL), fazendo transporte principalmente de farelo de soja, derivados de petróleo, álcool, arroz, adubo e soja em grão.[176] Existe uma linha de metrô de superfície, o Trensurb, que interliga Porto Alegre com as cidades do eixo norte da Região Metropolitana, chegando até Novo Hamburgo. Foi criada em 1980 para aliviar a já saturada principal via de acesso rodoviário da capital, a BR-116. Em 2009 transportou 44.404.858 passageiros.[177] O Porto de Porto Alegre, administrado por uma autarquia do Governo do Estado, é o maior porto fluvial do país em extensão, com oito quilômetros de cais acostável. Sua estrutura conta com 25 armazéns com 70 mil m², numa área total de 450 mil m². Nos últimos cinco anos o porto movimentou cerca de quatro milhões de toneladas/ano, em produtos como papel, fertilizantes, sal, grãos, transformadores, frangos e celulose.[178]
[editar] Educação
Ver artigo principal: Educação em Porto Alegre
Porto Alegre em 2007 recebeu do Ministério da Educação o selo que a reconhece como Cidade Livre do Analfabetismo, concedido a toda cidade que alcançar 96% de alfabetização. Entre as capitais, além de Porto Alegre, apenas Curitiba e Florianópolis foram reconhecidas. Conforme o censo do IBGE de 2000 Porto Alegre registrou taxa de analfabetismo de 3,3%.[179] Em 2009 seu ensino fundamental era servido por 369 escolas e 8.777 docentes, atendendo a 190.005 matriculados; o ensino médio era dado por 3,281 professores em 142 escolas, para 51.319 alunos.[180] O Colégio Militar de Porto Alegre ficou em 2007 na 14ª colocação entre as melhores escolas da rede pública brasileira com maiores médias no ENEM.[181] Na escala estadual, o Colégio Militar e o Colégio Anchieta são os dois melhores.[182]
Entrada do antigo Instituto de Química da UFRGS, um prédio histórico.
Dois hospitais do complexo hospitalar da Santa Casa de Misericórdia, hospitais de ensino da UFCSPA.
Existem muitas universidades e faculdades, e as duas maiores universidades sediadas em Porto Alegre foram consideradas em 2006 como as melhores da região sul do Brasil - a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).[183] Em 2009 a PUC-RS foi premiada como a melhor universidade do ano do Brasil entre as privadas, segundo o V Prêmio Melhores Universidades 2009, do Guia do Estudante e Banco Real - Grupo Santander.[184] Em 2010 a UFRGS se colocou entre as 500 melhores universidades do mundo.[185] No Índice Geral de Cursos (IGC) elaborado pelo Ministério da Educação, a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA) e a UFRGS ficaram entre as doze melhores do Brasil, respectivamente na segunda e quinta posições.[186]
[editar] Saúde
Ver página anexa: Hospitais de Porto Alegre
Em 2005 a cidade contava com um total de 519 estabelecimentos de saúde, 133 deles públicos e 105 municipais. 40 ofereciam internação total e 188 estavam ligados ao SUS. O total de leitos oferecidos era de 7.701, sendo 1.542 públicos, e destes 271 eram municipais. 365 estabelecimentos ofereciam atendimento ambulatorial total, 132 ofereciam tratamento odontológico, 33 tinham serviço de emergência total, e 21 ligados ao SUS tinham setor de UTI.[187] Vários hospitais da cidade já foram premiados em nível nacional nos últimos anos. Em 2001 recebeu o Prêmio Qualidade Hospitalar outorgado pelo SUS o Hospital Independência,[188] e em 2002, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre. o Hospital São Lucas da PUC-RS, o Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul e a Policlínica Santa Clara da Santa Casa de Misericórdia.[189] O Laboratório Weinmann recebeu o Prêmio Nacional da Gestão em Saúde – Nível Ouro na categoria Laboratório, no ciclo 2003-2004.[190] Também são considerados instituições referenciais no Brasil, seja em conjunto ou em alguma especialidade, entre outros o Hospital Moinhos de Vento,[191] o Hospital Conceição[192] e o Hospital Fêmina[193]
[editar] Água, saneamento, energia e habitação
Ver artigo principal: Abastecimento de água em Porto Alegre
Os serviços básicos de Porto Alegre estão em níveis muito superiores às outras capitais nacionais, apresentando, de acordo com Balarine, condições satisfatórias particularmente nas áreas de energia elétrica e abastecimento de água.[21] Dados do Departamento Municipal de Água e Esgotos (DMAE) indicam que atualmente Porto Alegre tem 100% da população, em 581.101 economias, atendida com água, com uma rede distribuidora de 3.716,52 km e uma capacidade de 193.890 m³ de armazenagem em reservatórios.[194] O lago Guaíba é o principal manancial de abastecimento de água de Porto Alegre. Entretanto, ele recebe poluição de várias naturezas, incluindo esgotos domésticos in natura ou parcialmente tratados, além de efluentes industriais e agrícolas.[195] O outro manancial importante é a Represa da Lomba do Sabão, localizada dentro do Parque Saint-Hilaire, constituindo uma reserva estratégica de água caso algum acidente ambiental venha a impedir temporariamente a utilização da água do Guaíba.[196] Para tratar essas águas existem 7 estações,[194] e o DMAE também realiza um programa de educação ambiental sobre o correto uso da água e disposição do esgoto.[197]
Há 1.648 km de redes de coleta de esgoto e 12 estações de bombeamento. A população atendida por rede de esgoto cloacal e pluvial é de 56% e por rede mista é de 29%. A capacidade de tratamento do esgoto coletado é de até 27%, mas somente 20% é realmente tratado.[9] A Prefeitura gastou em 2009 17% de sua receita em saneamento básico, representando mais de 500 milhões de reais. Recentemente foi lançado o Projeto Integrado Socioambiental, financiado em sua maior parte pelo BID e pela CEF, que visa ampliar a capacidade de tratamento de esgotos de 27% para 77%, com um investimento de 586,7 milhões de reais.[198] A coleta de lixo é organizada pelo Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), atendendo a 100% dos domicílios. O sistema é de coleta seletiva, boa parte do lixo seco é reciclado, parte dos resíduos alimentares é transformada em ração animal e outros resíduos são depositados em aterros sanitários.[199][200] Contudo, os serviços de coleta são terceirizados e o atendimento nem sempre está dentro dos parâmetros exigidos,[201] enfrentando-se também o problema da falta de conscientização de parte dos habitantes sobre a destinação adequada dos materiais descartados.[202]
A energia elétrica é fornecida pela Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE), do Grupo CEEE, concessionária dos serviços de distribuição de energia elétrica na região sul-sudeste do estado.[203] Em 1991 99,5% dos domicílios eram servidos de eletricidade,[204] e a empresa em anos recentes tem feito diversos investimentos para melhorar o atendimento e expandir a rede.[205][206] A voltagem da rede é de 110v.[45] Desde 1999 Porto Alegre dispõe de fornecimento de gás natural, vindo por gasodutos desde a Bolívia e Argentina.[207][208]
Bolsão de favela na entrada norte da cidade.
Sede do jornal Correio do Povo, um dos mais tradicionais da cidade.
Como já foi citado, a construção civil se concentra atualmente no setor habitacional e o mercado imobiliário está em expansão.[147] Havia em 1991 380.987 domicílios registrados, e destes, 78.615 eram alugados. A tendência atual é dos preços de aquisição de moradias caírem, bem como o número médio de habitantes por domicílio. Por outro lado, a média de área ofertada por morador vem crescendo.[209] A Prefeitura vem oferecendo uma série de incentivos e concedendo isenções fiscais para o estímulo à construção e aquisição de habitações populares, bem como tem procurado a regularização fundiária de vários assentamentos desordenados.[210] Apesar dos progressos em termos de habitação, em 1991 ainda permanecia um déficit habitacional estimado em 96.945 moradias,[211] e o problema das favelas continua sério, atingindo cerca de 22% da população, um terço deste percentual vivendo da triagem de lixo doméstico. Com o recuo na industrialização municipal e o declínio da atividade portuária, a questão tem piorado.[7]
[editar] Comunicações
Ver página anexa: Meios de comunicação de Porto Alegre
Porto Alegre possui vários jornais, destacando-se a Zero Hora, o Correio do Povo, O Sul, o Diário Gaúcho e o Jornal do Comércio.[212] Três deles estavam em 2008 entre os dez de maior circulação no país, segundo dados do Instituto Verificador de Circulação, ocupando respectivamente a 7ª, 8ª e 9ª colocações: Zero Hora (187.220 exemplares/dia), Diário Gaúcho (167.125) e Correio do Povo (157.543).[213] Existem diversas rádios, como a Rádio Gaúcha, a Rede Atlântida, a Rádio Itapema FM, a Rádio Liberdade FM, a Rádio Pop Rock FM a Rádio Guaíba AM, a Rádio Pampa, a FM Cultura e muitas outras.[214] De acordo com o IBOPE a FM mais ouvida é a Cidade FM, seguida pelas rádios Eldorado FM e a 104 FM.[215]
Em dados da ANATEL, em julho de 2010 Porto Alegre possuía 393.607 telefones fixos (referentes apenas às concessionárias do STFC)[216] e em 2008, um índice por área de DDD (051) de 90,34 aparelhos celulares a cada 100 habitantes.[217] Há fácil acesso à internet na cidade, e como disse André Kulczynski, diretor da Procempa, pode ser considerada, entre as capitais brasileiras, privilegiada nesse aspecto. A cidade possui uma infovia própria e está inteiramente coberta por uma rede wireless (sem fio), a administração do município tem uma rede de fibra óptica de 400 km de extensão, todas as escolas do município dispõem de banda larga e em 2010 os postos de saúde iniciam sua integração ao sistema. Centros de capacitação digital oferecem cursos gratuitos, inclusive para portadores de deficiências, idosos e adolescentes, e o Poder Público já abriu em ambientes públicos o acesso livre e gratuito à internet. O uso institucional da internet pela Prefeitura já gerou economia de 8 milhões de reais em telefonia em 2008.[218] Recentemente entrou em teste um sistema de internet via rede elétrica.[219] O serviço postal é atendido por 62 agências da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos funcionando na cidade.[220]
Entre os canais de TV operando na cidade estão a RBS TV, a Bandeirantes, o SBT e a Rede Record.[214] O maior conglomerado de comunicações de Porto Alegre é o Grupo RBS, filiado à Rede Globo, que possui 18 emissoras de TV associadas no estado e em Santa Catarina, mais 25 emissoras de rádio, 8 jornais diários, 4 portais na internet, uma editora, uma gráfica, uma gravadora, uma empresa de logística, uma empresa de marketing e relacionamento com o público jovem e participação em uma empresa de móbile marketing.[221] Porto Alegre também é sede da Associação Gaúcha de Emissoras de Rádio e Televisão (AGERT), uma entidade que congrega 296 filiados, entre emissoras de rádio, televisão e representantes comerciais.[222]
[editar] Ciência e tecnologia
Interior do Museu de Ciências e Tecnologia da PUC-RS.
Fiscais da EPTC (uniforme azul) e soldados da Brigada Militar (uniforme pardo) em vigia a uma manifestação pública no Largo Glênio Peres, 2008.
Em nível municipal o campo da ciência e tecnologia é administrado pelo Conselho Municipal de Ciência e Tecnologia, que elabora e discute as políticas pública para o setor em Conferências Municipais com periodicidade bienal.[223] Outras instâncias oficiais também se dedicam ao fomento do setor, como o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, desenvolvendo uma série de atividades em pesquisa, ensino e qualificação técnica, de nível elementar a superior.[224] e a Fundação de Ciência e Tecnologia, vinculada ao Governo do Estado,[225] Porto Alegre já sediou várias edições da Feira de Ciência, Tecnologia e Inovação Globaltech[226] e é a sede permanente do Fórum Internacional Software Livre, o maior encontro de comunidades de software livre da América Latina e um dos maiores do mundo.[227]
Também as universidades locais têm grande empenho na área. A PUC-RS mantém o Museu de Ciências e Tecnologia, dispondo de uma grande área de exposição permanente com mais de 10 mil m² e cerca de 750 equipamentos interativos, além de atuar na pesquisa e ensino científico de maneira destacada, sendo escolhida em 2010, junto com a UNICAMP, como as melhores em Ciências Exatas e Informática.[228][229] A UFRGS também mantém vários núcleos que são referência nacional em ensino e produção científica.[230][231] Diversos pesquisadores ativos na capital já receberam premiações e desenvolvem projetos pioneiros em suas especialidades.[232][233][234]
[editar] Segurança e criminalidade
A criminalidade em Porto Alegre tem mostrado índices variáveis nos últimos anos, mas parecem oferecer perspectivas animadoras. Em 2007 foi a capital brasileira entre as 13 maiores do país onde o homicídio mais cresceu, o número de mortes por agressão aumentou quase 60% em relação a 2006, e os homicídios aumentaram em 57,5%, metade do número das ocorrências em todo o estado. As principais causas apontadas foram o sucateamento do sistema de segurança, o acirramento da rivalidade entre as polícias Civil e Militar, o aumento do tráfico de drogas e de bolsões de pobreza.[12] Por outro lado, em 2009, com o reforço no policiamento ostensivo, os números caíram em várias áreas do crime. De acordo com os dados da Brigada Militar, no Centro o roubo a estabelecimentos comerciais caiu em 52% e os furtos 40%. Nos casos de furtos e roubos a pedestres e veículos, a redução dos índices ficou entre 13% e 44%[235] Em 2010 foi instalado um sistema de mapeamento do crime via internet, com resultados significativos: em apenas seis meses de uso se verificou a redução nos índices de criminalidade, conforme o tipo, de 4,6% a 37,9%. Os bons resultados também são consequência do aumento do efetivo, que teve neste ano um acréscimo de mil soldados.[236] O delegado Bolívar Llantada disse que a taxa de homicídios vem caindo nos últimos três anos: em 2007 foram registrados 485; em 2008, 482, e em 2009, 411. Até julho de 2010 foram registrados 232, e a expectativa é de que o total anual confirme a tendência de queda. Segundo o delegado, de 80 a 90% dos homicídios da capital estão ligados ao tráfico de drogas.[13]
A segurança pública é oferecida por vários corpos especializados mantidos pela Prefeitura Municipal. A Guarda Municipal patrulha prédios e espaços públicos, faz a segurança de pessoas públicas e eventos oficiais, e atende à população de várias maneiras, como em reintegrações de posse, vigilância motorizada, socorro em incêndios e desabamentos e combate à pichação.[237] O Centro de Referência às Vítimas de Violência presta informações e orientações às vítimas de violações de direitos, abuso de autoridade, exploração sexual e qualquer tipo de discriminação.[238] O Programa Nacional de Segurança com Cidadania foi implantado em Porto Alegre para atender ao jovem que se encontra em situação infracional ou a caminho dela.[239] O Sistema de Defesa Civil municipal se dirige a ações preventivas, de socorro, assistenciais e recuperativas, com o propósito de evitar ou minimizar desastres, procurando ao mesmo tempo preservar o moral da população e restabelecer a normalidade do convívio social.[240]
Outro corpo de segurança presente na capital é a Polícia Civil, com funções principais de polícia judiciária.[241] Finalmente, a Brigada Militar, mantida pelo Governo do Estado, tem múltiplas atribuições com os objetivos de integração e proteção da população, como policiamento preventivo e ostensivo, patrulha ambiental, defesa civil, auxílio às Forças Armadas, combate às drogas, busca e salvamento, profissionalização de adolescentes em situação de risco, promoção da cidadania e instrução sobre higiene básica, além de providenciar os serviços de bombeiros e, durante o verão, o de salva-vidas.[242]
[editar] Cultura
Ver artigo principal: Cultura de Porto Alegre
[editar] Música
Música popular
Ver página anexa: Bandas de Porto Alegre
Show de Renato Borghetti em 2006.
Desde os anos 1980 Porto Alegre se caracteriza por ter um circuito de música popular muito diversificado, com a música de inspiração gauchesca ocupando um papel destacado, alavancada pelo apoio recebido do Movimento Tradicionalista Gaúcho e os vários CTGs, mas contando também com vários grupos e cantores de rock e música pop que, incorporando estéticas internacionais e locais, muitas vezes adicionando fortes traços de irreverência e contestação social, deram uma feição original à música popular da cidade, tipificada na produção de, por exemplo, Bebeto Alves, Nelson Coelho de Castro e Kleiton e Kledir. Na opinião de Agostini, a chamada "música popular gaúcha" nasceu em Porto Alegre[243] e, para Nicole dos Reis, o cenário foi desde então marcado pelo profissionalismo.[244]
Na atualidade a movimentação continua grande, com uma série de ações de instituições oficiais e privadas apoiando a produção local e trazendo artistas de fora, enquanto que se multiplicam festivais, shows e grupos dos mais variados gêneros, passando pelo rock, o samba, a MPB, o hip-hop, o nativismo, o jazz, a bossa nova e outros.[245][246][247][248][249] São nomes e grupos bem conhecidos na música popular de Porto Alegre, além dos já citados e entre uma multidão de outros, Raul Ellwanger, Serrote Preto, Zé Caradípia, Cachorro Grande,[250] Gelson Oliveira, Renato Borghetti, Duca Leindecker, Geraldo Flach, Zilah Machado,[251][252] The Darma Lóvers,[253] Karine Cunha,[254] Arthur de Faria, Wander Wildner.[255] e Da Guedes.[256]
Música erudita
Ver artigo principal: História da música erudita em Porto Alegre
A Orquestra Sinfônica de Porto Alegre, concerto em 2009.
Recital do Grupo de Música Contemporânea de Porto Alegre no Instituto Goethe, 2008.
A cidade é uma referência para todo o estado em termos de música erudita, como o principal pólo produtor e irradiador de influência. Possui um público considerável para este gênero; está no roteiro de concertistas de fama internacional, conta com duas grandes orquestras - a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (OSPA) e a Orquestra Filarmônica da PUCRS - e uma orquestra de câmara, a Orquestra de Câmara do Theatro São Pedro, e inúmeros grupos menores de câmara e solistas vocais e instrumentais, bem como grande número de escolas de música e espaços de apresentação.[257][258][259] Segundo o maestro Isaac Karabtchevsky, que está a cargo da direção artística da OSPA, "não há em nenhum canto do mundo identidade maior com a música do que a constatada na população de Porto Alegre".[260]
Ao mesmo tempo se percebe um desenvolvimento na pesquisa acadêmica e na qualificação profissional avançada nos cursos de graduação e pós-graduação em música da UFRGS.[261] Além de ter dado origem a um já significativo acervo de textos e publicações de musicologia e preparado uma grande quantidade de profissionais da música e novos professores, é parte inerente do funcionamento dos cursos a organização de qualificados recitais públicos.[262][263] A UFRGS mantém a Rádio da UFRGS, a única emissora local com uma programação voltada primariamente para a produção erudita,[264] e um ciclo de recitais e oficinas oferecidos pela Pró-Reitoria de Extensão.[265]
Além desses organismos, a música erudita local conta com um grande número de outros espaços de cultivo em museus[266] e até mesmo no ambiente das empresas, escolas, asilos e hospitais.[267][268] Entre os grupos de câmara que se vêm notabilizando estão o Trio de Madeiras de Porto Alegre, com um repertório diversificado,[269] o Grupo Ex-Machina, dedicado à divulgação de música contemporânea de sua própria autoria,[270] e o Grupo de Música Contemporânea de Porto Alegre, de perfil similar.[271] Também acontece anualmente o Festival Contemporâneo, divulgando música de importantes autores brasileiros.[259] O mercado fonográfico começa a dar atenção ao movimento erudito local, incluindo a composição contemporânea, e há pelo menos uma gravadora sediada em Porto Alegre com apreciável catálogo de intérpretes e compositores locais, com repertório antigo e contemporâneo.[272]
[editar] Cinema
O antigo Cine-Teatro Capitólio, futura sede da Cinemateca Capitólio.
A popularidade do cinema se estabeleceu em Porto Alegre desde que foi o gênero criado no fim do século XIX, passando a contar com vários espaços de exibição.[273] Atualmente a cidade tem 71 salas, tornando a cidade a 3ª capital melhor servida em salas de cinema por habitante, atrás apenas de Vitória e Florianópolis.[274] Mas a cidade não só possui muitos espaços de apresentação como tem significativa discussão, crítica[275][276] e produção cinematográfica, com um grupo de cineastas de voz própria, seguindo o caminho aberto por Teixeirinha, que nos anos 1960 e 1970 se tornou um fenômeno de público.[277] Em 1984 se produziu Verdes Anos, de Carlos Gerbase e Giba Assis Brasil, um marco no cinema local,[278] e pouco mais tarde o movimento cinematográfico local se estruturou numa cooperativa, a Casa de Cinema, reunindo 11 realizadores que já tinham experiências em comum. Ainda em atividade, a Casa de Cinema já produziu dezenas de filmes, vídeos, especiais e séries de televisão, exibidos no Brasil e exterior, além de organizar fóruns de debate e cursos de introdução à arte do cinema e de formação de roteiristas.[279][280] Ilha das Flores, O Dia em que Dorival Encarou a Guarda, O Homem que Copiava, Tolerância e Saneamento Básico, o Filme são alguns dos títulos que receberam boa atenção do público e prêmios da crítica em anos recentes.[281] Além disso se realizam em Porto Alegre festivais como o Festival de Cinema Fantástico[282] e o Festival de Cinema de Porto Alegre,[283] o Clube de Cinema de Porto Alegre e salas institucionais como a Cinemateca Paulo Amorim continuam promovendo suas sessões comentadas,[284] e está em andamento o projeto de instalação da Cinemateca Capitólio, objetivando o acervamento e a pesquisa sobre a produção audiovisual gaúcha.[285]
Feira do Livro de 2008.
Cena da peça A Mulher que Comeu o Mundo, do grupo de teatro Usina do Trabalho do Ator. Apresentação na Companhia de Arte, 2008.
[editar] Literatura e teatro
Há importante movimentação também na literatura e teatro da capital. Seguindo uma tradição consolidada entre outros pelos falecidos Mario Quintana e Erico Verissimo, que tornaram Porto Alegre uma referência como centro produtor e até a tomaram como sujeito de suas obras,[286] vários escritores renomados continuam ativos na cidade, como Luís Fernando Veríssimo,[287] Lya Luft,[288] João Gilberto Noll,[289] Moacyr Scliar[290] e Luiz Antonio de Assis Brasil.[291] Instituições e órgãos dos poderes públicos, bem como privados, desenvolvem significativa atividade de fomento, divulgação e publicação, há uma quantidade de bibliotecas em atividade, de oficinas, conferências, seminários e encontros ocorrendo regularmente, o campo é estudado em nível superior e de pós-graduação nas universidades locais,[289][292][293][294][295] mas o evento maior da literatura portoalegrense é sem dúvida a Feira do Livro, que acontece anualmente em outubro na Praça da Alfândega, atraindo multidões e constituindo um importante elemento dinamizador no mercado literário brasileiro, atraindo interessados até do exterior e sendo declarada Patrimônio Imaterial da cidade.[296][297] Outro evento digno de nota é a Festa da Literatura de Porto Alegre, que se espalha por várias livrarias, fazendo lançamentos e organizando encontros e outras atividades.[298]
O teatro igualmente tem uma longa tradição, cujas raízes estão no século XIX, e que chegou a um ponto de destaque nacional na década de 1970 com a ação do Teatro de Arena,[299] um reduto da resistência política durante a ditadura militar, e pela ação de dramaturgos como Carlos Carvalho e Ivo Bender. Atualmente Porto Alegre possui mais de vinte casas de teatro, destacando-se entre os maiores o Theatro São Pedro e o Teatro do SESI, totalmente equipados com tecnologia moderna. Há um sem-número de grupos profissionais e amadores em atividade, a programação de peças é contínua pelas várias casas da cidade, oferecendo representações de todos os gêneros e para todas as idades, vários grupos se dedicam ao teatro de rua, e a Prefeitura, além de oferecer vários prêmios para a categoria, mantém um grande festival, o Porto Alegre em Cena, que já conquistou projeção internacional.[300][301][302]
[editar] Tradições e folclore
Um gaúcho e uma prenda vestidos a caráter em desfile comemorativo da Semana Farroupilha.
O folclore de Porto Alegre é o resultado da mistura de tradições muito diversificadas, trazidas pelos imigrantes de variadas procedências que formaram a população local,[303] bem como aquelas legadas pelos povos indígenas autóctones[304] e pelos descendentes de escravos africanos.[305] Esse rico folclore, que abrange expressões na dança, na literatura, na música, no teatro, na religião, na culinária e nos jogos infantis, é transmitido em salas de aula e em outras atividades, como oficinas e contação de histórias, voltadas para o público jovem.[306][307] É importante o Festival Internacional de Folclore, que realiza eventos em vários pontos da cidade, principalmente escolas, com grupos folclóricos locais, nacionais e internacionais, atingindo um público de vinte mil pessoas.[308] Porto Alegre também se beneficia das múltiplas atividades do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, entidade do Governo do Estado.[309]
Dentre as celebrações e festas tradicionais na cidade se encontram a Festa de Nossa Senhora dos Navegantes, o maior evento religioso da capital, que reúne um público de 100 mil pessoas em sua procissão,[310] e o carnaval, um dos mais importantes do país, que lidera a audiência local em transmissão de televisão, emprega diretamente mais de 1,5 mil pessoas, e segundo informações da Prefeitura, breve disporá de um sambódromo projetado por Paulo Mendes da Rocha, ganhador do cobiçado Prêmio Pritzker de arquitetura.[311] No folclore urbano várias histórias se tornaram conhecidas, entre elas os crimes da Rua do Arvoredo[312] a maldição do escravo da Igreja das Dores[313] a história da prisioneira do Castelinho do Alto da Bronze[314] e a da Maria Degolada, prostituta que virou uma santa popular.[315]
Com tantas manifestações diferentes, entretanto ocupa um lugar privilegiado no cenário do folclore portoalegrense o tradicionalismo gauchesco,[303] que tem representação maior no Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), sediado na cidade, o qual se dedica à preservação, resgate e desenvolvimento da cultura do gaúcho e associa mais de 1400 Centros de Tradições Gaúchas legalmente constituídos.[316] Depois de perdido na cidade no início do século XX, numa fase de intensa urbanização e internacionalização, o tradicionalismo gauchesco foi ressuscitado nos anos 1940 por Barbosa Lessa e Paixão Cortes, e hoje se tornou tão popular que foi absorvido por descendentes de imigrantes que não tinham nenhuma ligação com as origens históricas, étnicas e campeiras do gaúcho do pampa, passando a se tornar um verdadeiro estilo de vida para muitos habitantes urbanos.[317][318] Esta expressão folclórica encontra um momento alto nas comemorações da Semana Farroupilha, que lembra a Guerra dos Farrapos e tem fortes associações cívicas e históricas.[319]
[editar] Artes visuais
Alfredo Nicolaiewsky: Anjo da guarda, acrílico sobre tela, 1993. Acervo do artista.
Galeria de arte da Casa de Cultura Mario Quintana, 2008.
Desde que o Instituto de Artes da UFRGS (IA) firmou sua posição como o principal centro de ensino, crítica e produção em artes visuais na cidade, Porto Alegre se tornou a maior referência estadual nesta área,[320] dali emergindo uma contínua sequência de artistas importantes. Nas últimas décadas, trabalhando ao lado de artistas de fama internacional como Vasco Prado, Francisco Stockinger e Iberê Camargo, outros mestres consagrados consolidaram suas carreiras, como Henrique Fuhro, Danúbio Gonçalves, Zorávia Bettiol, Mário Röhnelt, Milton Kurtz, Romanita Disconzi, Carlos Tenius, Carlos Carrion de Britto Velho, Maria Tomaselli Cirne Lima, Karin Lambrecht, Anico Herskovits e Alfredo Nicolaiewsky,[321] e testemunharam o surgimento em cena de uma promissora nova geração de jovens produtores[322] que levam adiante questionamentos levantados por grupos como o Nervo Óptico e o Espaço N.O. nos anos 1970 e 1980, além de trabalharem em direções próprias.[323]
O mercado, porém, vem mostrando retração, e a produção em meios tradicionais sofre a competição das novas mídias. Por outro lado, nos últimos anos foram apresentadas exposições retrospectivas de figuras históricas locais, com mostras abrangentes entre outros de Carlos Petrucci, Oscar Boeira, Libindo Ferrás, Edgar Koetz e Ado Malagoli. O Museu de Arte do Rio Grande do Sul, além das exposições de seu acervo, organiza grandes mostras com acervos de colecionadores privados e outras instituições, a pesquisa acadêmica chega a níveis superiores com a consolidação dos cursos de pós-graduação em Artes Visuais no Instituto de Artes e do curso de Especialização em Artes Plásticas da PUC, e o Estado instalou na capital a Bienal do Mercosul, de grande repercussão.[324]
Ao lado do IA, outros centros de produção/divulgação artística ou associações de artistas também assumiram um papel de relevo no circuito local, como a Associação Riograndense de Artes Plásticas Francisco Lisboa, que desde sua fundação em 1938 mantém, com poucas interrupções, um salão de arte dos mais importantes no estado,[325] e o Centro Municipal de Cultura, Arte e Lazer Lupicínio Rodrigues, da Prefeitura, formando gerações de artistas através de vários cursos especializados.[326] A Prefeitura Municipal também contribui para o fomento das artes visuais reservando para elas uma categoria no seu Prêmio Açorianos,[327] organizando um Salão Internacional de Desenho para a Imprensa,[328] dando vários espaços para exposições, especialmente na Usina do Gasômetro,[329] e oferecendo cursos e oficinas para a população em projetos de descentralização.[330] A Casa de Cultura Mario Quintana, administrada pelo governo estadual, e o Santander Cultural, privado, são outros dos grandes espaços para as artes visuais na cidade.[331][332]
[editar] Arquitetura e patrimônio histórico
Ver artigo principal: Arquitetura de Porto Alegre
Ver páginas anexas: Museus de Porto Alegre e Prédios históricos de Porto Alegre
A arquitetura de Porto Alegre se apresenta hoje como um mosaico de estilos antigos e modernos. Essa característica se mostra mais visível no centro da cidade, o núcleo urbano histórico, onde sobrevivem alguns exemplares de edificações do século XIX e do chamado "período áureo" da arquitetura portoalegrense, entre 1900 e 1930, aproximadamente.[333] Entretanto, muito das edificações mais antigas desapareceu ao longo do século XX para dar lugar a uma urbanização de linhas modernistas.[334][335]
Interior da Igreja de Nossa Senhora da Conceição.
Parte central da antiga Cervejaria Bopp, hoje o Shopping Total.
Palácio Farroupilha.
Entre seus prédios mais significativos do século XIX estão o Solar Lopo Gonçalves, bom exemplo de arquitetura senhorial de zona rural,[336] e o Solar dos Câmara, a mais antiga construção residencial da cidade ainda de pé.[337] No campo religioso, são importantes a Igreja das Dores, a mais antiga de Porto Alegre, declarada Patrimônio Nacional pelo IPHAN, e a Igreja da Conceição, a única igreja em estilo colonial que se conservou íntegra em seu estado primitivo.[338] Ainda do século XIX são notáveis o Theatro São Pedro, o mais antigo teatro da cidade,[339] e o conjunto dos pavilhões históricos do Hospital Psiquiátrico São Pedro, que segundo os técnicos do IPHAE é a maior área edificada de interesse social que o século XIX legou à Província, com uma estrutura de perfil neoclássico.[340]
Da "fase áurea", quando predominou o ecletismo, se destacam, entre muitos outros o Palácio Piratini, residência oficial do Governador do Estado;[341] o Paço Municipal, um dos primeiros exemplos arquitetônicos a exibir a influência do Positivismo na sua decoração de fachada;[333] e o grande conjunto de edifícios construídos pela parceria estabelecida entre o arquiteto Theodor Wiederspahn, o engenheiro-construtor Rudolf Ahrons e o decorador João Vicente Friedrichs,[342] que deixaram obras como o edifício da antiga Cervejaria Bopp,[343] o prédio dos antigos Correios e Telegraphos, a Faculdade de Medicina da UFRGS e o edifício da antiga Delegacia Fiscal.[344] O campus central da UFRGS também é digno de nota pelos seus prédios imponentes, alguns deles projeto de Manoel Itaqui, um dos introdutores da Art Nouveau na cidade.[345]
Da geração seguinte, seguindo em linhas gerais a estética Art Déco, são obras importantes o Clube do Comércio[346] e o Palácio do Comércio[347] Finalmente, entre as construções modernistas são de lembrar o Palácio Farroupilha, sede da Assembléia Legislativa,[348] o Palácio da Justiça, e o Centro Administrativo do Estado.[349] Nos últimos decênios se verificou o declínio da escola modernista e sua substituição pelos valores do Pós-Modernismo, fazendo a releitura de estilos históricos pré-modernistas e criando um novo senso de ecletismo, liberdade e democracia formal. Os exemplos mais paradigmáticos dessa tendência são os shopping centers que nos últimos anos têm pontuado a paisagem, mas cujo gosto e pertinência para a paisagem urbana local às vezes são postos sob suspeita.[335][349][350]
Com a criação em 1981 da Equipe do Patrimônio Histórico e Cultural iniciou-se um processo de estudo e resgate dos bens culturais de propriedade do Município de especial interesse histórico, social e arquitetônico, sistematizando os tombamentos municipais, que haviam iniciado poucos anos antes, em 1979. Essa atuação foi fortalecida pela instalação do escritório regional do IPHAN, cuidando dos interesses nacionais na área de patrimônio histórico em todo o estado, e da Coordenadoria do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado, antecessora do IPHAE, ambas em 1979, instituições que vêm realizando na cidade vários tombamentos e ações de preservação em nível federal e estadual.[351][352][353][354] Até 2010 o município já tombou 67 bens históricos,[351] e 21 foram tombados em nível estadual pelo IPHAE.[355] Destacam-se entre as ações de preservação na capital o Programa Monumenta, do Ministério da Cultura, que delimitou no Centro Histórico uma área de 24,5 hectares de interesse patrimonial, com 170 imóveis a serem preservados,[356] e o Projeto Viva o Centro, da Prefeitura, buscando a reabilitação do Centro Histórico de forma a valorizar o seu patrimônio cultural e ambiental.[357]
Museu de Arte do Rio Grande do Sul.
Lance a gol em um Grenal de 2007
A cidade possui muitos museus, em várias categorias gerais, e entre os mais destacados estão o Museu de Arte do Rio Grande do Sul, o Museu Júlio de Castilhos, o Museu Joaquim Felizardo, a Pinacoteca Barão de Santo Ângelo, o Memorial do Rio Grande do Sul, e o Museu de Comunicação Social Hipólito José da Costa. É importante ainda o Arquivo Público do Estado. A cidade também conta com uma variedade de outros museus dedicados a áreas culturais mais limitadas, como a Fundação Iberê Camargo, preservando a obra do insigne pintor gaúcho Iberê Camargo, o Museu da Brigada Militar, o Museu do Trabalho, o Museu da Eletricidade e o Museu de História da Medicina do Rio Grande do Sul. Desde 1990 Porto Alegre sedia a seção regional do Sistema Brasileiro de Museus, desenvolvendo importante trabalho de intercâmbio e divulgação cultural, além de oferecer cursos, seminários e palestras.[358]
[editar] Esportes
Ver artigo principal: Esportes em Porto Alegre
A cidade se destaca em diversos esportes. O futebol é popular entre os portoalegrenses, que se orgulham de terem lançado nomes importantes do futebol brasileiro, como Falcão, Ronaldinho Gaúcho, Dunga e Pato, por exemplo, e de contar com dois times campeões mundiais, o Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e o Sport Club Internacional. Os dois protagonizam uma das mais clássicas rivalidades do futebol nacional, disputada no chamado Grenal. A qualidade de seus grandes estádios, respectivamente o Olímpico Monumental e o Beira-Rio, foi reconhecida internacionalmente e possibilitou que a cidade fosse escolhida como uma das sedes da Copa do Mundo de 2014.[22] Geralmente o Campeonato Gaúcho de Futebol é vencido por um desses dois times.[359]
Na ginástica olímpica Daiane dos Santos se tornou uma estrela internacional, com 110 medalhas e 18 troféus.[360] No judô João Derly se tornou bicampeão mundial.[361] Também são famosos Tiago Camilo, eleito o melhor judoca do mundo em 2007,[362] e Mayra Aguiar, medalha de prata no Mundial de Judô de Tóquio em 2010.[363] Anualmente ocorre a Maratona Internacional de Porto Alegre, com um dos percursos mais bonitos do país.[364] Nos esportes aquáticos a vela tem um papel também importante, com clubes tradicionais como o Veleiros do Sul e o Clube dos Jangadeiros, onde se formaram medalhistas em várias competições, incluindo olímpicas, como Fernanda Oliveira, Isabel Swan,[365] e Alexandre Paradeda.[366] Na natação, têm obtido bons resultados Michelle Lenhardt,[367] Betina Lorscheitter e Samuel de Bona.[368] Outros clubes tradicionais da cidade que contam com equipamentos esportivos, equipes oficiais e escolas de esporte são a Associação Leopoldina Juvenil,[369] o Grêmio Náutico União[370] e a Sociedade de Ginástica Porto Alegre (SOGIPA).[371]
[editar] Vida noturna e culinária
Fachada do Opinião.
As diversas casas noturnas de Porto Alegre atendem aos mais diversos públicos, dos mais conservadores aos mais vanguardistas e irreverentes, possuindo uma grande quantidade de bares, pubs, cafés, casas de espetáculo e danceterias. São bem conhecidos o Bar do Beto, o Chalé da Praça XV (bar e restaurante), o Opinião (shows) e a microcervejaria DadoPub. Seus restaurantes também são diversificados e numerosos, contando com mais de 3.500, onde se pode saborear pratos locais e de todas as partes do mundo, com preços em geral acessíveis.[22] O Gambrinus, instalado no Mercado Público de Porto Alegre, é o mais antigo restaurante da cidade, com mais de 120 anos de funcionamento, onde o Bacalhau à Gomes de Sá é o prato mais solicitado.[372] Na culinária local, porém, a maior atração é o churrasco, prato tradicional da cozinha campeira, com diversos cortes de carne assada sobre brasas e servida com fartura.[22] O CTG 35, o primeiro CTG a ser fundado, ainda funciona e tem uma famosa churrascaria, a Roda de Carreta, com dezesseis tipos de carne, além de oferecer o carreteiro de charque como um destaque à parte e sobremesas caseiras como a ambrosia e o sagu. Nos domingos acontecem também apresentações ao vivo de dança e músicas típicas gaúchas.[373][374]
[editar] Feriados
Os feriados municipais fixos são 2 de fevereiro, dia de Nossa Senhora dos Navegantes, e 2 de novembro, dia de Finados. Os feriados móveis são a Sexta-feira Santa e Corpus Christi. Também é observado o dia 20 de setembro, celebrando a Revolução Farroupilha (feriado estadual). Os pontos facultativos municipais fixos são 8 de outubro, dia do funcionário público, 24 de dezembro, a partir das 12 horas, véspera de Natal e 31 de dezembro a partir das 12 horas, véspera de Ano Novo. Pontos facultativos móveis são a segunda e terça-feira de Carnaval e a Quarta-feira de Cinzas, pela manhã, reiniciando às 12h, e a Quinta-feira Santa, a partir das 12 horas.[
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