Comunicação é a forma como as pessoas se relacionam entre si, dividindo e trocando experiências, idéias, sentimentos, informações, modificando mutuamente a sociedade onde estão inseridas. Sem a comunicação, cada um de nós seria um mundo isolado.
Comunicar é tornar comum, podendo ser um ato de mão única, como TRANSMITIR (um emissor transmite uma informação a um receptor), ou de mão dupla, como COMPARTILHAR (emissores e receptores constroem o saber, a informação, e a transmitem). Comunicação é a representação de uma realidade. Serve para partilhar emoção, sentimento, informação.
Quem comunica é a fonte e, do outro lado, está o receptor. O que se comunica é a mensagem. Pode ser vista, ouvida, tocada. As formas de mensagens podem ser: palavras, gestos, olhares, movimentos do corpo. As formas como as idéias são representadas são chamadas de signos. Em conjunto, formam os códigos: língua portuguesa, código Morse, Libras, sinais de trânsito.
“Os meios são usados pelos interlocutores para transmitir sua mensagem. São eles: o artesão usa o barro, sua mão, sua voz para transmitir conhecimento ao filho. O locutor usa sua voz, o roteiro, o disco, a emissora de rádio, a fita gravada” (BORDENAVE).
Antes do surgimento dos meios tecnológicos de transmissão de informação (TV, rádio, internet etc.), os meios de comunicação utilizados eram físicos, como os rios, navios, estradas etc.
Por que comunicar
A comunicação está contida no nosso ambiente social. Em uma conversa de botequim, em um gesto qualquer de reprovação, em um sinal de trânsito, em um espetáculo de dança ou em um diálogo entre surdos-mudos, só para citar alguns exemplos. É impossível dissociar nossa vida, nossas necessidades, da comunicação.
“Estudos feitos durante greves de jornais demonstram a intensidade dos sentimentos de privação e frustração que se desenvolvem quando a leitores habituados lhes falta a leitura diária” (BORDENAVE).
Estudos também revelam que os meios de comunicação exercem influências positivas e negativas na vida das pessoas. Ex.: jornais podem ajudar na tomada de decisão importante, propiciar o estabelecimento de contatos sociais, dar status (atributo intangível). Novelas fazem “companhia” às pessoas, propiciam uma catarse emocional. Através das novelas, as pessoas aliviam carências, fracassos.
Como evoluiu a comunicação
Por meio do grunhido, o homem primitivo imitava os sons da natureza (canto dos pássaros, latidos, trovão). É possível que não produzissem som apenas pela boca, mas também com as mãos, pés ou a partir de objetos. O homem evolui fisiologicamente até a libertação das mãos (homo erectus). A posição ereta vertical possibilitaria a valorização da linguagem gestual. A voz é transformada em fala.
Os homens encontraram uma forma de associar um som ou objeto a um gesto ou ação. Assim nasceu o signo, que é qualquer coisa que faça referência a outra coisa, dando-lhe uma significação. Os signos podem ser representados por símbolos (objetos físicos que dão significação moral. Exs.: bandeira e hino nacional, mulher cega segurando uma balança, alianças do casal)e sinais (indícios que possibilitam conhecer, reconhecer ou prever algo. Exs.: Sinais de trânsito, sinais ortográficos, sinais de luzes nos aeroportos, nas traseiras dos carros, luz de freio etc. O homem também descobre seus sinais: pegadas humanas na praia são indícios de que alguém esteve ali, dor nas articulações é indício de que vai chover). A atribuição de significados a determinados signos é a base da linguagem.
Uma grande invenção do homem foi a gramática, que passou a ordenar o conjunto de regras para relacionar os signos entre si. A gramática ordenou a estrutura da apresentação dos signos. É por isso que dizer “Presidente Lula abandona o vício de beber” é diferente de dizer “O vício de beber abandona o presidente Lula”.
Como vimos, as primeiras formas de comunicação humana foram oral e gestual. Porém, a linguagem oral sofria da falta de permanência (perdia-se no tempo) e de alcance (não atingia longas distâncias). Para fixar seus signos o homem valeu-se dos desenhos e, mais tarde, da escrita.
Já para alcançar longas distâncias o homem recorreu a signos sonoros e visuais: berrante, sinal de fumaça, sons originados de instrumentos de percussão (tribos), desenhos, monumentos (moais).
O problema da permanência e da distância foi resolvido com o surgimento da escrita (5.000 a.C.), já que a mensagem escrita pode ser transportada a qualquer distância. Assim, temos a comunicação direta, feita por meio palavras e gestos, e a comunicação à distância, feita por meio de sons, sinais, manifestações culturais. Uma dessas manifestações culturais pode ser observada entre os fiéis de uma igreja. Para a igreja, as imagens eram tão importantes que um beijo de um iletrado em uma estátua equivalia à mesma devoção daqueles que sabiam ler (Papa Gregório, o Grande. a.C. 540 – 604).
É comum dizermos que estamos na era da imagem. Grande equívoco. Durante muito tempo a cultura foi difundida por meio da imagem, importante forma de comunicação e de propaganda no mundo antigo (Roma). Para os cristãos, a imagem era uma forma de comunicação e de persuasão. Muitos acham que este é um fenômeno moderno, mas, durante a Idade média, só os monges tinham acesso à linguagem escrita. Toda a fé religiosa era retratada nas pinturas e nos vitrais das igrejas.
Evolução da linguagem escrita
A linguagem escrita era representada por meio de pictogramas (3.300 a.C.), signos que correspondem à imagem gráfica (desenho). Os sumérios foram os primeiros a usar a escrita (Ex.: hieróglifos do Antigo Egito). A Suméria é civilização mais antiga da humanidade, localizada no sul da Mesopotâmia, entre o rio Tigre e Eufrates, onde hoje está o Iraque (Oriente Médio). Foi nessa região que se deu grande passo para o desenvolvimento da linguagem, porque era rica economicamente e intensa em atividades mercantis. Ali circulavam textos administrativos, econômicos e religiosos. Entretanto, ler e escrever era tarefa dada a peritos (escribas), que levavam muitos anos para aprender os significados dos sinais cuneiformes (escritos com objetos em forma de cunha). Isso divide a sociedade entre os que saber ler e os que não sabem.
O homem teve a necessidade de ampliar o significado dos signos e estes passaram a corresponder a idéias e não mais a palavras isoladas. Esse tipo de escrita recebeu o nome de ideográfica, assim como os ideogramas chineses e japoneses (Ex.: para os índios da América do Norte, pássaro voando = pressa. Para os antigos egípcios, pássaro com cabeça de homem = alma).
O homem percebeu que os signos gráficos, que eram representados pela palavra, possuíam som (fonema). Os sons são representados por unidades menores que as palavras. Nascia o conceito de letra (A, B, C...) e, por conseqüência, o alfabeto (2.000 a C). Com isso qualquer pessoa podia aprender o som sem necessariamente conhecer o signo ou o seu significado. O alfabeto é o estágio final da evolução da escrita.
Como transportar signos a distância seria o próximo passo a evoluir. Depois de escrever em pedras, rocha calcária, linho (o mesmo que envolvia as múmias), papiro e pergaminho de couro de animal, era preciso inventar um suporte mais prático. Os chineses parecem ter sido os primeiros a inventar o papel (século II d.C.) e os tipos de imprensa móveis, feitos de barro cozido, estanho, madeira ou bronze.
Na China e no Japão, já no século VIII, era utilizado um método de impressão chamado de “impressão de bloco”, no qual era usado um bloco de madeira entalhada para imprimir uma única página de um único texto.
O homem e a escrita
A escrita melhora a comunicação humana, possibilitando ganhos em relação à comunicação oral ou por meio dos monumentos. A mensagem adquire durabilidade, profundidade e clareza, podendo ser lira, relida, criticada e modificada a qualquer tempo. O homem utiliza a escrita para documentar seus feitos e conquistas. A escrita impulsiona o desenvolvimento das artes, da literatura e da ciência.
A partir da escrita, a sociedade passa a acumular conhecimento e pode reunir experiências do passado para difundir entre a sociedade vigente. O homem também pode descrever o presente, sem que as informações se percam.
Porém, as classes dirigentes percebem o poder da escrita e a monopolizam. Após a queda do Império Romano (que ocorre com a invasão bárbara, 480 a.C.), a igreja guarda os escritos nos monastérios.
Durante mil anos, praticamente reduzida à forma latina, a escrita será o instrumento da reconstrução do Ocidente sob o monopólio do cristianismo.
A civilização medieval na Europa não é manuscrita porque esta é monopolizada pela classe sacerdotal. A igreja vigia o que é escrito e pune idéias contrárias à ordem estabelecida.
Na Idade Média ocorre o acúmulo de volumes manuscritos, bulas, editais papais, ordenações jurídicas. Havia também obras clandestinas literárias, políticas e científicas que escapavam dos censores e inquisidores.
A leitura era um fenômeno coletivo, já que os livros pertenciam a bibliotecas (as bibliotecas foram criadas em 323 a.C. e os bibliotecários eram gramáticos famosos que corrigiam e catalogavam os textos); lia-se em voz alta como atividade grupal; o livro impresso permite a posse individual, estimula a reflexão e a crítica do leitor, levando o indivíduo a usar mais a razão. “O racionalismo neutraliza a fé e contribui para o amplo desenvolvimento cultural do homem”.
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